O irmão da vereadora Lari Bortolote Marcon (Republicanos) teve uma arma apontada para a cabeça após levar o dinheiro do resgate exigido pelos criminosos que estavam em poder da parlamentar, nesta segunda-feira (22), na Linha Vermelha, altura do bairro São Francisco de Assis, em Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Estado. Agentes da Polícia Civil estavam de campana acompanhando toda a negociação e conseguiram deter os bandidos.
A vereadora foi sequestrada na manhã de segunda-feira enquanto estava na propriedade da família dela, em Rio Novo do Sul. Dois criminosos chegaram de carro, amarraram o pai dela e um funcionário, e levaram a vítima para um cativeiro em Recanto do Sol, Anchieta. Por medo, os parentes não acionaram a polícia, mas o caso chegou ao conhecimento das autoridades, que começaram a monitorar o sequestro.
"Começaram a contatar com o irmão da vítima fazendo exigência de que fosse entregue R$ 250 mil para libertação da vereadora. Eles começaram uma negociação e ele não tinha esse valor, que foi reduzindo até que chegou aos R$ 100 mil. A família não queria a intervenção da polícia, até com receio de que algo pudesse acontecer com a vítima, mas tomamos conhecimento desse fato, e por se tratar de um crime de ação penal pública incondicionada, nós paralelamente iniciamos nossas investigações", disse o delegado Faustino Antunes, superintendente de polícia regional Sul.
Os sequestradores marcaram um encontro com o irmão da vítima na Linha Vermelha. Ele foi até lá de carro, levando os R$ 100 mil, e não imaginava que a polícia já estava sabendo e havia montado uma campana na região.
A arma que estava com os bandidos, um revólver de calibre 38, foi apreendida. Os suspeitos têm 17 e 18 anos, e, segundo a polícia, fazem parte de uma quadrilha que comanda o tráfico de drogas de Cachoeiro de Itapemirim, com intenção de expandir os negócios para Rio Novo do Sul, cidade da vereadora. O dinheiro, de acordo com as investigações, seria utilizado para "investir" na organização criminosa.
Às 22h, o cativeiro da vereadora foi descoberto e ela foi resgatada sem nenhum ferimento. Os dois criminosos que estavam com Lari na casa conseguiram fugir, pulando pelo telhado, mas já foram identificados. Eles também fazem parte da facção de Cachoeiro, e estão sendo procurados. Todos os quatro, segundo as investigações, têm passagem por tráfico e homicídio.
Apesar de não conseguir especificar há quanto tempo, o delegado Faustino revelou que a casa onde a vereadora ficou tinha sido alugada recentemente por um dos bandidos que está foragido.
Dentro da residência, havia vasto material ilícito. Tudo indica que eles estavam aproveitando o local para armazenar drogas e armas da quadrilha. Ao todo, foram apreendidos: uma pistola 9mm, uma espingarda de calibre 12, uma submetralhadora, balança, 22 tabletes e meio de maconha, crack, pinos de cocaína e dinheiro.
Lari contou que, ao ser rendida, foi colocada no banco de trás do carro e recordou que os bandidos andaram por um longo tempo até chegarem à casa em Anchieta, onde ela foi mantida em cativeiro dentro de um dos quartos, desamarrada. Ela relatou que os criminosos lhe entregaram comida e diziam que não fariam nada com ela.
“Me colocaram num quarto e ficaram na sala, assistindo televisão. Me deram água e pão. No final da novela Pantanal, o sequestrador viu que a polícia chegou. Eu abaixei e só esperei, com medo de tiro, alguma coisa do tipo. Eles fugiram e a polícia entrou e me resgatou”, relembrou.
A vereadora disse, ainda, que se emocionou ao ver a equipe da Polícia Civil e agradeceu os agentes que a resgataram: "Não sei nem explicar a sensação, porque parecia que eu estava nascendo naquele momento. Tenho muito a agradecer à equipe da Polícia Civil. Sem eles (policiais), eu acho que eu não estaria aqui agora, agradecer a Deus também, minha família, meus amigos, todo mundo que torceu para mim".
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