O major da Polícia Militar Marcos Vinícius Mattos Gandini, envolvido em uma briga com um soldado da corporação, na Praia do Canto, Vitória, no sábado (3), teria ido ao hospital ameaçá-lo após a confusão.
A informação consta na audiência de custódia do major ocorrida na manhã deste domingo (4), a que A Gazeta teve acesso.
O termo expedido pelo juiz Arion Mergar, que concedeu liberdade provisória sem fiança a Marcos Vinícius, mostra que o major foi até o Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), em Vitória, onde o soldado foi hospitalizado e o ameaçou, dizendo que ele poderia deixar a corporação.
Antes de se dirigir ao hospital, o major teria ameaçado o soldado ainda na rua onde a briga ocorreu. “Você é um lixo, não pode andar armado numa boate, você vai ser excluído da corporação”, diz o documento.
Um amigo do soldado também relatou ter sido ameaçado pelo autuado diversas vezes, inclusive na 1ª Delegacia Regional de Vitória.
O fato teria ocorrido na frente de policiais civis e militares e de agentes da Guarda Municipal, razão pela qual a vítima precisou permanecer na carceragem da delegacia até a chegada de apoio de outros agentes da Polícia Civil.
Consta no termo de audiência, ainda, que o major desacatou os policiais civis que estavam de plantão na delegacia, dizendo que a Polícia Civil era incompetente, intimidando os policiais e entrando nas dependências da unidade policial, mesmo sendo alertado que não tinha autorização para isso.
Os dois policiais militares e uma mulher se envolveram em uma confusão na madrugada de sábado (3), na Praia do Canto, em Vitória. Vídeos enviados por leitores ao site A Gazeta flagraram o momento em que um major, de camisa azul, dá vários socos em um soldado da corporação, que está machucado e caído no chão.
O major foi atuado por lesão corporal (duas vezes), ameaça (duas vezes), desobediência e desacato. Depois, foi encaminhado ao presídio no Quartel da Polícia Militar e, neste domingo (4), passou por audiência de custódia no Centro de Triagem de Viana, quano foi liberado. Pelas imagens, também é possível ver um homem de camisa verde, que seria instrutor de tiro e amigo do soldado, tentando separar a briga. Outro registro mostra o major ameaçando o instrutor, dizendo, inclusive, que iria matá-lo.
Segundo o boletim da Polícia Militar, a ocorrência teve início dentro de uma boate da região. Na versão do major, ele estava no local com a esposa, mas foi embora logo após ela ser assediada pelo soldado. Conforme relatou, o casal se deslocou até a Avenida Saturnino de Brito para pegar um táxi e, neste momento, dois indivíduos apareceram — incluindo o militar — e apontaram uma arma.
No documento, não é explicado por qual motivo teriam rendido marido e mulher. Na tentativa de desarmá-lo, o major entrou em luta corporal com o soldado. De acordo com o boletim, o militar do baixo escalão posteriormente foi desarmado pela mulher, que caiu no chão e sofreu lesões nos braços e nas pernas.
O major também alegou, no atendimento da ocorrência, que uma pessoa aplicou um golpe gravata que quase o deixou desacordado, causando-lhe lesão na orelha e mãos. Com os dois militares, foram apreendidas armas, carregadores e munições.
A reportagem da TV Gazeta esteve no DPJ de Vitória pela manhã e conversou com policiais e testemunhas. O soldado, que precisou ser atendido no hospital por conta dos ferimentos, deu outra versão da história. De acordo com ele, o major foi expulso da boate por causa de uma discussão com a esposa. Já do lado de fora, tentou separar a briga, quando começou a ser agredido pelo oficial.
Testemunhas contaram para a reportagem que, após a confusão, o major foi para a delegacia, onde chegou transtornado. Ele também teria ido antes ao hospital, para fazer novas ameaças ao soldado. Por volta das 10h deste sábado, a mulher do major ainda tentou ir embora da delegacia, sem autorização.
Por nota, a Polícia Militar informou que a ocorrência estava em andamento na Delegacia Regional de Vitória e está sendo acompanhada pelo comandante do 1° BPM, que se encontra no local.
"Ao término dos procedimentos, todos os envolvidos serão encaminhados à Corregedoria da PMES para prestarem novos esclarecimentos, quando será realizada a análise das versões, individualização das condutas e adotadas as medidas administrativas e/ou criminais cabíveis", pontuou.
A Polícia Civil destacou que o major de 45 anos foi autuado em flagrante por lesão corporal, ameaça, desobediência e desacato à funcionário público e foi encaminhado ao presídio Militar, no Quartel do Comando Geral (QCG) da Polícia Militar, onde ficará à disposição da Justiça.
"Uma cópia do procedimento do flagrante será encaminhada à Corregedoria da PM para apurar possíveis infrações administrativas ou crimes militares. O soldado foi qualificado como vítima na ocorrência", ressaltou a corporação.
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