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Justiça manda soltar cliente de banco preso por homofobia em Vila Velha

Justiça manda soltar cliente de banco preso por homofobia em Vila Velha

Entre medidas determinadas pela juíza, Julio Cesar Bastos de Souza, de 61 anos, está proibido de manter qualquer tipo de contato com vítima, que trabalha em agência bancária

Maria Fernanda Conti

mfconti@redegazeta.com.br

Publicado em 25 de abril de 2023 às 18:21

 - Atualizado há 2 anos

Julio Cesar Bastos de Souza, de 61 anos, autuado por homofobia nessa segunda-feira (24)
Julio Cesar Bastos de Souza, de 61 anos, autuado por homofobia nessa segunda-feira (24) Crédito: Rodrigo Gomes

Justiça mandou soltar, sem pagamento de fiança, nesta terça-feira (25), o homem que havia sido preso suspeito de homofobia contra o funcionário de uma agência bancária no Centro de Vila Velha. O caso ocorreu na tarde de segunda-feira (24). Julio Cesar Bastos de Souza, de 61 anos, foi liberado após audiência de custódia. 

Segundo a decisão da juíza Raquel Almeida Valinho, que consta no site do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), a liberdade dele "não oferece risco à ordem econômica, à ordem pública, à instrução criminal ou à aplicação da lei penal, considerando que possui residência fixa e ocupação lícita, bem como é primário". 

A magistrada também determinou algumas condições que tratam do deslocamento e da presença de Julio Cesar Bastos de Souza em determinados locais, sendo eles:

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Justiça manda soltar cliente de banco preso por homofobia em Vila Velha

  • Proibição de sair da Grande Vitória sem prévia autorização do Juiz natural da causa; 
  • Comparecimento a todos os atos do processo, devendo manter endereço atualizado; 
  • Proibição de frequentar bares, boates, prostíbulos e assemelhados; 
  • Comparecer em até 5 dias úteis a contar desta data ao juízo ao qual o presente APF será distribuído, com cópia de comprovante de residência, RG, CPF, CTPS e título de eleitor; 
  • Proibição de manter qualquer tipo de contato com a vítima.

Relembre o caso

Um cliente acabou preso, suspeito de cometer crime de homofobia contra o funcionário de uma agência bancária localizada no Centro de Vila Velha. O crime aconteceu no início da tarde desta segunda-feira (24), quando o idoso de 61 anos buscava atendimento e teria ofendido um jovem de 19 anos, atendente da agência.

Consta na ocorrência registrada pela Polícia Militar que uma equipe foi acionada por volta de 13h30 para ir até a Caixa Econômica Federal, na Avenida Champagnat. No local, três testemunhas disseram que Julio Cesar Bastos de Souza havia se recusado a ser atendido por um funcionário homossexual.

Atendente da agência bancária, vítima do crime de homofobia em Vila Velha
Atendente da agência bancária, vítima do crime de homofobia em Vila Velha Crédito: Rodrigo Gomes

Inicialmente, ele teria buscado informações sobre o programa Bolsa Família junto ao jovem. No entanto, em seguida, de acordo com relato de testemunhas aos militares, o homem procurou outro atendente, dizendo que "não gosta de viado" nem de "viadagem". O idoso também o teria chamado de "viadinho".

Nesta terça-feira (25), a vítima deu entrevista à repórter Daniela Carla, da TV Gazeta. Sem se identificar, o jovem disse que nunca pensou passar por isso no trabalho. "É um local onde prezo muito pela minha comunicação e não deixo minha sexualidade interferir. Ter que lidar com isso é horrível", desabafou.

"Quando ele disse que não gostava de 'viado', meu coração já disparou e me deu muita revolta, porque ele estava com muito ódio. Dava para ver no rosto dele a repulsa. Ele falou que gostaria de ser atendido por um 'homem de verdade'"

Vítima

Recepcionista de 19 anos

O atendente contou que, logo após ser ofendido, acionou a Polícia Militar. Questionado pelos policiais, o cliente reclamou que nenhum dos funcionários quis atendê-lo, apesar de ele ter preferência devido à idade. O idoso admitiu ter usado a palavra "viadagem", mas alegou não saber que o atendente era homossexual.

Em entrevista à reportagem da TV Gazeta, Julio Cesar voltou a se defender. "Eu reclamei e disse que estavam de 'viadagem' comigo, mas essa expressão, no contexto em que usei, não tem nada a ver com homofobia, não é um adjetivo pejorativo. É como se fosse 'molecagem' ou 'babaquice'. Não sou homofóbico".

Em nota, a Caixa Econômica Federal afirmou que "repudia todas as atitudes de preconceito" e ressaltou que tem como valores essenciais "o respeito nas relações entre empregados e público, e o atendimento com zelo e prontidão". O banco ainda informou que "o funcionário envolvido pertence ao quadro de colaboradores terceirizados e está recebendo todo o apoio necessário".

Atualização
26/04/2023 - 07:41hrs
Após a publicação desta matéria, a Caixa Econômica Federal enviou uma nota, dizendo que repudia qualquer preconceito e que está prestando apoio à vítima. O texto foi atualizado.

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