> >
'Minha filha saiu para encontrar o namorado', diz mãe de adolescente morta

"Minha filha saiu para encontrar o namorado", diz mãe de adolescente morta

Na última quarta-feira (06), Nubia foi à casa do namorado da filha, achando que a menina pudesse estar em cárcere privado. Mas a notícia que recebeu foi mais trágica do que imaginava: a estudante estava morta e enterrada em uma cova rasa

Publicado em 7 de novembro de 2019 às 18:30

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Adolescente encontrada morta em Cariacica-Sede . (Reprodução facebook )

Desde o último sábado (02),  a faxineira Nubia Barbosa Ribeiro Cardoso, de 40 anos, iniciou a saga pela tentativa de encontrar a filha Sulamita Ribeiro Cardoso, de 15 anos, que havia desaparecido. Ela conta que a estudante saiu da Serra para encontrar o namorado em Cariacica, mas não voltou no horário combinado. Nesta quarta-feira (06), Nubia foi à residência do homem, achando que a filha pudesse estar em cárcere privado. Mas a notícia que recebeu foi bem mais trágica do que imaginava: a menina estava morta, enrolada em um lençol e enterrada em uma cova rasa.  

Muito abalada e chorando durante parte da entrevista,  a faxineira Nubia Barbosa, que atualmente está desempregada,  contou que a filha vivia um relacionamento abusivo há cerca de um ano e que ela foi morta após dizer que iria encontrar o namorado. A Polícia Civil ainda não informou a autoria e motivação do crime. O caso segue sob investigação da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), Segundo a polícia, "outras informações não serão passadas, no momento, para não atrapalhar o andamento das investigações".

Quando foi a última vez que esteve com a sua filha?

  • Foi no sábado à tarde. Ela disse que ia na casa do namorado. Falou: 'Mãe, estou indo lá na casa dele um pouco, mas hoje mesmo eu volto'. Nós éramos muito amigas. Às vezes íamos juntas no barzinho. Ela ficava lá comigo, jogava sinuca com o irmão... Então combinamos que nos encontraríamos em um bar do nosso bairro, Planalto Serrano. Eu fiquei lá sentada esperando, os ônibus iam chegando e nada dela. Até que chegou o último ônibus e ela não apareceu. Foi quando o namorado dela me mandou mensagem perguntando se ela tinha chegado em casa. Eu falei: 'Não, ela foi aí te ver. Você que sabe onde ela está'. Aí ele disse: 'Não, ela saiu da minha casa às 18 horas, eu não sei dela, não'. Naquele momento eu já desconfiei que ele estivesse a mantendo em cárcere privado. Mas jamais imaginei que ela já estava morta. Ela só tinha 15 anos (choro). Minha filha saiu para encontrar o namorado. 

Como era a relação deles dois?

  • Ele era de Vila Velha e veio para Planalto Serrano, na Serra, porque teve problemas com a criminalidade. Foi aí que eles se conheceram. Ele veio do inferno para conhecer minha filha aqui. Eu não sei a idade certa dele, mas deve ter uns 35. Ele é bem mais velho do que ela. Os dois começaram a namorar há quase um ano e ele se mudou para Cariacica, também por esses problemas. Eu era contra o namoro. Mas minha filha achava que era brincadeira. Ela gostava dele. Logo no início do namoro, eu flagrei ele sendo violento com ela. Ele queria que ela fosse em um lugar, ela não queria e ele tentou forçar, puxando a menina pelos cabelos. Eu mandei ele largar a minha filha. Falei pra ela terminar o namoro, e ela terminou. Mas logo depois ele se ajoelhou aos pés dela pedindo perdão, dizendo que ia mudar... Aí ela perdoou. Em Cariacica, ele mora em um lugar conhecido como Sabão e certa vez uma pessoa me disse que o viu dando um soco nas costas da minha filha. Ela não me contava essas coisas, só dizia que ele tava 'pagando de doido', que queria mandar nela, que não aceitava terminar. Quando ela falava que ia largá-lo, ele dizia que faria qualquer coisa por ela. Falei pra ela largar ele, que ela era muito nova, estudiosa, inteligente... Mas depois ele pedia desculpas e ela acreditava. Ele queria ser o dono dela

Como era a Sulamita?

  • Passava a maior parte do dia estudando na Escola Viva, ela nunca ficou sem estudar. Estava no 9° ano, era boa aluna, dizia que queria terminar os estudos e fazer um curso para ter uma profissão boa. Era carinhosa, atenciosa, ela era minha amiga. Se me via triste, vinha conversar. Me ligava o dia todo, queria saber se eu estava bem. Não tenho nada de ruim para falar da minha filha. Só tenho a agradecer por Deus ter me dado ela. Infelizmente a tiraram de mim (choro).

Como a senhora encontrou o corpo?

  • Fiquei quatro dias procurando pelas ruas e falando com as pessoas. Uma pessoa me disse que ela foi vista nessa região do Sabão, em Cariacica, onde o namorado dela mora. Como ele sumiu, eu decidi ir la no Sabão procurar a casa dele. Achei que minha filha pudesse estar em cárcere privado. Mas quando cheguei, na quarta-feira (06), vi a movimentação de polícia na rua. Perguntei aos policiais, falei que estava atrás da minha filha, e eles me disseram que tinham achado o corpo de uma adolescente em uma cova rasa. Ali eu já sabia que era minha filha. Mas o namorado dela não estava lá, ele sumiu e não me procurou mais. 

O que espera agora?

  • Não é fácil. Agora eu espero por justiça. O corpo estava em um quintal logo acima da casa do namorado dela. Quem matou tem que ser preso, tem que pagar. Uma pessoa que faz isso com uma menina de 15 anos é capaz de tudo. Ele não tem pena de ninguém. 

INVESTIGAÇÃO

Procurada para dizer como está a investigação do caso e se o namorado da adolescente é considerado suspeito, a Polícia Civil respondeu por nota que "o caso segue sob investigação da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), e outras informações não serão passadas, no momento, para não atrapalhar o andamento das investigações".

A PC completou que "o corpo da vítima foi localizado com o auxílio do cão Spike, do DHPP, e encaminhado para o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, para ser identificado e para ser feito o exame cadavérico".

A polícia chegou ao local onde o corpo estava após uma denúncia anônima.  Qualquer informação sobre a identificação de suspeitos pode ser feita por meio do Disque-Denúncia, no número 181. O sigilo é garantido. 

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais