O inquérito que investigava a acusação de roubo pelo entregador de lanches Isaque Rezende de Araújo, de 26 anos, morador do bairro Estrelinha, em Vitória, foi arquivado pela Justiça do Espírito Santo. Na ocasião, em dezembro de 2020, a família e o próprio Isaque contestaram a versão dos policiais militares de que ele teria assaltado duas mulheres, resistido à abordagem e atirado contra os PMs. Isaque acabou baleado na perna.
A investigação da corregedoria da corporação apontou indícios de crime na conduta dos militares. A Justiça entendeu que não havia provas para justificar as alegações dos PMs, que prenderam o motoboy por tentativa de homicídio e resistência à prisão. Na decisão, a juíza Lívia Regina Savergnini Bissoli Lage decidiu pelo arquivamento do caso.
Em depoimento à Polícia Civil, os militares envolvidos na ocorrência alegaram que duas mulheres chamaram a viatura, pois estariam sendo roubadas por Isaque e logo depois começaram a perseguição. Eles disseram ainda que, na fuga, o motoboy teria atirado contra eles, e que por isso, reagiram.
Entretanto, no documento da corregedoria, consta que não foram encontrados vestígios nas mãos do motoboy de que ele teria realmente atirado e a suposta arma nunca foi encontrada. Além disso, parte dos materiais que estavam com Isaque não foram devolvidos à família, como os lanches que ele saiu pra entregar, parte do dinheiro e o capacete.
Um outro detalhe que chamou a atenção é que um soldado da PM, que consta como motorista da viatura, afirmou que estava bem próximo a moto de Isaque e disse que ouviu os disparos da arma dele em direção aos agentes, porém, na página seguinte do depoimento, o mesmo militar disse que não conseguiu ver a arma.
O relatório final da corregedoria da PM, assinado pelo coronel Moacir Leonardo Vieira Barreto Mendonça, concluiu que há indícios da prática de crime militar e transgressão da disciplina militar na conduta dos quatro soldados que participaram da abordagem a Isaque.
O documento foi encaminhado à Justiça Militar, mas os policiais foram mantidos em serviço. O advogado da família de Isaque, Siderson Vitorino, fez uma notícia-crime na Justiça Militar contra os PMs, por tentativa de homicídio, tortura, roubo, associação criminosa, omissão de socorro e fraude processual.
Com informações de Aurélio de Freitas, da TV Gazeta
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