Um homem de 25 anos morreu, na madrugada da última terça-feira (4), após uma confusão com policiais militares durante o final de um evento carnavalesco na Barra do Jucu, em Vila Velha. Segundo a corporação, o jovem teria xingado os agentes e tentado tomar a arma de um deles. Houve tumulto e o rapaz chegou a lutar com um dos militares. Ele foi detido e levado para o hospital, já que estava com escoriações pelo corpo, mas não resistiu.
A vítima foi identificada como Diego Cajueiro, que já trabalhou como gari. A presidente Sindilimpe/ES, Evani dos Santos, contou à reportagem que ele havia saído do emprego em novembro do ano passado, mas que estava em busca de uma nova oportunidade na área de limpeza.
"Conversávamos, e ele me pediu ajuda para voltar a trabalhar. O velório foi muito dolorido. Muitos familiares e amigos estiveram presentes. Era um menino muito bom”, contou. O enterro aconteceu às 13h desta quarta-feira (5) em um cemitério municipal em Ponta da Fruta, no mesmo município.
De acordo com a Polícia Militar, tudo começou com um patrulhamento, por volta das 22h de segunda-feira (3), horário em que eventos de carnaval já não eram mais permitidos. Segundo a corporação, um grupo de sete pessoas estava perto de barracas, na praça, e Diego teria xingado um dos militares.
"Devido ao crime de desacato, os militares desembarcaram da viatura e caminharam na direção do suspeito, que estava junto ao grupo, visivelmente alterado. Foi dada voz de abordagem ao indivíduo, porém ele e outros três suspeitos se deslocaram na direção da equipe. Um deles desferiu chutes e socos contra um dos militares que tentava repelir a agressão através de técnicas de imobilização. Simultaneamente, o suspeito de 25 anos se deslocou na direção de outro militar e também desferiu chutes e socos contra o PM, que fez uso da força e do bastão para repelir a agressão", declarou a PM.
No meio da confusão, a PM disse que Diego teria tentado pegar a arma de um dos policiais e, em seguida, teria lutado com outro militar. "O policial foi agredido no rosto, gerando uma lesão próxima aos olhos. O indivíduo também tentou se apropriar e sacar a arma deste militar, porém sem sucesso, visto que o armamento estava devidamente coldreado. Neste momento, o outro policial, vendo a situação, se aproximou e utilizou o bastão para impedir as agressões contra o colega de serviço. Em seguida, o indivíduo foi imobilizado pelos dois militares", afirmou a PM.
Gisele Cajueiro, de 27 anos, cuidadora de idosos e irmã da vítima, presenciou toda a confusão e contou que foi ao local curtir a folia junto ao irmão e marido. A cunhada e outros amigos também participavam do evento. Em certo momento, uma viatura da Polícia Militar com quatro militares teria passado por eles e um dos PMs teria xingado o marido dela, um barbeiro de 25 anos. Ele então teria revidado as ofensas e, logo depois, a viatura retorna em direção a eles.
“O policial que xingou veio em direção ao meu marido e deu um tapa na cara dele. A reação do meu marido foi ir para cima do policial, que caiu após receber dois socos. Em seguida, um segundo policial tentou acertar meu marido com um cassetete”, disse.
Segundo ela, foi nesse momento que Diego se envolveu e começou a troca de agressões. Os militares teriam disparado balas de borracha contra o marido de Gisele, que estava de costas e foi atingido. “Meu marido saiu correndo em direção a praça e meu irmão foi pela calçada. Um dos policiais foi até o meu irmão, algemaram ele e levaram para trás de uma Kombi”, descreveu.
Devido à confusão generalizada, Gisele se perdeu. Em um momento em que ela já não estava próxima ao irmão, uma testemunha contou que um dos policiais foi até Diego, o algemaram, o levaram para trás de um carro e começaram a agredi-lo.
“O laudo da morte apontou traumatismo craniano e hemorragia intracraniana. Ele teve apenas ferimentos na cabeça e nenhuma no corpo. Meu irmão estava errado por revidar, mas ele já estava algemado e imobilizado. Não precisava de tanta violência”, finalizou.
Ainda segundo a familiar, em meio ao tumulto os policiais usaram gás lacrimogêneo e deram tiros de bala de borracha para dispersar a multidão (veja no vídeo acima). Diego, que estava com escoriações pelo corpo, foi levado para o hospital. Já na unidade de saúde, ele não resistiu e morreu.
A Polícia Civil informou, em nota, que só após exames é que será possível confirmar a causa da morte do jovem. "O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), da Polícia Científica, para ser identificado e para ser feito o exame cadavérico. As circunstâncias do fato serão investigadas", completou a corporação.
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