Com informações de Mário Bonella, da TV Gazeta
Dois jovens capixabas e um paranaense foram presos por tráfico internacional de drogas em um aeroporto do Catar, país que não tolera esse tipo de crime e prevê até pena de morte para traficantes. Os jovens seguem presos desde 2 de janeiro de 2020, quando foram abordados, cada um, com cerca de três quilos de cocaína. Segundo especialistas, o governo brasileiro não tem obrigação de ajudar, mas grupos de Direitos Humanos podem tentar converter a pena de morte em prisão perpétua.
Tudo teve início quando a polícia encontrou cocaína nas malas dos brasileiros no desembarque do aeroporto de Doha, no Catar. Cada um deles estava com três pacotes da droga, com pouco mais de 3 quilos em cada um. Os entorpecentes estavam escondidos em um fundo falso das malas.
Os capixabas foram identificados como Hosana Martinelli Porpino e Ioanys José Goobl Alavrenta. Já a paranaense, chama-se Francini Zanco. Eles pegaram um vôo no aeroporto de Garulhos, em São Paulo, no começo do ano. O destino era Bangkog, na Tailândia. Mas o avião fez uma escala no Catar, no dia 2 de janeiro, onde eles foram abordados pela polícia e tiveram as drogas encontradas. Os brasileiros acabaram detidos.
O governo do Catar divulgou a notícia nas redes sociais. Já a Polícia Federal do Espírito Santo abriu um inquérito para investigar se há outros brasileiros envolvidos no caso.
Em relação aos três que foram presos, a polícia aqui afirma que eles vão responder pelo crime de acordo com a lei o do Catar, que para tráfico de drogas é muito mais rigorosa do que a lei brasileira.
"Eles podem pegar a pena de morte, se não for pena de morte, a prisão perpétua, que é pena para tráfico de drogas. Normalmente, existe muita pressão internacional no campo dos Direitos Humanos para evitar a pena de morte e transformar, quando for o caso, em prisão perpétua", explicou a advogada Stella Emery.
Francini Zanco tem 26 anos. A família dela é da cidade de Pato Branco, no Paraná e disse que não vai comentar o caso. Hosana Martinelli Porpino é do Espírito Santo e tem 25 anos. O pai dela afirmou que também não quer falar sobre o assunto. Outro capixaba é Ioanys, de 26 anos. A mãe dele fez uma postagem na redes sociais dizendo que estava à procura do filho.
A mãe de Ioanys mora em Cariacica. Sem querer ser identificada, ela afirmou o filho ligou uma vez para uma irmã depois que foi preso, mas nunca mais entrou em contato com a mãe.
"A gente chora, a gente ora, a gente bota o joelho no chão e pede. Eu peço muito ao senhor proteção para ele, mas o que a gente quer mesmo é o filho perto da gente, porque eu vou saber que ele está vivo, porque até então eu não tenho certeza, eu não tenho uma foto dele, uma voz dele conversando comigo... Tenho muito medo de eu nunca mais ver ele", afirmou a mãe.
A advogada Stella Emery, professora de Direito Internacional, afirma que o Governo brasileiro não tem nenhuma obrigação de pagar um advogado para defender os acusados.
"Então, o que o governo brasileiro, através do Ministério de Relações Exteriores, pode fazer é informar a família o passo a passo do que está acontecendo. Não tem nenhuma obrigação legal, porque a relação é privada. Foram eles que resolveram sair do país com drogas. Então, não é uma relação que o governo brasileiro tenha algum tipo de tutela, algum tipo de cuidado" , explicou.
O Ministério das Relações Exteriores informou que acompanha o caso, mas devido ao direito à privacidade dos envolvidos, não pode fornecer mais informações.
O delegado da Polícia Federal está aguardando que a polícia do Catar envie mais informações sobre a investigação e os interrogatórios dos brasileiros. Ele diz que, geralmente, por trás das pessoas presas no aeroporto com cocaína, estão quadrilhas organizadas que fazem o tráfico internacional.
"As pessoas que são cooptadas, que são arregimentadas pela quadrilha, normalmente, são levadas a acreditar que vão ganhar um dinheiro fácil, mas os riscos são muitos. Ninguém apresenta os riscos. Porém todos os dias pessoas são presas, algumas morrem nessa tentativa de fazer o tráfico internacional outras acabam se tornando uma espécie de refém da quadrilha por estarem devendo ou então por qualquer outro motivo e passam a ter que agir de acordo com o comando das quadrilhas", afirmou.
A advogada especialista em Direito Internacional disse que, em alguns casos, a pena de morte é convertida em prisão perpétua, devido a pressão de grupos de Direitos Humanos. Em casos mais raros, os condenados podem ficar presos por cerca de 20 anos e, dependendo de cada situação, há uma possibilidade de serem deportados para o país de origem.
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