A menina de 9 anos feita refém durante invasão de um jovem à escola municipal em Terra Vermelha, bairro de Vila Velha, na tarde desta quarta-feira (30), esteve na Delegacia Regional do município para ser ouvida. À Reportagem, confidenciou que a fé a manteve firme durante todo o tempo em que permaneceu com uma faca apontada para o seu pescoço. A criança, que se considera pastora mirim, afirmou que passou o período repetindo trechos da Bíblia. A pedido da família a menina não terá o nome e nem a imagem divulgada na reportagem. Confira a entrevista na íntegra.
O menino entrou na sala e, quando eu fui tentar fugir, ele ficou me cercando. Foi para o canto da sala e ficou colocando a faca no meu pescoço, falando que não ia deixar nada acontecer comigo, mas que era para eu ficar quieta. Chegou o diretor falando para me soltar porque eu sou muito nova ainda. Eu senti um pouco de medo, mas sabia que tinha Deus comigo. Minha força toda veio de Deus. E aí o policial veio, conversou com ele, falou para me soltar. Perguntaram meu nome. Os policiais falavam que podiam ajudar ele, que ninguém faria nada com ele. Confiei primeiro em Deus e depois no rapaz também. Ele estava me abraçando, mas eu estava no colo de Deus.
Eu fiquei o tempo todo falando a palavra que tem na bíblia: 'Não temas porque Eu sou contigo, Eu sou Teu Deus que te livrará de todo mal'. Eu sou uma pastora mirim, meus pais são pastores. Depois veio o psicólogo, falou que ele tinha um futuro brilhante pela frente. Ele foi e falou: 'pode ir'. Eu peguei minha mochila e fui embora. Quando cheguei lá fora, os bombeiros falaram comigo que fui muito corajosa. Ele deixou eu sair e quando vi, tinha muito policial. Ele quase pegou minha amiga, mas ela deu um chute no braço dele. Depois, os bombeiros perguntaram se eu queria dar um abraço no meu pai e eu disse que sim.
Eu ensinaria para outras crianças não desistirem de ter fé em um momento desse. Essa situação não é boa pra ninguém, mas também não é ruim. Você sabe que vai ter Deus do seu lado sempre. Você não precisa se preocupar com nada. Se você confia mesmo em Deus, se você morrer, já sabe para onde vai, para o céu. E aí vai ficar mais perto dele ainda.
Em conversa com a mãe da menina, Ana Paula, o discurso foi emocionado. Para ela, que estava trabalhando, foi um susto. "Ela transmite paz, equilíbrio. Quando recebi a notícia, falei 'meu Deus'. Eu só quero agradecer a Deus, glorificar a Ele. Eu estava no caixa trabalhando, recebi um telefonema da minha irmã. Bati o ponto, chamei um táxi e vim pra cá. Fiquei sabendo só agora (que a menina foi feita refém) quando ela tava chegando aqui na delegacia. Só quero agradecer. Ele (Deus) ensinou a ela a não ter medo. Ela tem que crer na palavra de Deus. Que isso traz segurança e benefícios para a vida toda. Só tenho orgulho dela", refletiu.
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