A morte de um bebê com apenas dois meses de vida chocou o Espírito Santo no último domingo (13). O pequeno Bryan Henrique foi encontrado enforcado na própria casa na Zona Rural de Ecoporanga, Noroeste do Espírito Santo. A mãe do garoto, Márcia Gomes de Sousa, 20 anos, confessou ser a responsável pela morte da criança.
Na manhã desta quinta-feira (17) o delegado titular da cidade, Leonardo Amorim, conversou com a reportagem de A Gazeta e revelou novos detalhes sobre o dia do crime, o depoimento da mãe e outros fatos relacionados ao caso que ainda causa comoção no Estado.
Confira os principais pontos da entrevista com o delegado.
"A mãe disse que bandidos encapuzados arrombaram a janela da casa, enforcaram o bebê e depois amarraram os pés e as mãos dela. A princípio surgiu essa versão, mas a nossa equipe constatou que as informações que a mãe estava passando 'pra' gente eram incompatíveis, não havia indícios de arrombamento na casa. Então, ainda no local, os nossos policiais verificaram que a narrativa da mãe estava muito descolada e que a versão dela não se sustentaria durante muito tempo".
"Como eles usavam uma rede dentro de casa, ela diz que havia uma corda utilizada para amarrar essa rede no teto. Segundo depoimento dela, quando ela decide executar o bebê, ela olha a corda e surge a ideia de matar o próprio filho enforcado. Então, a criança fica pendurada. Quando o pai entra no quarto, ele se depara com o filho daquele jeito. Ele rompe a corda e tenta fazer procedimento de reanimação, mas não consegue e aciona a polícia".
"Na delegacia, ela de maneira formal fez a opção de confessar pra gente toda trama envolvida nesse caso. Foi um depoimento longo, onde ela respondeu todos os questionamentos com tranquilidade sem demonstrar nervosismo. Essa tranquilidade até surpreendeu a gente. Durante o depoimento, ela se disse arrependida, em alguns momentos ela até chegou a chorar".
"Eu acredito que é um crime cuja justificativa nunca existirá, mas ela afirmou que estava depressiva depois do parto e matou por causa disso. Ela afirmou ainda que cometeu o homicídio porque achava que o pai não quisesse o filho e também porque ele não dava atenção suficiente para ela e para a criança".
"Era um casal jovem, mas que vivia aquela vida normal de trabalhadores rurais. Ela fazia algumas atividades rurais. Ele realizava a maioria das atividades e era vaqueiro. Era um perfil de um casal sem histórico de violência ou agressão. Era um perfil bem comum da Zona Rural da cidade. Impossível imaginar uma tragédia dessa na família".
"O pai parecia até não acreditar no que estava acontecendo. Ele mostrou desespero e aos poucos ele foi tranquilizando e conseguiu esclarecer as nossas questões. Depois, ele passou aparentemente a ficar resignado".
"As investigações não estão fechadas, mas não existe nenhum elemento que indique essa participação do pai. Todos os elementos apontam apenas para a participação da mãe, isolada".
"As circunstâncias deixam muito claro que foi um crime premeditado. Poucos dias antes ela estava preparando o terreno para a morte do filho. Na semana anterior ao caso, o pai fez uma ocorrência na polícia de que haviam posto veneno no frasco de vitaminas do bebê. Ele também confirmou que vinha sofrendo algumas ameaças por carta e nas redes sociais. A própria esposa simulava essas cartas com supostas ameaças à família e ao bebê. Além disso, ela criou um perfil falso nas redes sociais para encaminhar o mesmo tipo de ameaça. Eu não tenho a menor dúvida que foi um crime premeditado".
"O nosso trabalho é muito técnico e sério. Como ela alegou ter depressão, antes de ser levada ao presídio, encaminhamos para a perícia onde um médico especialista realizou um exame de sanidade 'pra' gente determinar se ela tem algum problema psicológico ou de transtorno mental. Estamos aguardando a liberação desse laudo do perito".
"Esse caso choca muito em razão da autora ser mãe e a vítima um bebê de dois meses, que foi executado por enforcamento. Nós estamos sempre preparados, mas esse crime choca até a gente, é bárbaro demais".
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