A Justiça mandou prender Felipe Silva de Almeida, de 28 anos, principal suspeito da morte da ex-mulher Aline Ribeiro da Rosa, de 35. O crime aconteceu no domingo (21), na calçada de uma mercearia do bairro Fátima, em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, e foi registrado por uma câmera de segurança. As imagens mostram que a vítima sofreu diversos disparos à queima-roupa, contabilizando 27 perfurações pelo corpo.
O mandado de prisão temporária foi expedido ainda na segunda-feira (22), pelo crime de homicídio qualificado por motivo fútil, com recurso que impossibilita a defesa da vítima e por razões da condição de sexo feminino (feminicídio). A foto de Felipe foi confirmada pela família da vítima, para a reportagem da TV Gazeta Norte.
Em nota, a Polícia Civil disse que "o caso segue sob investigação da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Aracruz. Até o momento, nenhum suspeito foi detido e detalhes da investigação não serão divulgados, no momento".
No vídeo que flagrou o crime é possível ver uma reunião de pessoas em frente à mercearia, na calçada. O suspeito, de camisa azul clara, chega e conversa com a vítima. Em determinado momento, ele retira a arma da cintura e dispara várias vezes. Depois, ele foge de carro.
Aline deixou três filhos, de 1, 4 e 15 anos, e foi enterrada no Cemitério Municipal do bairro Jardim Colina, na tarde de segunda-feira (22), sob pedido de justiça dos familiares e amigos.
De acordo com a apuração do repórter André Afonso, da TV Gazeta Norte, Aline conheceu o ex-marido há cerca de cinco anos. Eles tiveram dois filhos. Quem conhecia o casal disse que o relacionamento era conturbado e que o homem já tinha agredido e ameaçado a mulher várias vezes. Em outras ocasiões ela já tinha se separado do suspeito, mas acabou reatando por medo.
Aline tinha terminado o relacionamento há cerca de dois meses e estava decidida a não voltar. Testemunhas ainda revelaram que, em junho, o homem teria ido até a casa dos pais da mulher e atirado contra a residência. À época, ninguém ficou ferido.
Em entrevista para o repórter Isaac Ribeiro, da TV Gazeta Norte, o delegado André Jaretta, titular da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Aracruz, disse que logo após o crime, nesta segunda-feira (22), a partir do relato de testemunhas e das imagens disponíveis, pode identificar o suspeito e pedir pela prisão de Felipe Silva de Almeida, decretada pelo pela Justiça no mesmo dia.
Nesta terça-feira (23), segundo o delegado, advogados que se apresentaram como representantes de Felipe informaram que o suspeito tinha o desejo de se apresentar, mas não deram mais detalhes de como isso aconteceria. “Eles disseram que ele tem desejo de se apresentar, mas não marcaram data e hora. O nosso trabalho persiste e vamos dar continuidade para capturá-lo".
Jaretta também comentou sobre um áudio que foi bastante compartilhado em grupos de WhatsApp, em que o suspeito fala sobre o crime. O delegado disse que o material foi inserido ao inquérito, assim como as filmagens da mercearia.
“A polícia teve acesso a esse áudio e ele está no inquérito, na forma de mídia, assim como as filmagens do local. Testemunhas confirmaram que a voz parecia ser dele e estamos tratando como verídico. Se ele negar, dizer que o áudio não é dele, pode passar por perícia. Aparentemente ele mandou esse áudio para algum conhecido, alguém próximo, que possui intimidade", salientou.
Segundo o delegado, Aline estava morando no bairro Coqueiral, não mais na região central de Aracruz, e Felipe a teria encontrado ocasionalmente. Ele a encontrou no local e teria tentado colocá-la dentro do carro e retirá-la de lá, mas ela não aceitou. Isso aconteceu antes do registro do crime.
“No dia do fato ele esteve no bar, onde se deparou com a Aline. Ele tenta colocá-la no carro e retirá-la de lá. Ele sai com o carro, pode ter ido buscar a arma e retorna. Esse é o momento registrado no vídeo depois. Ele começa a indagar onde estaria o filho, queria ver o filho. Ela não queria sair dali. A princípio ele tenta levar ela para pegar o filho. Ele não aceita o fato de ela estar em um bar. Não aceitaria que ela se envolvesse com outro homem”, contou o delegado.
Testemunhas relataram para a Polícia Civil que desde o início do relacionamento Felipe praticava violência física e que até mesmo durante a gravidez Aline sofria agressões. Eles tiveram dois filhos juntos.
“Há relatos de testemunhas, de pessoas próximas à vítima, que desde o início do relacionamento ele praticava violência física. O casal possui dois filhos e até mesmo quando estava grávida ela sofria agressões. Apesar disso, o único boletim que ela registrou foi há 40 dias. A Aline narrou que ele foi até a casa da mãe dele e ela alega que ele teria atirado. Os disparos teriam acontecido de forma intimidatória”.
De acordo com Jaretta, Felipe vai responder por homicídio qualificado por motivo torpe, com recurso que impossibilitou a defesa da vítima e em razão da condição feminina, além de porte ilegal de arma de fogo. “Podemos falar que a pena máxima é de 30 anos”, disse o delegado.
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