Mais três pessoas denunciaram junto à Polícia Civil terem sido vítimas do médico de 53 anos, preso suspeito de abusar de pacientes homens. Os novos relatos também são de indivíduos do sexo masculino, informou a corporação na manhã desta terça-feira (20). Até o momento, há nove acusações contra o profissional, que não teve o nome divulgado. Os casos são investigados pela Delegacia de Polícia de Jaguaré, município do Norte do Espírito Santo, onde foram registrados os primeiros casos.
A prisão do médico ocorreu na última quinta-feira (15) em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo. A Polícia Civil disse que as investigações apontam que, durante a consulta, o profissional para que os homens tirassem a roupa para que verificar suposta alergia, momento em que abusava dos pacientes com o pretexto de passar pomada nas partes íntimas das vítimas.
Titular da Delegacia de Jaguaré, a delegada Gabriella Zaché destacou que o médico trabalhava em uma unidade de saúde do município, a cada quinze dias, desde 2021. Na semana passada, ele atendeu as duas primeiras vítimas que fizeram as denúncias. Os homens — com idades entre 30 e 40 anos — procuraram o hospital, um com queixa de dor de garganta e o outro sobre sutura no braço.
"Como lá é uma cidade pequena, um dos homens foi atendido primeiro e achou estranho. Depois, ele viu outra pessoa saindo do consultório e perguntou. A segunda pessoa falou que também passou por isso. Os dois foram juntos à delegacia. Esses foram os dois primeiros que denunciaram", detalhou a delegada.
De acordo com as investigações, o médico masturbava as vítimas. Quando algum deles reclamava, o suspeito dizia estar apenas passando a pomada.
Após as primeiras denúncias, a Polícia Civil conseguiu identificar uma terceira vítima, que havia sido atendida pelo médico meses antes por apresentar febre. Depois da prisão do suspeito, novos depoimentos foram colhidos e pelo menos mais três homens foram identificadas, um total de seis, todos de Jaguaré. Com as novas denúncias feitas entre a tarde de segunda-feira (19) e a manhã desta terça-feira (20), sobe para nove o número de vítimas. Sobre os novos casos, a delegada não detalhou de onde são os pacientes, nem idade deles.
A Polícia Civil informou que o suspeito também atuava em um posto de saúde de Colatina, no bairro São Miguel, de segunda a quinta-feira. A prisão foi realizada na cidade porque a polícia estava preocupada com o plantão médico que ele faria no dia seguinte, em Jaguaré. Durante o depoimento, o médico permaneceu calado.
Até agora, as vítimas que denunciaram o médico tinham ido buscar atendimento para outras doenças e queixas, sem relação com os órgãos genitais. E, mesmo se fosse o caso, o hospital tinha outro protocolo.
O médico vai responder por violação sexual mediante fraude, prática conhecida como "estelionato sexual".
O CRM-ES vai pedir uma cópia do inquérito policial, para abrir uma sindicância sobre o caso.
A secretária de Saúde Tânia Pariz afirmou que todos na secretaria estão surpresos, pois, até o momento, não houve denúncia a respeito dos abusos. Acrescentou ainda que a Secretaria de Saúde de Jaguaré jamais compactuará ou aceitará esse tipo de comportamento por nenhum profissional.
Nesta terça-feira (20), a Prefeitura de Jaguaré, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, divulgou uma nota de esclarecimento sobre o caso. Leia na íntegra:
"A Secretaria Municipal de Saúde de Jaguaré esclarece que não tinha conhecimento dos fatos narrados na denúncia acerca dos problemas envolvendo um profissional da área da Saúde que atuava em nossa Unidade Mista de Internação – UMI, há nove meses, como prestador de serviços médicos. Também afirma que não compactua com nenhuma atitude semelhante e que preza por atendimento digno e respeitável a todos os pacientes e, que são lamentáveis os fatos narrados."
"A Secretaria também informa que o prestador de serviços, ora situado nas reportagens e na denúncia à Policia Civil, prestava serviços apenas na Unidade Mista de Internação, na condição de plantonista. Após os fatos decorridos o prestador de serviços foi imediatamente desligado e afastado da Secretaria de Saúde de Jaguaré, que ressalta também que os fatos continuam sendo apurados pela Policia Civil, que tem todo nosso respeito e admiração."
Demandada pela reportagem, a Prefeitura de Colatina limitou-se a informar que "o médico prestava serviços no município via Programa Mais Médicos, do Governo Federal".
(Com informações de Júlia Afonso, Maria Fernanda Conti e Viviane Maciel)
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