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Moradores contam que cão arrastado até a morte no ES era bem alimentado

Moradores contam que cão arrastado até a morte no ES era bem alimentado

Apesar dos relatos dando conta que o animal parecia saudável e se alimentava com frequência, o acusado disse que cão parecia estar doente e que por isso decidiu "sacrificá-lo"

Publicado em 13 de outubro de 2020 às 22:56

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Animal foi arrastado até a morte em Jaguaré
Animal foi arrastado até a morte em Jaguaré . (Priscila Rios)

O cachorro que foi brutalmente arrastado até a morte em Jaguaré, no Norte do Espírito Santo, vivia nas ruas do Centro da cidade. Apesar disso, ele vai fazer falta para pessoas que alimentavam o animal e tinham carinho por ele. Todos os dias, o cachorro acompanhado de um outro cão, seu fiel companheiro, se dirigia até uma calçada do Centro de Jaguaré. No local, uma moradora deixava água e ração para eles.

“Comecei com um bifinho de frango, mas quando vi que eles estavam com mais fome, coloquei ração, água, e eles ficaram por ali. E todos os dias eles recebiam água e comida”, relatou a moradora que, ainda muito abalada, preferiu não se identificar.

Sem coragem para assistir o vídeo do momento em que o animal é arrastado até a morte, a moradora repetiu o gesto diário nesta segunda-feira (13). Com muito carinho, ela preparou a ração e água para os cães. Mas no horário em que eles costumavam aparecer, nem sinal dos animais, tudo ficou do mesmo jeito. Ela chamava carinhosamente o cachorro de Caramelo. 

Moradora preparou água e ração, mas cachorro não apareceu para comer
Moradora preparou água e ração, mas cachorro não apareceu para comer . (Divulgação )

Na quarta-feira (7), ela fez os últimos registros do cachorro. Em um vídeo, ele aparece comendo ração ao lado do outro animal que sempre o acompanhava. A moradora reforçou que o cão estava saudável e não aparentava ter nenhum problema de saúde.

Outra pessoa que gostava do animal é a proprietária da loja em que o cachorro usava a calçada para se alimentar. Segundo a comerciante Priscila Rios, o cachorro era muito alegre. Ela confirma que ele parecia saudável e comia com frequência.

“Esse cachorro comia na calçada da minha loja. Ele sempre estava lá comendo, acompanhando de um outro cachorro”, relatou a empresária.

Segundo ela, a última vez que viu o cachorro foi no final da semana anterior. Na ocasião, Priscila também fez fotos do cachorro.

Para a reportagem da TV Gazeta, o comerciante Daniel Fernando de Oliveira relatou que conhecia o cachorro e também já deu água e comida para ele algumas vezes. Ele é morador da rua em que o crime aconteceu mas não ouviu nada.

A proprietária da casa que flagrou a ação do criminoso relatou que também costuma deixar água e ração para cães. Ela preferiu não se identificar.

A Associação Amigos de Pelo, grupo de voluntários que atua na proteção de animais abandonados em Jaguaré, foi quem registrou a ocorrência na polícia. A presidente da entidade, Suely Izabel Dalvi, destacou que os voluntários também tinham a iniciativa de disponibilizar locais para os animais que viviam nas ruas se alimentarem.

ACUSADO DISSE QUE ANIMAL PARECIA “COM FOME E DOENTE”

Apesar dos relatos dando conta que o animal parecia saudável e se alimentava com frequência, o acusado disse que cão parecia estar doente e que por isso decidiu "sacrificá-lo". Manoel Batista dos Santos Júnior prestou depoimento na Delegacia Regional de São Mateus e confirmou o crime.

No depoimento, ele relatou que, na noite de segunda-feira (12), saiu da casa onde estava e viu o cachorro em frente ao veículo que ele costuma usar, de propriedade da mãe do acusado. Manoel reafirmou à polícia que, aparentemente, o animal estava doente "como se estivesse agonizando ou com fome".

Manoel Batista Junior
Manoel Batista Junior na Delegacia de Jaguaré. (TV Gazeta  Norte)

Diante dessa situação, disse em depoimento que seria melhor sacrificar o cachorro. Ele utilizou uma corda de varal, que tinha dentro do veículo, para amarrar o animal ao para-choque traseiro do carro. Segundo o acusado, ele arrastou o cão por cerca de 100 metros. Logo depois desamarrou o cachorro, deixando-o do lado do meio fio. Depois do crime, ele retornou à casa dos amigos onde estava.

De acordo com a Polícia Civil, o autor do crime afirmou que não é residente em Jaguaré, que mora na cidade vizinha de São Mateus, e chegou à cidade no último sábado (10).

LEI MAIS DURA

No último dia 29 de setembro, o presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei 1.095/2019, que aumenta a punição para quem praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais. A legislação abrange animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, incluindo, aí, cães e gatos, que acabam sendo os animais domésticos mais comuns e as principais vítimas desse tipo de crime.

A nova lei cria um termo específico para esses animais. Agora, como define o texto, a prática de abuso e maus tratos a animais será punida com pena de reclusão de dois a cinco anos, além de multa e a proibição de guarda. Atualmente, o crime de maus-tratos a animais consta no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais 9.605/98 e a pena previa de três meses a um ano de reclusão, além de multa.

A lei sancionada também prevê punição a estabelecimentos comerciais e rurais que facilitarem o crime contra animais.

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