A família de Murilo Costa Felix Oliveira, de 14 anos, jogador de futebol de equipe sub15 que morreu após ser baleado na cabeça em Cariacica, decidiu doar os órgãos do adolescente. A informação foi confirmada ao g1 ES pelo médico que acompanhava o paciente, internado desde o último dia 21 no Hospital Infantil de Vitória.
"Era por volta de 18h quando a família foi comunicada. O pai resolveu doar os órgãos e captação começou ontem (quarta) mesmo. Ainda é cedo para dizer quais órgãos serão doados", explicou o médico ortopedista e traumatologista José Carlos Gomes, em entrevista ao g1 ES.
A família disse para o médico disse que o enterro de Murilo está previsto para a manhã desta sexta-feira (27), no cemitério Parque da Paz, em Cariacica. O Porto Vitória, time capixaba do qual o jovem fazia parte, lamentou a morte do jogador nas redes sociais. Veja abaixo:
Murilo foi baleado na noite do último sábado (21). Na ocasião, o amigo dele, de 15 anos, contou aos policiais que os dois estavam em sua casa quando ele pegou um revólver calibre 38 que estava guardado no cofre do quarto do pai, mostrando ao menor de 14 anos, que acabou disparando contra si ao manusear a arma. O menino foi levado ao Hospital Infantil de Vitória.
O adolescente de 15 anos foi conduzido à Delegacia Especializada de Adolescentes em Conflito com a Lei (Deacle). Segundo a Polícia Civil, "a autoridade policial analisou os fatos conforme os relatos apresentados e as circunstâncias da condução do adolescente, constatando que a versão apresentada pelo conduzido não correspondia com a realidade, sobretudo em virtude de contradição em suas declarações, além do fato, o estojo da munição foi suprimido da cena e os policiais militares que atenderam a ocorrência consideraram o ferimento da vítima incompatível com a versão apresentada pelo conduzido".
Diante disso, o rapaz foi autuado por ato infracional semelhante à tentativa de homicídio e encaminhado ao Centro Integrado de Atendimento Socioeducativo (Ciase).
Os nomes do amigo do adolescente e do bairro onde o caso não estão sendo informados para preservar a identidade do menor de 15 anos, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (Ecriad).
O delegado Fábio Pedroto, titular da Delegacia Especializada no Adolescente em Conflito com a Lei (Deacle), que investiga o caso, conversou com a reportagem de A Gazeta. Ele disse que mais pessoas podem ser responsabilizadas ao longo das apurações.
Ele explicou, por exemplo, que, após o ocorrido, outros adolescentes estiveram na casa. "Possivelmente, chamados pelo menor que está internado (no Ciase) e é apontado como autor do fato. Eles já foram identificados e serão chamados para prestar declarações, sobre como eles tomaram conhecimento do ocorrido, e por isso foram ao local”, disse.
Celulares apreendidos
Além de coletar os depoimentos, Pedroto disse que apreendeu três celulares: um do adolescente de 15 anos (apontado como autor do disparo), um do jovem de 14 anos baleado e morto, e um terceiro que estava na casa, ainda sem identificação. Os três aparelhos, segundo ele, serão periciados.
Imagens de câmeras serão analisadas
O delegado afirmou ainda que o equipamento de armazenamento de imagens do prédio também foi apreendido, para serem extraídos outros dados que possam colaborar com o entendimento do caso. “Nós também já requisitamos as gravações de acionamento do Ciodes e do Samu/192, para compreendermos em que momento foi feito o acionamento após o jovem ser baleado, e se esse momento foi muito depois do acontecido, ou foi logo depois. Estamos trabalhando com todas as possibilidades”, destacou Pedroto.
Projétil está com a polícia
O projétil (a bala) que atravessou o crânio de Murilo não havia sido encontrado pela Polícia Civil, inicialmente. No entanto, o delegado disse para A Gazeta que ele foi encontrado posteriormente alojado em um aparelho de ar-condicionado, e recolhido pela perícia para serem feitas as análises necessárias.
Arma em situação irregular
A arma de fogo de onde partiu o disparo, que seria do pai do amigo de Murilo, o adolescente de 15 anos, foi adquirida de forma irregular e estava em situação ilegal, segundo o delegado. Não havia registro do equipamento no nome do pai do garoto, e, agora, a Polícia Civil tenta identificar o verdadeiro proprietário para descobrir como o armamento foi parar nas mãos da família do menor – se houve um extravio, furto, ou se essa arma foi vendida pelo real proprietário.
Por fim, o delegado destacou que a polícia seguirá em diligências e vai aguardar os resultados dos trabalhos da perícia da Polícia Científica (PCIES).
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