Luan Gomes Faria, o Kamu, um dos "Irmãos Vera" preso em Vitória nesta sexta-feira (24) e segundo bandido mais procurado do Estado, se escondia no Complexo de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro. Mas ele não ficava lá de graça: de acordo com a polícia, o criminoso capixaba precisava pagar uma taxa para o tráfico local. Na última semana, ele veio para o Espírito Santo recolher dinheiro do tráfico e acabou localizado.
"Há anos ele fica mais tempo no Rio de Janeiro do que aqui. Na semana passada ele veio em decorrência dessa guerra do tráfico: veio pegar um bom dinheiro, estava fazendo o 'recolhe', que é quando passam em várias bocas de fumo para pegar dinheiro. Não era ele a pessoa que passava nas bocas, ele não saía da casa. Mas ele iria levar um bom dinheiro para a Maré, já que lá ele pagava semanalmente uma taxa para o tráfico local, para ficar escondido", detalhou o delegado Romualdo Gianordoli, superintendente de Polícia Especializada (SPE).
Luan foi preso em uma casa no bairro Nova Palestina, na Capital. Ele era chefe da facção Terceiro Comando Puro (TCP), que coordena a venda de drogas nos bairros Tabuazeiro, Conquista, Cruzamento, Itararé, Nova Almeida e também em localidades do interior do Estado.
No momento da prisão ele foi pego de surpresa, pois estava dormindo. Na casa havia um fuzil e mais de 200 munições. Cerca de sete pessoas estavam na residência, entre elas uma criança. De acordo com apuração da repórter Daniela Carla, da TV Gazeta, a polícia vai investigar se os adultos presentes tinham participação no crime e se sabiam que estavam escondendo um foragido da Justiça.
Chamou a atenção da polícia nenhum segurança de Luan estar no local. Mas eles apareceram depois, quando o comboio já estava saindo. "Cruzamos com um dos veículos monitorados e começou uma perseguição. Quando esses indivíduos se aproximaram de uma região de mangue, eles desembarcaram e efetuaram disparos. Um deles fugiu, mas conseguimos prender duas pessoas", relatou o delegado Alan Andrade, do Centro de Inteligência e Análise Telemática (CIAT).
De acordo com o coronel Alexandre Ramalho, secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, a guerra do tráfico entre TCP e o Primeiro Comando de Vitória (PCV) se acirrou após um racha. "O TCP de Vitória tem ligação com o TCP do Rio de Janeiro e o PCV com o Comando Vermelho do Rio de Janeiro. Embora essa guerra no Rio seja muito forte, aqui eles conviviam pacificamente. Em determinado momento eles romperam por questões do tráfico, desavenças entre eles, e estourou essa guerra que a gente tem acompanhado."
Mesmo de longe, Luan comandava ataques. "Quantas ordens ele deu de ataque a ônibus, ataque contra criminalidades (rivais), de disparo sem nenhum alvo específico... Tudo demonstrando sua covardia, seu ímpeto de morte. Dessa residência (em Nova Palestina), ele não estava saindo, mas continuava articulando toda a questão do ataque, da rivalidade das organizações criminosas", disse Ramalho.
Em outubro deste ano, o irmão de Luan, Gabriel Gomes Faria foi capturado. Ele era apontado como responsável por orquestrar ataques da facção. Mas afinal, por que "Irmãos Vera"? Entenda abaixo:
Bruno Gomes Faria, o Nono; Luan Gomes Faria, o Kamu; e Gabriel Gomes Faria, o Buti, são os criminosos conhecidos como 'Irmãos Vera'. O nome é em homenagem à mãe dos três. Em Vitória, eles estão na mira da polícia há tempos: Bruno e Gabriel têm um mandado de prisão em aberto cada; já Luan, conta com sete mandados.
"Os irmãos estão envolvidos diretamente na guerra do tráfico de Vitória, que se estende por vezes no interior. Articulam inúmeras ações com presos do sistema prisional. São criminosos contumazes que trazem esse transtorno imenso para a Segurança Pública do Estado", revelou o coronel Alexandre Ramalho em outubro deste ano.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta