Lideranças e autoridades repudiam tiroteios no Centro de Vitória
Troca de tiros durou horas durante a madrugada de terça-feira (19) e aterrorizou moradores da região; Instituto Raízes afirma que famílias tentam deixar o local
Os confrontos armados foram registrados em quatro comunidades: Piedade, Alagoano, Moscoso e Cabral, deixando aterrorizado também quem mora em bairros do entorno.
De acordo com apuração da repórter Daniela Carla, da TV Gazeta, os disparos que tiraram o sono e geraram pavor em moradores foram em razão de um confronto entre facções criminosas rivais, que dominam o tráfico de drogas em diferentes regiões da Grande Vitória.
VEJA COMO LIDERANÇAS E AUTORIDADES SE POSICIONARAM
Coronel Marcio Celante Weolffel - Secretário estadual de Segurança Pública e Defesa Social
"Estamos acompanhando essa problemática há dias. Temos um trabalho forte de inteligência na Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) e nas polícias civil e militar. Vamos desenvolver operações para prisões desses criminosos, mas principalmente operações de saturação, para dar tranquilidade a essa comunidade. E o mais importante: vamos identificar esses criminosos e realizar operações para prisões desses traficantes."
Padre Renato Criste - Pároco da Catedral de Vitória
"A violência acontecida envolvendo os morros no Centro de Vitória deixam as pessoas com medo, assustadas e sentindo-se acuadas. A Igreja Católica tem comunidades eclesiais em todas as regiões onde os fatos aconteceram e experimenta, junto com os fiéis, os mesmos sentimentos. Percebe que as famílias que conseguem estão abandonando o morro e se deslocando para outros locais, porque os conflitos têm se intensificado. Eu, padre Renato Criste, pároco da Catedral e morador do Centro, percebo o quanto esses fatos afetam e alteram a vida das pessoas. Os tiroteios aconteceram durante a madrugada e tiveram longa duração, as pessoas foram acordadas com barulho de tiros. Nesses horários não há atividades religiosas e graças a Deus não houve pessoas feridas ou mortes, mas as comunidades sofrem e as pessoas sentem-se desprotegidas e muito assustadas com o tiroteio. Lamentamos que a presença do Poder Público não seja constante para dar segurança aos moradores e evitar que os conflitos aconteçam."
Pastor Enoque de Castro - Associação de Pastores Evangélicos da Grande Vitória
"A igreja aconselha e também tem um trabalho social, com cestas básicas. A igreja faz um papel muito importante."
Douglas Caus - Comandante da Polícia Militar
"Estaremos lá até domingo (24) e nós, caso (os criminosos) estejam na região, vamos partir para cima e prendê-los. Fatalmente, como são covardes, que só atuam na ausência da polícia para amedrontar, não estarão lá e não irão enfrentar a polícia. Se enfrentarem, nós vamos usar mão forte, não só para prender, mas para enfrentar."
Sergio Majeski - Deputado estadual
"(O tiroteio) Dessa madrugada foi um dos mais fortes que eu me lembro, talvez o pior em tempo de duração. Há anos estamos pleiteando junto ao governo a criação de equipamentos públicos nessa área, e postos policiais no alto dos morros. O Estado precisa ocupar essa área. Essas comunidades estão jogadas à própria sorte."
Gilvan da Federal - Vereador de Vitória
"Precisamos urgente que o Congresso Nacional pare de se acovardar, chame a responsabilidade e realmente mostre para os criminosos que o crime não compensa. Precisamos mudar a progressão de regime, tirar os privilégios dos criminosos e dar retaguarda jurídica aos policiais."
Paolo Quintino de Lima - Secretário de Segurança de Vitória
"O investimento está sendo feito. O Renda Vix teve R$ 16,3 milhões de investimento e R$ 24 milhões em tablets para educação. Segurança pública é interdisciplinar, é envolvimento de várias secretarias do município. No caso específico de terça (no Centro), a responsabilidade é do Estado. A Guarda Municipal tem a Romu (Ronda Ostensiva Municipal), que fez o patrulhamento, mas o evento de Estado, de Polícia Militar, que atuou no momento."
Instituto Raízes
"Os tiros que invadiram novamente os morros do Centro de Vitória pela segunda noite seguida fazem com que a situação desastrosa de 2018 volte aos pensamentos dos moradores das comunidades e gerem mais medo e terror em quem vive por aqui. Em 2018, metade dos moradores da Piedade e de outras comunidades deixaram suas casas com medo. Esse cenário volta a se repetir, possuímos uma lista com mais famílias pedindo ajuda para deixar o local. Estamos sem a efetividade das políticas públicas, especialmente as demandadas pela comunidade por meio do Plano de Ação 15. As famílias à noite toda acordada, crianças chorando, se escondendo em baixo da cama, e esses ataques ocorrendo a madrugada toda. Foram tiros, efeitos de bomba, gritos e invasões de casas registradas nesta madrugada. Fica a pergunta de todos: quem protege os cidadãos que vivem nestas comunidades? Quais as medidas que são adotadas para esta proteção? Por que a base da Polícia Militar não faz mais as rondas diurnas e noturnas na comunidade? Quais são os resultados do trabalho dessa base? Essas são as perguntas iniciais, de outras várias que temos. No último final de semana tivemos vários momentos de alegria e confraternização entre as comunidades, como torneio, festa nas escolas e nas comunidades, fazendo todos circularem entre os bairros, e lamentavelmente essa situação acontecendo. Nos juntamos às inquietações dos moradores e das comunidades e vamos ainda hoje acionar a Prefeitura de Vitória, o Governo do Estado e a Secretaria Estadual de Segurança Pública para respostas e ações protetivas e sociais para todos deste território."