A colisão que arremessou o motoboy Glênio Alves da Terceira Ponte não foi gravada pelas câmeras presentes na via. O secretário de Mobilidade e Infraestrutura, Fábio Damasceno, contou, em entrevista à Rádio CBN Vitória, que as imagens de monitoramento pegaram somente os momentos antes da batida, quando a condutora começa a diminuir a velocidade e desvia para a linha verde.
Logo após a mudança de faixa ocorre o acidente, mas o exato momento da colisão ocorreu em um ponto cego das câmeras e não há registro em imagens de quando o carro e a moto batem, segundo a Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura.
Apesar de não ter sido gravada, o delegado Maurício Rocha, titular da Delegacia Especializada de Delitos de Trânsito (DDT), em entrevista concedida à TV Gazeta, detalhou a dinâmica do acidente.
O chefe da DDT explicou que a condutora, que não teve o nome divulgado, descia no sentido Vila Velha. Devido a um congestionamento, o veículo à frente ao dela ficou retido e para não colidir ela jogou o automóvel para a pista exclusiva de motociclistas e veículos de transporte de passageiros.
Mesmo sem o registro visual, a condutora pode ser indiciada por homicídio culposo pela forma de conduzir o veículo. “Já é um fato concreto. Essa manobra indica imprudência por parte dela, e isso já é um motivo para ser indiciada”, informou o delegado.
A reportagem tenta localizar a defesa da motorista e o espaço para um posicionamento segue aberto.
O ponto cego não representa falta de câmeras no local para a pasta de mobilidade. Desde o término da concessão da gestão da Terceira Ponte à Rodosol, em dezembro de 2023, a quantidade de equipamentos de monitoramento instalados dobrou.
No final do ano passado eram 10 câmeras em operação e atualmente a via possui 22, com registro de zoom para visualização mais precisa dos trechos. A Semobi disse que a previsão é de instalação de novas câmeras até o fim de 2024, não só na Terceira Ponte, mas também em toda a extensão da Rodovia do Sol.
Está nos planos um retorno do monitoramento da movimentação na Terceira Ponte. A Semobi e a Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb), órgãos que realizam juntos a gestão da via, planejam disponibilizar um sistema de acesso em tempo real à população da principal ligação viária entre Vitória e Vila Velha.
O serviço já existia quando a concessão estava com a Rodosol, porém ficou indisponível com o fim do contrato. Apesar do projeto existir, ainda não há data para começar a funcionar.
O plano da pasta é de começar a usar as filmagens para monitorar o condutor que passar pela linha verde sem estar dentro dos critérios dos veículos autorizados. O local é exclusivo para motociclistas, táxis, ônibus e caminhões de até 15 toneladas.
O veículo que não estiver dentro das regras definidas terá as imagens enviadas ao Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran-ES). “A gente consegue captar a placa do carro e vai direto para o Detran e o Batalhão de Trânsito faz a autuação direto para o motorista”, explicou Damasceno À CBN Vitória.
O caso ocorreu no dia 12 de junho, quando o motoboy descia da Terceira Ponte, no sentido Vila Velha, e foi atingido por um carro e caiu do trecho. As testemunhas informaram que ele bateu em uma árvore e caiu sobre um Toyota.
Imagens registradas por testemunhas mostram o homem no chão, desacordado, cercado por populares, e na calçada de uma rua. A moto continuou na ponte. (Veja as imagens abaixo).
A morte cerebral foi confirmada nesta terça-feira (18) pela família ao delegado Maurício Rocha, titular da Delegacia Delitos Trânsito. Segundo ele, os familiares disseram que agora aguardam os procedimentos para a doação de órgãos. Glênio era técnico em Mecânica e formado em Administração, mas trabalhava como autônomo.
Acionado pela reportagem, o advogado Edison Viana dos Santos, que representa a motorista Dalva Noia Mattos, enviou um documento assinado pela condutora em que lamenta o acidente e afirma estar à disposição das autoridades policiais. Veja na íntegra:
"Venho, por meio desta, lamentar profundamente o acidente de trânsito envolvendo Glênio Alves, e enviar meus sentimentos a seus familiares, amigos e colegas. Estamos todos muito abalados com o ocorrido. Reitero estar à disposição das autoridades policiais, a fim de prestar todos os esclarecimentos necessários para a apuração dos fatos que provocaram o acidente".
Após a publicação da reportagem, o advogado que representa a motorista enviou posicionamento sobre o caso. O texto foi atualizado
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