Foi na escola que uma menina de 13 anos encontrou um ambiente seguro para denunciar que vinha sendo estuprada pelo próprio padrasto, em Vila Velha, na última quinta-feira (21). A mãe também foi chamada, e a Guarda Municipal descobriu que a mulher sabia dos abusos, mas disse que nunca denunciou por medo. Ela e o marido foram presos.
Os nomes dos envolvidos, da escola e do bairro onde tudo aconteceu não serão divulgados, para preservar a identidade da vítima, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (Ecriad). O caso veio à tona quando a Guarda Municipal foi acionada pelo diretor e pedagoga.
Mãe e padrasto foram chamados na unidade escolar e confessaram. Segundo o boletim de ocorrência da Guarda Municipal, o homem alegou que praticava os estupros "de forma recorrente", e a mãe falou que sabia, mas nunca denunciou por medo. Ela disse ao repórter Diony Silva, da TV Gazeta, que o suspeito não é pai biológico da garota, mas cria a menina desde os dois anos.
Os dois foram levados para a Delegacia Regional de Vila Velha. Ao todo, a mulher disse ter cinco filhos. Três deles, de três, seis e nove anos, estavam sozinhos em casa, por isso, o Conselho Tutelar foi até a residência e pegou as crianças, que também foram encaminhadas à unidade policial.
O casal foi autuado na delegacia e levado, em seguida, para o Instituto Médico Legal (IML) de Vitória, antes de ir ao presídio. Lá, eles conversaram com a TV Gazeta. O padrasto disse que a menina teria "tramado isso contra ele". Já a mãe revelou que sabia dos abusos desde agosto, e que teria se separado do homem. Apesar disso, os dois vivam na mesma casa e tinham uma vida de casal perante a sociedade.
Ela ainda declarou ao repórter Diony Silva que flagrou conversas do padrasto com a filha no celular e ficou irritada, quebrando o aparelho. A mulher também alegou que nunca denunciou, pois o marido tinha provas de mensagens da esposa com outros homens, e ameaçava mostrar esses prints para a família dela.
A inspetora Lara Paiva, da Guarda Municipal de Vila Velha, foi uma das que atendeu a ocorrência. Ela revelou que, além dos abusos, a menina contou que já chegou a engravidar do padrasto e foi obrigada a tomar chás abortivos. Por esse motivo, os dois foram autuados por "provocar aborto sem o consentimento da gestante e por estupro de vulnerável majorado. Ambos foram encaminhados ao Centro de Triagem de Viana (CTV)".
A menina está sob cuidados do Conselho Tutelar. As outras crianças, que estavam sozinhas em casa, foram entregues para uma tia. A guarda destacou o apoio que a adolescente teve na escola. "Nesse caso vimos a importância da escuta ativa das escolas, de atentar para os sinais, ouvir e acreditar na criança e comunicar às autoridades. Essa escola está de parabéns. Nós da equipe nunca vimos nada parecido, ficamos chocados com o caso e perplexos com a frieza dos dois, que em nenhum momento demostraram arrependimento", declarou.
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