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Juiz concede liberdade a major da PM que foi preso por briga na saída de boate

Juiz concede liberdade a major da PM que foi preso por briga na saída de boate

O major passou por uma audiência de custódia na manhã deste domingo (4). Imagens mostram o homem batendo em um soldado, já caído, no meio da rua, em Vitória

Publicado em 4 de junho de 2023 às 14:35

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Marcos Vinicius Mattos Gandini, o major da Polícia Militar que foi  preso depois de se envolver em uma briga com um soldado da corporação, na madrugada do último sábado (3), na Praia do Canto, em Vitória, passou por audiência de custódia na manhã deste domingo (4) e recebeu a liberdade provisória sem fiança. 

Ele estava detido no Quartel do Comando Geral (QCG) da PM, em Maruípe, na Capital, desde a prisão. Conforme consta na audiência de custódia, o Ministério Público e a defesa do major se manifestaram favoráveis à liberdade do policial. Ele foi autuado duas vezes por agressão e ameaça, e uma vez por desobediência e desacato. 

O juiz que concedeu a liberdade destacou que os elementos da ocorrência e os colhidos pelo magistrado, através do contato pessoal durante a audiência de custódia, indicam que a liberdade do policial não oferecia risco à ordem econômica e pública, visto que é réu primário e possui residência fixa, ocupação lícita, e não houve representação por parte da autoridade policial e requerimento do Ministério Público pela decretação da prisão preventiva do major.

Major ameaçou e agrediu soldado na saída de boate em Vitória
Major ameaçou e agrediu soldado na saída de boate em Vitória. (Leitor | A Gazeta)

O policial precisará seguir uma série de medidas cautelares, entre elas não poder sair da Grande Vitória sem prévia autorização do juiz natural da causa; comparecimento a todos os atos do processo, devendo manter endereço atualizado; proibido de frequentar bares, boates, prostíbulos e assemelhados; proibição de frequentar o local dos fatos e de manter qualquer tipo de contato ou aproximação das vítimas.

Caso descumpra qualquer dessas condições poderá ter decretada sua prisão preventiva.

Quem é o major

Marcos Vinicius Mattos Gandini se apresenta nas redes sociais como médico e pós-graduado em psiquiatria.

De acordo com o Portal da Transparência do Espírito Santo, ele é efetivo da Polícia Militar desde 1998 e, no mês de maio, recebeu mais de R$ 22 mil brutos.

Atualmente, ele é chefe de Operações do Comando de Polícia Ostensiva Metropolitana (Copom) - Ciodes.

Polícia Militar foi procurada pela reportagem na manhã deste domingo (8) para atualizar sobre os procedimentos a serem adotados pela corporação neste caso e respondeu à tarde. Segundo a corporação, o major foi lberado mediante alvará de soltura e que será instaurado um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar as condutas e responsabilidades dos militares envolvidos no evento.

A defesa do major também foi procurada, mas não quis se manifestar neste domingo (4). 

Entenda a confusão

O major foi preso depois de se envolver em uma briga com um soldado da corporação, na madrugada de sábado após sair de uma boate na Praia do Canto.  O soldado precisou ser atendido no hospital por conta dos ferimentos. Já o major foi autuado em flagrante e encaminhado ao presídio no QCG da PM.

Vídeos enviados por leitores ao site A Gazeta mostram o momento em que o major, de camisa azul na imagem, dá vários socos no soldado, que está machucado e caído no chão.  Pelas imagens, também é possível ver um homem de camisa verde, que seria instrutor de tiro e amigo do soldado, tentando separar a briga. Outro registro mostra o major ameaçando o instrutor, dizendo, inclusive, que iria matá-lo.

Segundo o boletim da Polícia Militar (PM), a ocorrência teve início dentro de uma boate da região. Contudo, o major e o soldado dão versões diferentes para os acontecimentos. 

Na versão do major, ele teria ido embora da boate logo após a mulher ser assediada pelo soldado. Segundo o relato, o casal se deslocou até a Avenida Saturnino de Brito para pegar um táxi e, neste momento, dois indivíduos teriam aparecido — incluindo o militar — e apontaram uma arma na direção dele.  Não está registrado o porquê de o casal ter sido rendido.

Na tentativa de desarmar o soldado, o major conta que entrou em luta corporal. De acordo com o boletim, o militar do baixo escalão posteriormente acabou desarmado pela mulher do major, que caiu no chão e sofreu lesões nos braços e nas pernas. 

O major também alegou, no atendimento da ocorrência, que uma pessoa aplicou um golpe gravata, que quase o deixou desacordado, causando-lhe lesão na orelha e mãos. Com os dois militares, foram apreendidas armas, carregadores e munições.

A versão do soldado

O repórter André Falcão, da TV Gazeta, esteve no DPJ de Vitória pela manhã e conversou com policiais e testemunhas. O soldado, que precisou ser atendido no hospital por conta dos ferimentos, deu outra versão da história. De acordo com ele, o major teria sido expulso da boate por causa de uma discussão com a esposa. Já do lado de fora, tentou separar a briga, quando começou a ser agredido pelo oficial.

Testemunhas contaram que, após a confusão, o major foi para a delegacia, onde chegou transtornado. Ele também teria ido antes ao hospital, para fazer novas ameaças ao soldado. Por volta das 10h deste sábado, a mulher do major ainda tentou ir embora da delegacia, sem autorização.

Corregedoria vai analisar caso

Em nota enviada no sábado, a Polícia Militar havia informado que a ocorrência foi acompanhada pelo comandante do 1° BPM, na Delegacia Regional de Vitória. "Ao término dos procedimentos, todos os envolvidos serão encaminhados à Corregedoria da PMES para prestarem novos esclarecimentos, quando será realizada a análise das versões, individualização das condutas e adotadas as medidas administrativas e/ou criminais cabíveis", pontuou.

Na noite de sábado, a corporação disse que os procedimentos na Corregedoria ainda não tinham sido finalizados. Por esse motivo, não havia mais informações a respeito da apuração administrativa dos fatos.

"Uma cópia do procedimento do flagrante será encaminhada à Corregedoria da PM para apurar possíveis infrações administrativas ou crimes militares. O soldado foi qualificado como vítima na ocorrência", ressaltou a corporação.

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