O Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES) denunciou que partiu da Polícia Militar o disparo que matou o aposentado Nelson Antônio Ghisolfi, de 66 anos, morto por uma bala perdida enquanto participava de um culto em casa, em Cariacica Sede, no dia 27 de junho de 2018. Após a denúncia, a Justiça determinou nesta sexta-feira (19) que dois dos policiais sejam suspensos da PM, além de terem suas armas apreendidas.
O Ministério Público atribuiu aos policiais Fábio Braga Araújo e Jesse de Oliveira Soares os homicídios qualificados de Renan Xavier da Silva, que foi perseguido pela polícia durante um confronto com traficantes, e Nelson Antônio Ghisolfi, que foi vítima de bala perdida. Eles também são acusados de fraude processual.
Em relação aos policiais Felipe Klabunde Capetini dos Santos e Gildo José Zambi Júnior, também denunciados, a juíza da 4ª Vara Criminal de Cariacica, Eliana Ferrari Siviero, pediu ao MP mais provas contra eles.
Segundo consta dos autos, os denunciados Fábio Braga Araújo e Jesse de Oliveira Soares, em tese, com a intenção de matar, teriam perseguido a vítima Renan da Silva Xavier, o qual teria adentrado em uma residência, na qual, em tese, os denunciados Fábio Braga Araújo e Jesse de Oliveira Soares o teriam executado. Consta ainda que, durante a perseguição à vítima Renan da Silva Xavier, os denunciados Fábio Braga Araújo e Jesse de Oliveira Soares efetuaram vários disparos de armas de fogo contra a referida vítima, e, assumindo o risco de matar, teriam ceifado a vida da vítima Nelson Antônio Ghisolfi, descreveu a juíza em sua decisão.
Com base nas denúncias, a juíza decidiu que não era necessário prisão preventiva. Mas, por medida de cautela, exigiu a suspensão do exercício da função pública junto à PM, além da suspensão do porte de armas de fogo de Fábio e Jesse.
Além disso, a decisão proíbe que os dois saiam da Região Metropolitana do Estado por mais de oito dias sem prévia autorização do juízo; que mantenham contato por qualquer meio com as testemunhas e familiares das testemunhas envolvidas na denúncia, mantendo delas a distância mínima de mil metros; recolhimento noturno entre 20 horas e 6 horas; entrega de qualquer documento de identificação funcional ao Comando Geral PM e Proibição de portar, transportar ou manter sob guarda armas de fogo.
A dona de casa Maria Helena dos Santos, 69 anos, mulher de Nelson falou com a reportagem sobre a decisão. Ela contou que já esperava o posicionamento da Justiça.
"Não foi surpresa pra mim. Eu tinha certeza que isso ia acontecer, só que estava demorando a resposta, quase quatro meses. Meu coração ficou um pouco aliviado porque eu estava sem saber de nada, abandonada. Agora pelo menos eu estou vendo a resposta. Agora entreguei na mão de Deus e do advogado".
A reportagem tentou contato com a advogada citada no processo, mas não houve retorno.
O CASO
Um idoso morreu com um tiro de bala perdida no peito no momento em que participava de um culto com amigos dentro de casa, no bairro Morro Novo, em Cariacica. Nelson foi baleado por volta das 20h30 durante uma troca de tiros entre traficantes da região e policiais militares.
O confronto entre PMs e criminosos começou após um pedido de reforço feito por um policial militar de folga, que estava em um bar do bairro. Ele teria sido avisado por um dos clientes para "vazar" do estabelecimento já que traficantes da região tinham reconhecido o PM.
Para se resguardar, o policial pediu reforço da Força Tática da PM para deixar o local em segurança, já que estava sob ameaça. No momento da chegada dos policiais militares, mais traficantes também chegaram ao local, o que deu início ao confronto e a troca de tiros. Um dos suspeitos de atirar contra os policiais, identificado como Renan Xavier da Silva, 24 anos, foi atingido durante a troca de tiros e morreu.
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