Antes de descobrir que a filha estava morta, a faxineira Nubia Barbosa Ribeiro Cardoso, de 40 anos, conta que recebeu mensagens do celular da estudante Sulamita Ribeiro Cardoso, de 15 anos, via WhatsApp. Ela acredita, porém, que no momento das mensagens a adolescente já tinha sido assassinada e que as frases foram escritas pelo criminoso: "Eu conheço a forma que minha filha escrevia. Não era ela que estava falando comigo".
Nubia conta que passou a manhã e início da tarde de sábado (02) com a filha. "Ficamos em casa. Ela sentou no sofá, exatamente onde estou agora. Falou que ia na casa do namorado, mas que voltava logo porque 'ele estava pagando de doido'. Eu falei que ela era muito nova e ele não tinha nada de bom para oferecer. Ela foi tomar banho e ficamos conversando. Depois ela se arrumou, deu um beijo no irmão de 4 anos e saiu de Planalto Serrano, na Serra, para Cariacica-Sede, onde o namorado morava".
Às 16h22 Nubia enviou uma mensagem para a filha através do WhatsApp perguntando se ela já estava indo para casa. No minuto seguinte veio a resposta do celular da menina, dizendo que avisaria quando estivesse saindo. O aviso de que estava indo para casa aconteceu também por mensagem às 16h57.
Às 17h18 Núbia recebeu do celular da filha a mensagem de que o aparelho da menina estaria descarregando. O último contato foi às 19h19, com uma mensagem dizendo que já estava no Terminal de Carapina. Mas a faxineira acredita que não era a filha falando com ela por mensagens.
"Ela não foi ao Terminal de Carapina. Seria impossível ir ao terminal e depois voltar para Cariacica-Sede, onde o corpo foi encontrado. E eu conheço minha filha, sei como ela escreve. Não era minha filha naquelas mensagens. Ela sempre começava a farse falando: 'Ei, mãe'. E quando eu mandava áudio, ela só respondia por áudio. Era o assassino da minha filha se passando por ela", acredita.
A notícia de que Sulamita estava morta devastou a família da adolescente. Núbia, que há um ano perdeu um filho de 21 anos assassinado, teve que dar a notícia para os outros quatro filhos, de 25, 21, 17 e quatro anos. O mais novo, inclusive, chegou a desmaiar com a notícia.
"No domingo (03) a tarde o celular da minha filha passou a ficar desligado. Ela sempre me mandava mensagem, nós tínhamos muito contato. Procurei em vários lugares, fiz ocorrência na delegacia, e na última quarta-feira (06) resolvi ir ao bairro do namorado dela. Lá eu vi a movimentação da polícia, que contou ter achado o corpo de uma adolescente. Não me deixaram ver o corpo, mas confirmaram a tatuagem dela na mão: uma rosa com a palavra mãe".
Núbia entrou em desespero e precisou ser forte para passar a notícia aos filhos. O menino de quatro anos, que há dias já perguntava pela irmã, chegou a passar mal e desmaiar.
"Inicialmente, eu conversei apenas com os mais velhos. O meu filho de 17 anos acabou contando para o menino de 4 anos. Meu filho menor começou a gritar. Teve a mesma reação que eu. Ele passou mal e desmaiou. Ele era muito agarrada a Sulamita, que chamávamos de Mil. Quando a Mil sumiu, o mais novo perguntava por ela. Eu respondia que estava procurando, que ia achar. Mas infelizmente não a encontrei viva".
Dois dias após encontrar o corpo da filha, Nubia ainda não consegue acreditar no que aconteceu. Chorando, ela contou que não pretende se livrar dos objetos pessoais da filha e disse que tudo em casa lembra a menina.
"Lembro dela o tempo todo. Ela era minha filha, minha amiga, me ajudava em tudo. Ela era tudo para mim. Ela contava algumas coisas que passava no namoro, mas não tudo. Se ela sofria ameaças, não contava. Ainda não consigo acreditar no que aconteceu. Hoje (08) no enterro dela, em Serra-Sede, dois ônibus de Planalto Serrano estiveram presentes com vários amigos. Minha filha era estudiosa e ótima filha. Não podiam ter feito isso com ela. E agora tenho medo do que podem fazer com minha família. Só quero justiça. Que fez isso não pode ficar solto pra fazer de novo com outras meninas, destruindo outras famílias", lamentou.
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