Uma ação da Polícia Militar no bairro São José, na Grande São Pedro, na noite desta quinta-feira (19), terminou em confusão e com a prisão de três irmãos. Os policiais foram para a localidade após a morte de um adolescente de 16 anos.
Em entrevista coletiva concedida na manhã desta sexta-feira (20) para explicar o ocorrido durante a ação, o capitão Seschin, da Polícia Militar, afirmou que durante o reforço no policiamento após o homicídio, militares receberam uma denúncia de que um homem estaria andando armado na Rua São Paulo – conhecida como "Beco da Sorte".
Segundo o capitão, os militares foram recebidos por populares de forma ríspida e um homem proferiu ofensas mais duras aos policiais. O indivíduo então recebeu voz de prisão, mas as duas irmãs dele tentaram impedir a ação policial e também foram presas.
"Os policiais deram voz de prisão a esse indivíduo. Ele fugiu da guarnição, correu e tentou entrar em casa. No portão, os policiais conseguiram fazer a detenção e, nesse momento, duas mulheres que estavam na casa desceram e começaram a agredir fisicamente os militares, impedindo que a prisão fosse realizada, aí o homem fugiu para dentro de casa", contou o capitão Seschin.
Dentro da residência foram encontradas seis buchas de maconha e uma balança de precisão.
Vídeos enviados à reportagem de A Gazeta mostram policiais militares efetuando tiros de bala de borracha, usando spray de pimenta e ainda entrando na casa dos irmãos. O beco onde a residência fica é o mesmo onde um jovem foi morto por policiais militares em abril de 2022.
Moradores da região criticaram a forma como os policiais entraram na residência e chamaram o fato de invasão. Sobre isso, o capitão Seschin afirmou que a entrada dos militares é permitida, pois houve uma situação de "flagrante delito".
"Eles entraram para fazer a prisão, bem como das duas mulheres que não deixaram a ação policial acontecer. Inclusive, um vaso de planta foi arremessado contra o policial militar. Por sorte, não atingiu", contou.
Questionado pela reportagem sobre possíveis excessos dos militares e se a conduta dos policiais envolvidos na ação seria apurada pela Corregedoria, o capitão afirmou que os vídeos mostram apenas uma parte do ocorrido.
"Os populares começaram a reagir contra a Polícia Militar, impedindo que a ação policial acontecesse, aí o procedimento da Polícia Militar é progredir o uso da força. O uso da munição de impacto controlado já foi uma sucessão de tentativas de conversa", evidenciou.
"Nesse caso, a ação policial foi legítima. O vídeo mostra só um recorte e, às vezes, o que as pessoas querem que seja mostrado. As pessoas podem vir (à Corregedoria) e contar as suas versões", finalizou.
O reforço no policiamento na região ocorreu após a morte de um adolescente de 16 anos, na noite dessa quinta-feira (19). Imagens que circulam na internet mostram um grupo de jovens carregando Rodrigo Eduardo da Silva. O menor foi levado ao Pronto Atendimento (PA) do bairro, mas morreu após dar entrada na unidade.
No corpo do rapaz havia 17 perfurações. Rodrigo foi baleado na Rua São Paulo, por volta das 19h. Ele estava com um grupo de amigos quando foi surpreendido por criminosos. Testemunhas relataram à reportagem que bandidos já chegaram na via atirando contra o adolescente.
A rua onde aconteceu o crime fica bem perto da unidade da Polícia Militar no bairro. Os policiais fizeram buscas, mas não encontraram os suspeitos.
Durante a coletiva nesta sexta-feira, o capitão explicou que a região passa por uma disputa no controle do tráfico de drogas. "Estão ocorrendo tentativas de homicídio, disparos de arma de fogo, mas a Polícia Militar está dando uma resposta, como a ação de ontem", alegou.
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