Edmar Silva Rodrigues Júnior, conhecido como "maníaco da tesoura", foi condenado a 150 anos de prisão pela morte de cinco mulheres. A sentença aconteceu após 10 horas de julgamento no município da Serra nesta segunda-feira (18). A confirmação da pena é do advogado Igor Hortelan, que compõe a defesa do réu. Além dos cinco homicídios, Edmar foi julgado e condenado anteriormente por uma sexta morte e pela tentativa de homícidio de uma sétima vítima.
Por não concordar com a decisão, a defesa, composta pelos advogados Jamily Bonatto, Igor Hortelan, Ojana Nogueira e Sthephany Dias, informou que apresentou recurso de apelação "por ter sido uma decisão manifestamente contrária as provas dos autos bem como ter sido a pena excessiva, vez se tratar de réu primário a época dos fatos".
O condenado é agora considerado responsável pela morte de cinco mulheres entre os meses de outubro e dezembro de 2010. Todos os crimes foram descobertos após cinco ossadas terem sido encontradas em um cemitério clandestino no bairro Laranjeiras, na Serra. Além da morte das vítimas, ele já foi considerado culpado pela tentativa de homicídio de uma sétima vítima, sendo condenado a mais de 12 anos.
A defesa informou a reportagem de A Gazeta que Edmar irá passar por outro júri em maio devido a um terceiro processo. Este também envolve acusações relacionadas ao modus operandi do 'maníaco da tesoura'
Edmar, que trabalhava como agente penitenciário, foi preso no dia 28 de dezembro de 2010. À época, o delegado André Cunha disse que Edmar relatou que pretendia fazer uma “faxina” numa área conhecida em Jardim Limoeiro, na Serra, com alto índice de prostituição, uso e tráfico de drogas.
Todas as vítimas eram mulheres que frequentavam os bares do bairro e que tinham algum envolvimento com o tráfico. “Ele se apresentava como policial e levava as meninas algemadas com o pretexto de levá-las para as delegacias, mas, na verdade, ele tinha intenção de descobrir o traficante para quem elas trabalhavam e depois ele as matava”, detalhou o delegado. Além da tesoura, o homem era suspeito de utilizar um punhal para matá-las.
Em depoimento prestado à polícia, vítimas do maníaco contaram que, em alguns casos, para convencê-las a entrar no carro dele, o suspeito contratava os serviços sexuais delas. Uma das mulheres relatou que aceitou R$ 20 pelo programa, que quase lhe custou a vida.
Em entrevista à imprensa no dia em que foi preso, Edmar declarou que pretendia saber para quem as duas primeiras vítimas trabalhavam, e que as outras foram "queima de arquivo".
No mês de julho de 2012, Edmar foi condenado a 12 anos e quatro meses de prisão por tentar matar uma mulher e ameaçar outra de morte.
A reportagem de A Gazeta esmiuçou o processo referente às cinco ossadas encontradas no terreno baldio, casos do julgamento desta segunda-feira (18). Confira os detalhes:
No dia 3 de julho de 2013, Edmar passou por audiência onde foi citado que o "maníaco da tesoura" foi denunciado por cinco homicídios qualificados, denúncia essa recebida em maio de 2011. À época, ele negou todas as acusações.
Em setembro de 2013, a Justiça pronunciou Edmar. Na decisão, há a informação de que no dia 14 de dezembro de 2010, durante a manhã, às margens de uma estrada de chão no interior de uma propriedade rural particular, foram encontradas cinco ossadas humanas. Após investigação, descobriu-se que o denunciado, um mês antes, em dias diferentes, tinha dado vários golpes em cinco vítimas no bairro Laranjeiras, na Serra. À época, as vítimas identificadas foram Maria Cecília Gonçalves de Jesus e Laiane de Melo Mota.
Segundo consta dos autos, o denunciado se aproximava das vítimas, no bairro São Geraldo, próximo à boate "Copo Sujo", e as convidava para fazer um programa. Elas entravam no veículo e iam para um terreno baldio em Laranjeiras.
Chegando ao local, o denunciado começava a ameaçar as vítimas com uma arma branca, fazendo perguntas sobre os traficantes da região de São Geraldo. Sem êxito com as perguntas, ele passava a golpear as mulheres. Todos os casos ocorriam de forma semelhante.
De acordo com as investigações, o criminoso acreditava que as vítimas estavam ligadas ao tráfico de drogas, querendo fazer "justiça" com as próprias mãos.
Em 12 de março de 2018, a defesa alegou que o acusado tinha insanidade mental e solicitou uma perícia, mas foi indeferido. No dia 31 de julho de 2018, a Justiça decidiu relaxar a prisão de Edmar pois ela ultrapassou o limite de razoabilidade, já que ele estava preso há mais de 2600 dias. Assim, ele passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica, sem poder sair do bairro em que morava.
Em 17 de outubro de 2023, uma sessão do tribunal do júri chegou a ser marcada mas foi cancelada pela ausência do advogado de defesa da época. O advogado chegou a ser multado em 10 salários mínimos por abandono de causa.
Houve nova marcação de audiência para 22 de novembro de 2023, adiada para dois dias depois. Foi a última atualização do caso disponível no site do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES).
Inicialmente, a reportagem informava que a condenação se deu pela morte de seis mulheres. Após a publicação, a defesa de Edmar salientou que ele foi condenado a 150 anos de prisão pela morte de cinco mulheres. Título e texto foram corrigidos.
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