A menina de 6 anos que foi agredida e estuprada em Ecoporanga, no Noroeste do Espírito Santo, teve a morte confirmada, na tarde desta quarta-feira (19). A informação foi confirmada por familiares e pelo delegado que está à frente das investigações, Leonardo Forattini. A garota estava no Hospital Infantil em Vitória e já havia tido morte cerebral contatada no domingo (16), segundo a TV Gazeta. O padrasto, suspeito de ter cometido o crime, e a mãe dela foram presos.
Inicialmente, o pai da menina autorizou a doação dos órgãos da criança. Entretanto, o procedimento acabou não ocorrendo. O delegado pediu à Justiça que não concedesse a doação dos órgãos da menina antes que ela fizesse os exames que vão apontar a causa da morte e comprovar o abuso sexual. Segundo o delegado, esses exames são importantes para o inquérito e a falta dessas informações podem mudar o indiciamento do padrasto e também da mãe da criança.
Em contato com a reportagem de A Gazeta, Forattini explicou que os exames serão feitos em Vitória e a polícia aguarda os resultados para serem juntados ao processo. De acordo com a Polícia Civil, somente ao final das investigações a autoridade policial definirá por quais crimes a mãe e o padrasto responderão.
Na última sexta-feira (14), por volta das 2h40 da manhã, uma criança de 6 anos, acompanhada da mãe, deu entrada no hospital de Ecoporanga com lesões pelo corpo e crises convulsivas. Devido ao grave estado de saúde, a menina foi encaminhada para Barra de São Francisco, na mesma região. No hospital do município, o médico suspeitou que ela tivesse sido vítima de abuso sexual. Posteriormente, ela foi levada ao Hospital Infantil de Vitória.
O pai e o irmão mais velho da menina estão em Vitória. Dois outros irmãos, um menino de 8 anos e uma menina de 3 anos, filhos de outro pai, ficaram sob cuidados do genitor. A identidade da vítima, da mãe e do padrasto não foram reveladas para preservar as crianças.
A mãe da menina foi presa ainda no hospital. A Polícia Civil afirmou que, em depoimento, a mulher confessou que as agressões contra a vítima ocorreram na quinta-feira (13), versão que coincide com os hematomas e lesões relatados pela equipe médica: “A mãe também confessou que em data pretérita, não precisando o dia, a criança teria aparecido com a roupa cheia de sangue, mas não denunciou o estupro à polícia”, afirma o texto. A mulher foi levada para o Centro de Detenção Provisória de Colatina.
Uma operação especial precisou ser montada para prender o homem de 43 anos acusado de estuprar e agredir a própria enteada. O criminoso estava em uma área de difícil acesso e chegou a levar café e alimentos para o local. O policial militar que comandou os trabalhos conversou com a reportagem de A Gazeta e revelou os detalhes da ação. O suspeito estava na localidade de Córrego do Beirador e foi localizado na manhã do último domingo (16).
Segundo o Sargento Carnielli, as buscas começaram logo que a situação foi descoberta, na última sexta-feira (14). Equipes da PM e da Polícia Civil estiveram no local, com um mandado de prisão, mas não encontraram o homem no dia que o crime foi revelado. Os trabalhos seguiram durante todo os dias seguintes e a prisão dele foi realizada com o auxílio de denúncias, que informaram a direção em que o homem tinha entrado.
Ele foi encaminhado à 14ª Delegacia Regional de Barra de São Francisco, onde foi ouvido e encaminhado ao sistema prisional. Segundo Secretaria da Justiça (Sejus), o homem está detido na a Penitenciária Estadual de Vila Velha 5.
A Polícia Civil afirmou que o homem tem passagem por violência doméstica contra os próprios pais e por envolvimento com drogas. Segundo a Sejus, ele já tinha sido preso outras vezes entre dezembro de 2014 e agosto de 2020.
Após a publicação e repercussão das reportagens sobre a criança de 6 anos agredida e estuprada em Ecoporanga, o presidente da Comissão de Infância e Juventude do Instituto Brasileiro de Direito de Família no Espírito Santo (IBDFAM-ES), Raphael Câmara, destacou que apenas 10% desses casos são levados à Justiça e ressaltou a importância de denunciar e desconfiar de pessoas muito próximas às crianças.
"Essa triste tragédia de Ecoporanga é muito mais comum do que a gente imagina. Apenas 10% desses casos são levados ao Poder Judiciário. A subnotificação de estupros e abuso sexual contra crianças e adolescentes é muito grande no Brasil. Esse caso de Ecoporanga retrata bem isso, porque essa criança já havia sido abusada anteriormente ao que indicam as investigações, então esse dia tão importante de memória às crianças abusadas e estupradas, a única dica e súplica é denuncie. Utilize o Disque 100, para que essas crianças sejam protegidas, e mais, desconfie das pessoas mais próximas, porque são elas, geralmente, os grandes criminosos, os verdadeiros estupradores", afirmou.
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