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'Maníaco da tesoura': acusado de matar 5 mulheres vai a júri na Serra

'Maníaco da tesoura': acusado de matar 5 mulheres vai a júri na Serra

Edmar Silva Rodrigues Júnior, preso em 2010, já foi condenado a mais de 12 anos de prisão em 2012 por uma tentativa de homicídio e uma ameaça

Publicado em 18 de março de 2024 às 12:04

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Carro de Edmar Silva Rodrigues Júnior (em destaque), na época usado para abordar as vítimas
Carro de Edmar Silva Rodrigues Júnior (em destaque), na época, segundo as investigações, usado para abordar as vítimas . (Marcos Fernandez | Cedoc A Gazeta)
Júlia Afonso
Repórter / [email protected]

Aconteceu na última segunda-feira (18), na Serra, o julgamento de Edmar Silva Rodrigues Júnior, conhecido como "maníaco da tesoura", apontado como responsável pela morte de cinco mulheres, após as ossadas delas serem encontradas em um cemitério clandestino no bairro Laranjeiras, caso que o levou ao banco dos réus. O homem é ainda apontado como responsável por uma sexta morte, e por tentar assassinar uma sétima vítima – caso em que ele já foi condenado em 2012. Todos os crimes ocorreram entre os meses de outubro e dezembro de 2010. 

Edmar, que trabalhava como agente penitenciário, foi preso no dia 28 de dezembro de 2010. À época, o delegado André Cunha disse que Edmar relatou que pretendia fazer uma “faxina” numa área conhecida em Jardim Limoeiro, na Serra, com alto índice de prostituição e de uso e tráfico de drogas.

Todas as vítimas eram mulheres que frequentavam os bares do bairro e que tinham algum envolvimento com o tráfico. “Ele se apresentava como policial e levava as meninas algemadas com o pretexto de levá-las para as delegacias, mas, na verdade, ele tinha intenção de descobrir o traficante para quem elas trabalhavam e depois ele as matava”, detalhou o delegado. Além da tesoura, o homem era suspeito de utilizar um punhal para matar as mulheres.

Em depoimento prestado à polícia, vítimas do maníaco contaram que, em alguns casos, para convencê-las a entrar no carro dele, o suspeito contratava os serviços sexuais delas. Uma das mulheres relatou que aceitou R$ 20 pelo programa, que quase lhe custou a vida.

Em entrevista à imprensa no dia em que foi preso, Edmar declarou que pretendia saber para quem as duas primeiras vítimas trabalhavam, e que as outras foram "queima de arquivo". 

No mês de julho de 2012, Edmar foi condenado a 12 anos e quatro meses de prisão por tentar matar uma mulher e ameaçar outra de morte.

O que diz a defesa

Em nota, os advogados Jamily Bonatto, Igor Hortelan, Ojana Nogueira e Sthephany Dias, que fazem a defesa de Edmar, disseram que conseguiram identificar inconsistências nos laudos cadavéricos das vítimas e em outras provas dos autos.

"A defesa tentou refutar as acusações, no entanto houve algumas negativas que impediram a desmistificação de tais alegações. O réu nega veementemente que tenha praticado os homicídios que lhes estão sendo imputados no que se refere ao encontro das ossadas. Tanto é que assume a autoria de uma tentativa de homicídio a qual foi condenado."

Ponto a ponto do processo

Edmar Silva Rodrigues Júnior, conhecido como
Edmar Silva Rodrigues Júnior, conhecido como "maníaco da tesoura". (Marcos Fernandez | Cedoc A Gazeta)

A reportagem de A Gazeta esmiuçou o processo referente às cinco ossadas encontradas no terreno baldio, que é o do julgamento desta segunda-feira (18). Confira os detalhes:

No dia 3 de julho de 2013, Edmar passou por audiência onde foi citado que o "maníaco da tesoura" foi denunciado por cinco homicídios qualificados, denúncia essa recebida em maio de 2011. À época, ele negou todas as acusações.

Em setembro de 2013, a Justiça pronunciou Edmar. Na decisão, há a informação de que no dia 14 de dezembro de 2010, durante a manhã, às margens de uma estrada de chão no interior de uma propriedade rural particular, foram encontradas cinco ossadas humanas. Após investigação, descobriu-se que o denunciado, um mês antes, em dias diferentes, tinha dado vários golpes em cinco vítimas no bairro Laranjeiras, na Serra. À época, as vítimas identificadas foram Maria Cecília Gonçalves de Jesus e Laiane de Melo Mota.

Segundo consta dos autos, o denunciado se aproximava das vítimas, no bairro São Geraldo, próximo à boate "Copo Sujo", e as convidava para fazer um programa. Elas entravam no veículo e iam para um terreno baldio em Laranjeiras.

Chegando ao local, o denunciado começava a ameaçar as vítimas com uma arma branca, fazendo perguntas sobre os traficantes da região de São Geraldo. Sem êxito com as perguntas, ele passava a golpear as mulheres. Todos os casos ocorriam de forma semelhante.

De acordo com as investigações, o criminoso acreditava que as vítimas estavam ligadas ao tráfico de drogas, querendo fazer "justiça" com as próprias mãos.

Em 12 de março de 2018, a defesa alegou que o acusado tinha insanidade mental e solicitou uma perícia, mas foi indeferido.

No dia 31 de julho de 2018, a Justiça decidiu relaxar a prisão de Edmar pois ela ultrapassou o limite de razoabilidade, já que ele estava preso há mais de 2600 dias. Assim, ele passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica, sem poder sair do bairro em que morava.

Em 17 de outubro de 2023, uma sessão do tribunal do júri chegou a ser marcada mas foi cancelada pela ausência do advogado de defesa da época. O advogado chegou a ser multado em 10 salários mínimos por abandono de causa.

Houve nova marcação de audiência para 22 de novembro de 2023, adiada para dois dias depois. Foi a última atualização do caso disponível no site do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES). 

Errata Atualização
19 de março de 2024 às 07:38

Este texto foi atualizado com o resultado do julgamento pela morte de cinco mulheres. O título desta matéria foi alterado para dar mais clareza, para deixar evidente que o julgamento que ocorreu nesta semana foi referente apenas a cinco crimes – o réu é ainda acusado de uma sexta morte. Título e texto foram atualizados.

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