As mães são as principais influências dos filhos, muitas vezes responsáveis por dar carinho, educação e bons exemplos. Mas no condomínio Ourimar, na Serra, o ensinamento de uma mãe para os filhos foi um assassinato com uma espingarda calibre 12. Maria da Penha dos Santos, a Nega, de 40 anos, foi presa com os filhos, de 15 e 20 anos, após armar uma vingança contra um morador e exigir: "Atira nele, filho". No fim, ela ainda comemorou friamente: "Virou presunto!".
"FOI SEM QUERER, NÃO ME MATEM"
O mecânico Leandro Nascimento dos Santos, de 27 anos, era morador de Ourimar. Mesmo implorando pela própria vida e pedindo desculpas, ele foi morto na madrugada de 3 de agosto deste ano após envolver-se em uma confusão com um homem dentro do bar irregular que Nega mantinha dentro de um apartamento do condomínio.
Após apanhar de um dos clientes durante a briga, o mecânico chegou a pegar uma barra de ferro para bater no agressor. Porém, Maria da Penha entrou na frente e acabou atingida de raspão no braço. Foi nesse momento que ela decidiu: Queria Leandro morto.
"O homem que brigava com Leandro conseguiu tirar a barra de ferro das mãos da vítima, com a ajuda de Maria da Penha. Depois, os dois o agrediram com o objeto. Ferido, o mecânico foi para casa. Mas os agressores foram atrás e bateram nele novamente. Foi quando Leandro decidiu sair do condomínio por algumas horas. Nesse momento, Nega chamou os filhos para que resolvessem a situação", conta o delegado delegado Daniel Fortes, adjunto da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra.
Maria da Penha sabia que os filhos Yuri Souza Santos, de 20 anos, e um adolescente de 15 anos, tinham em casa uma espingarda de fabricação caseira calibre 12. Com a arma nas mãos, os dois aproveitaram quando Leandro retornou para o condomínio, no início da manhã, e invadiram o apartamento dele com a ajuda de uma dupla que ainda não foi identificada.
Ao perceberem que a vítima não estava em casa, ouviram a voz de Leandro em um apartamento vizinho, que também foi invadido. O mecânico foi levado para o estacionamento do condomínio enquanto sofria mais agressões. Nesse momento, ele implorou pela vida: "Me desculpa, foi sem querer, não me matem".
"ATIRA NELE, YURI"
Mas o pedido desesperado não abalou Maria da Penha. Testemunhas contam foi a própria Nega que exigiu a morte de Leandro, mandando Yuri atirar na vítima. O criminoso obedeceu o pedido da mãe e o comerciante foi assassinado com um tiro de espingarda calibre 12 no rosto.
"Depois, testemunhas contam que a mandante do crime ainda comemorou, dizendo: 'Leandro virou presunto', o que mostra uma grande frieza da parte dela. Após a ação, todos os envolvidos foram embora. Quatro dias depois prendemos Nega, que vivia no Condomínio de forma irregular, além do filho adolescente, que estava na casa de um primo Serra Dourada II", conta o delegado.
Além do menor, o primo que morava com ele também foi detido. Balbino Alves de Oliveira, de 21 anos, também foi detido com um mandado de prisão por tráfico de drogas. Ele é apontado pela polícia como o atual chefe do tráfico do condomínio Ourimar e é investigado de participar do assassinato de uma mulher, dentro do apartamento dela, em novembro de 2018.
Maria da Penha e Yuri foram presos por homicídio qualificado por motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima, além de corrupção de menores. Já o adolescente, foi apreendido pelo ato infracional do homicídio qualificado. As investigações continuam e a polícia tenta localizar outros dois homens que participaram do assassinato.
36 HOMICIDAS PRESOS EM OURIMAR
Maria da Penha e os filhos fazem parte da estatísticas de homicidas que agiram em Ourimar e foram detidos pela Polícia Civil. De acordo com o delegado Rodrigo Sandi Mori, titular da DHPP da Serra, as prisões aconteceram entre junho de 2017 e setembro de 2019.
"Só em 2017 foram sete homicídios. Dois foram em 2018 e um do início de 2019 até agora. As elucidações dos crimes e as prisões realizadas pela polícia tem resultado na diminuição dos homicídios na região ano após anos ano", diz o delegado.
E finalizou: "A DHPP da Serra investiga apenas os assassinatos dos homens e todos foram elucidados. Além disso, duas facções foram desarticuladas. A Polícia Civil continuará atuando em Ourimar o quanto for necessário para garantir a segurança das pessoas de bem que vivem no local".
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta