Um homem de 35 anos foi preso pela Polícia Militar na manhã desta terça-feira (19), no Morro do Moscoso, em Vitória, com armas e um colete balístico. Rafael Siqueira é apontado como gerente do tráfico do local e, segundo a corporação, aparece em vídeos divulgados nas redes sociais ostentando armas junto com outros suspeitos de tráfico.
Em um dos vídeos, Rafael Siqueira aparece ao lado de um homem que seria o chefe do tráfico do Morro do Moscoso, de acordo com o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Douglas Caus.
“O vídeo que está rolando nas redes sociais foi gravado no Moscoso, onde indivíduos chamados Manolo e Rafael, gerentes do morro, estavam ostentando armas e mandando recados ameaçadores a gangue rival, do Morro do Cabral. Hoje (19) de manhã, a Polícia Militar já deu uma importante resposta, prendendo Rafael, que estava no vídeo ostentando armas. Ele foi preso com pistolas com carregadores cheios, além de carregadores de fuzis”, explicou Caus.
De acordo com informações da PM, após os intensos tiroteios que aconteceram no entorno do Centro de Vitória entre a noite de segunda-feira (18) e a madrugada desta terça-feira, que deixou moradores assustados, o policiamento foi reforçado na região para reprimir as ações dos criminosos.
Na manhã desta terça-feira, militares em patrulhamento no Morro do Moscoso realizaram abordagens na região e Rafael acabou sendo detido. Com ele, os policiais encontraram armas, carregadores e um colete balístico.
Com o suspeito, a PM apreendeu uma pistola com numeração raspada junto a dois carregadores – com 5 munições intactas, uma pistola de origem italiana sem munições, dois carregadores, sessenta munições, uma capa de colete balístico, duas placas de colete balístico, quatro aparelhos celulares e uma sacola contendo cocaína.
O comandante ainda afirmou que o policiamento na região continua reforçado com a Força Tática, o Batalhão de Ações com Cães e o Batalhão de Missões Especiais.
O material e o suspeito foram encaminhados para a 1ª Delegacia Regional de Vitória. A reportagem de A Gazeta demandou a Polícia Civil para detalhar a autuação de Rafael e, assim que houver retorno, este texto será atualizado.
Durante a noite de segunda-feira (18) e madrugada de terça-feira (19), intensos tiroteios deixaram moradores de bairros no entorno do centro de Vitória assustados. Os confrontos armados foram registrados em quatro comunidades da região central da Capital: Piedade, Alagoano, Moscoso e Cabral.
Traficantes das comunidades do Romão e do Alagoano teriam invadido as comunidades do Moscoso e Cabral e promoveram um ataque, disparando várias vezes contra rivais. Não houve registros de vítimas. Os relatos de tiros na região ocorrem desde domingo, segundo moradores.
Em entrevista à TV Gazeta no início da tarde desta terça-feira, o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), coronel Marcio Celante Weolffel, afirmou que há um trabalho forte de inteligência na Sesp, nas policiais Civil e Militar, que desenvolverá operações para prender e identificar os criminosos por trás desses tiroteios
Os tiroteios registrados em comunidades da região central de Vitória trouxeram à tona um problema que já aterrorizou moradores do Morro da Piedade. O Instituto Raízes, que desenvolve ações sociais na região, relembrou a onda de violência de 2018 que fez com que moradores abandonassem casas, deixando um rastro de destruição.
Naquele ano, o acirramento da guerra do tráfico de drogas no Morro da Piedade fez com que 32 casas abandonadas e 93 pessoas deixaram o bairro. A área conhecida como "Seu Queiroz", no alto do morro, foi a que sofreu o maior impacto, com 90% dos moradores deixando as residências.
Em nota divulgada na manhã desta terça-feira, o Instituto aponta que os tiroteios e as disputas entre facções criminosas rivais traz a lembrança do medo que ficou instaurado em 2018.
Conforme o Instituto, o cenário de terror vivido naquele período está se repetindo, com famílias já pedindo ajuda para deixar o bairro. Ainda cita a falta de efetividade das políticas públicas, relembrando a instalação da base da Polícia Militar no bairro e questionando os resultados trazidos pela presença da polícia na região.
O Instituto ainda afirma que vai acionar a Prefeitura de Vitória, o governo do Estado e a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) para pedir ações de proteção à comunidade.
Os tiros que invadiram novamente os morros do Centro de Vitória pela segunda noite seguida, faz com que a situação desastrosa de 2018 volte aos pensamentos dos moradores das comunidades e gera mais medo e terror em quem vive por aqui. Em 2018, metade dos moradores da Piedade e de outras comunidades deixaram suas casas com medo. Esse cenário volta a se repetir, possuímos uma lista com mais famílias pedindo ajuda para deixar o local.
Estamos sem a efetividade das políticas públicas, especialmente os demandados pela comunidade através do Plano de Ação 15. As famílias a noite toda acordada, crianças chorando, se escondendo embaixo da cama e esses ataques ocorrendo a madrugada toda.
Foram tiros, efeitos de bomba, gritos e invasões de casas registradas nesta madrugada.
Fica a pergunta de todos: quem protege os cidadãos que vivem nestas comunidades? Quais as medidas que são adotadas para esta proteção? Porque a Base da Polícia Militar não faz mais as rondas diurnas e noturnas na comunidade? Quais são os resultados do trabalho dessa Base? Essas são as perguntas iniciais, de outras várias que temos.
No último final de semana tivemos vários momentos de alegria e confraternização entre as comunidades, como torneio, festa nas escolas e nas comunidades fazendo todos circularem entre os bairros, e lamentavelmente essa situação acontecendo.
Nos juntamos às inquietações dos moradores e das comunidades e vamos ainda hoje acionar a Prefeitura de Vitória, o Governo do Estado e a Secretaria Estadual de Segurança Pública para respostas e ações protetivas e sociais para todos deste território.
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