Um médico ginecologista de 67 anos foi condenado a oito anos de prisão em regime fechado pelo crime de estupro de vulnerável após ser acusado de violentar sexualmente uma paciente em um hospital de Vila Velha. A decisão foi em primeira instância e cabe recurso. A defesa do médico Ricardo Ramos Pereira não se pronunciou sobre o caso.
O crime aconteceu em abril de 2022, quando a vítima – que anteriormente havia realizado procedimento de curetagem após sofrer um aborto espontâneo – procurou o Hospital Municipal de Cobilândia ao sentir dores no colo do útero e perceber um corrimento anormal. Ao ser encaminhada ao ginecologista, ela foi submetida ao exame de toque, durante o qual Ricardo teria feito perguntas íntimas e de cunho sexual, que a constrangeram. A vítima se levantou e foi ao banheiro do consultório para se vestir, mas foi seguida pelo médico, que entrou no cômodo e a violentou sexualmente.
Ela relatou ainda que o médico disse que o fato não “daria em nada”, pois ele tinha anos de profissão. A paciente saiu do consultório e ligou para o namorado, chorando, relatou o ocorrido e depois denunciou o caso à polícia.
Diante dos fatos, o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) apresentou uma denúncia contra o acusado, que foi aceita pela Justiça, resultando, agora, na condenação do médico a oito anos de prisão, em regime fechado, por se tratar de crime hediondo. O caso tramitou na 3ª Vara Criminal de Vila Velha.
Na sentença judicial, consta que, após o estupro, o ginecologista ainda teria desmerecido a vítima.
"[A vítima] ficou em choque, parecendo que sua alma tinha saído do seu corpo. O acusado disse-lhe que não daria em nada, por ele ter anos de profissão, entregando lhe a receita e saindo ela do consultório, ligando, em seguida, para seu namorado relatando o ocorrido", diz a decisão.
A jovem foi até a polícia com o namorado e registrou um boletim de ocorrência. A decisão citou que a vítima ficou traumatizada e não consegue mais se consultar com ginecologistas.
"Esclarece que nunca em sua vida havia sofrido tamanho constrangimento e que não consegue mais ir em nenhum ginecologista, nem homem, nem mulher", pontua outro trecho da decisão.
A decisão reforçou a gravidade do caso pelo médico exercer o crime durante sua atividade profissional e nas dependências de uma maternidade em desfavor da vítima em estado de vulnerabilidade.
Uma perícia realizada no banheiro do consultório encontrou esperma do ginecologista, o que reforçou a denúncia. O caso foi denunciado pelo Ministério Público do Espírito Santo, por meio da 6ª Promotoria de Justiça de Vila Velha.
A defesa do médico disse à reportagem do g1ES que se manifestaria em breve, mas não enviou nenhum retorno até a última atualização deste texto.
A Secretaria de Saúde da Prefeitura de Vila Velha informou que o médico teve seu contrato de trabalho temporário rescindido e com isso nenhum processo administrativo foi instaurado já que o mesmo foi desligado da prefeitura.
Em consulta feita pelo g1ES na segunda-feira (14), Ricardo Ramos Pereira estava com registro ativo no Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo e tinha vínculos inativos nos conselhos do Rio de Janeiro e da Bahia, sendo este último mais antigo deles, datado de 1980. O Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) disse que não pode se pronunciar porque o processo continua em andamento.
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