O assassinato de Fernando de Oliveira Reis, conhecido como Fernando Cabeção, foi planejado por pessoas próximas a ele. De acordo com informações passadas nesta segunda-feira (20) pela Polícia Civil, amigos de infância e um irmão dele participaram do crime, cometido em junho do ano passado no bairro Itapuã, em Vila Velha.
À frente da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, o delegado Tarik Halabi Souki explicou que o crime começou a ser planejado após uma desavença devido a novas regras que Cabeção implementou no tráfico de drogas da região de Guaranhuns, no mesmo município.
O irmão da vítima, que tem 42 anos, foi preso na última sexta-feira (17) no bairro Columbia, em Colatina. Escondido no interior, ele comandava o tráfico de drogas da região de Guaranhuns desde o homicídio — a polícia divulgou imagem aérea do bairro (veja abaixo). As investigações apontaram que ele foi o principal mentor do assassinato. O nome dele não foi divulgado.
Além do irmão de Fernando Cabeção, outros dois suspeitos, de 22 e 28 anos, foram detidos no mesmo dia, em Vila Velha: um no bairro Guaranhuns e outro em Xuri. Os três estão presos temporariamente por 30 dias. Já outros seis suspeitos de envolvimento no crime continuam soltos, com mandado de prisão em aberto.
No dia do crime, Fernando Cabeção saiu de Vitória, onde morava, para ir a um churrasco na casa do pai, em Guaranhuns. “Ele estava sendo vigiado e, quando saiu, passou a ser perseguido por cinco indivíduos, três de carro e dois de moto, até parar em um semáforo da Terceira Ponte, onde foi cercado”, contou Tarik.
De acordo com o delegado, a vítima levou cerca de 15 tiros. Em seguida, os executores fugiram e incendiaram o automóvel usado por eles. “Além deles, três ajudaram a vigiar, sendo os mentores intelectuais, e um foi responsável por conseguir os veículos utilizados no homicídio”, disse.
O carro em que a vítima estava era um BMW, dirigido pela esposa de Fernando Cabeção. O casal foi cercado na Avenida Doutor Olívio Lira (antiga Avenida Carioca), na altura do Shopping Praia da Costa. O traficante não resistiu aos tiros, e a mulher sofreu alguns ferimentos em consequência dos estilhaços de vidro.
No dia 24 de março de 2003, o juiz Alexandre Martins de Castro Filho, de 32 anos, foi assassinado com três tiros quando chegava a uma academia, no bairro Itapuã, em Vila Velha. O magistrado integrava uma missão especial federal que, desde o ano anterior, investigava ações do crime organizado no Espírito Santo.
No total, dez pessoas foram acusadas de participar do crime, entre elas o Fernando Cabeção, que foi apontado como um dos intermediários. Após a confirmação da morte dele em junho de 2020, o pai do juiz comentou o ocorrido e disse que "todo o óbito é lamentável, mas que ele recebeu o que merecia".
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