Um mergulhador capixaba, que agia a serviço do tráfico internacional de drogas, morreu afogado na Austrália durante uma grande operação que também envolveu a cooperação de autoridades policiais do Espírito Santo, Catar e Indonésia e durou 30 dias.
De acordo com informações divulgadas pela Polícia Federal do ES na tarde desta quinta-feira (12), o capixaba foi encontrado morto no mar por moradores da região de Newcastle, na última terça-feira. Segundo a Força Tarefa de Segurança Pública do Espírito Santo — composta por policiais federais e rodoviários e por guardas civis municipais da Serra e Vitória, o mergulhador profissional era investigado em uma megaoperação de combate ao comércio de entorpecentes em larga escala. O nome dele não foi informado.
As equipes policiais afirmam que o capixaba era contratado para colocar drogas em cascos de navios, fomentando o tráfico internacional. Um australiano foi preso e outros dois envolvidos são procurados; 179 quilos de cocaína foram apreendidos na Indonésia e outros 104 na Austrália, totalizando 283 quilos da droga recolhidos.
De acordo com a coordenação da PF no Espírito Santo, a investigação começou no dia 10 de abril, ainda em território capixaba, buscando a identificação do mergulhador profissional que teria sido contratado por traficantes internacionais para a colocação de uma carga de cocaína no casco de um navio que seguiria para o exterior.
Quando finalmente a equipe responsável pelo caso conseguiu identificar o capixaba, ele já havia deixado o país em direção ao Catar. Alertados pela PF, as autoridades cataris iniciaram vigilância por alguns dias e perceberam que um segundo brasileiro, também mergulhador, se juntou ao capixaba e que ambos haviam comprado bilhetes para Bali, na Indonésia.
Com o apoio da Agência Antidrogas dos Estados Unidos (DEA), foi montada uma estrutura de vigilância no aeroporto de Bali, o que permitiu determinar o local onde a dupla estava hospedada. Após quase uma semana de acompanhamento, os homens embarcaram em um veleiro de propriedade de um cidadão francês, na companhia de dois tripulantes australianos, em direção a Austrália.
Enquanto as buscas pelo veleiro continuavam, os oficiais indonésios perceberam que um grande cargueiro havia desligado o equipamento que permite saber a localização dos navios (AIS - Automatic Identification System).
Diante da manobra incomum, a equipe se deslocou para o local de último ponto de registro do navio e encontrou uma carga de 179 quilos de cocaína submersa e amarrada em uma boia marítima. O veleiro e os tripulantes não foram encontrados. Em razão da região em que a carga de cocaína foi encontrada, solicitaram aos indonésios o compartilhamento de todos os dados e fatos com as autoridades australianas.
Alguns dias depois, o veleiro foi abordado pela Polícia Federal da Austrália na costa da cidade de Darwin. Na embarcação, que havia deixado a Indonésia, apenas um dos tripulantes australianos foi encontrado, o capitão James Blee. O filho dele, o segundo tripulante, e os brasileiros não foram encontrados.
Os dois países então continuaram as buscas pelo filho de Blee e da dupla brasileira quando, na última terça, moradores da região de Newcastle, na Austrália, visualizaram o corpo de um homem nas imediações do porto local. O capixaba trajava roupas e equipamentos modernos de mergulho.
Próximo a ele foram encontrados pacotes impermeabilizados que somaram 54 quilos de cocaína. A partir do local da ocorrência e de outros dados coletados, a polícia australiana conseguiu encontrar outros 50 quilos da droga no interior da estrutura de um navio aportado na região. Também foi possível ligar os tripulantes do veleiro abordado dias antes, bem como o outro brasileiro, à toda droga apreendida.
O capitão do veleiro, James Blee, foi preso e as buscas pelos outros dois homens continuam. Os nomes deles não foram divulgados, mas devem ser colocados na lista de foragidos internacionais da Interpol. Paralelamente, no Brasil, as investigações continuam para determinar o possível envolvimento de outras pessoas nos crimes cometidos.
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