Completando um mês nesta terça-feira (01) desde o grave acidente na tirolesa do Morro do Moreno, em Vila Velha, que matou o engenheiro civil João Paulo Moreira dos Reis, uma nova perícia foi realizada pela Polícia Civil no local, na tarde dessa segunda-feira (31). O equipamento continua interditado e até o momento não há detidos.
Em nota enviada ao Bom Dia ES, da TV Gazeta, a PC informou que o caso segue sob investigação da Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, que está apurando as causas do incidente. As diligências sobre o caso continuam em andamento. A Polícia Civil incentiva que a população auxilie na investigação por meio da ferramenta Disque-Denúncia, no telefone 181.
No dia do acidente, o engenheiro João Paulo Moreira dos Reis havia ido ao local com a filha e uma amiga dela para aproveitar a vista na tarde de sábado. As duas desceram antes na tirolesa. Na vez dele, um acidente fez com que João Paulo morresse no local.
Além da apuração pela Polícia Civil, uma equipe do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) também investiga as circunstâncias do fato.
O acidente que matou o engenheiro João Paulo Sampaio dos Reis, no dia 1º de maio, aconteceu nos primeiros 100 metros da tirolesa do Morro do Moreno, em Vila Velha. A informação foi revelada por Giuliano Battisti, gerente de Relacionamento Institucional do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES).
Ao todo, a atividade de lazer tem cerca de 500 metros de percurso, além dos 173 metros de altura, e três bases: a de partida, a intermediária e a de chegada. "Segundo testemunhas, a vítima teria colidido com a estrutura da segunda plataforma. Se isso aconteceu, precisamos entender o sistema e como ele permitiu que isso acontecesse", comentou Giuliano Battisti.
No depoimento da Tenente Andresa, do Corpo de Bombeiros Militar, a vítima "estava de barriga para cima, arroxeada, com as pupilas dilatadas e com um trauma no lado esquerdo da face. Após os trabalhos periciais, o cadáver foi levado até o topo do Morro do Moreno e entregue à Polícia Civil", contou à ocasião.
Na porta do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), em Vitória, o pai do engenheiro desabafou dizendo que viu o filho morrer por meio de um vídeo. "Por essa gravação, já pude ver a falta de segurança do local. Alguém deve ter dito que era seguro. Mas ele foi vítima de um erro grosseiro", afirmou João Reis. As imagens citadas não foram divulgadas pelo familiar nem pelas autoridades envolvidas no caso.
Cunhado da vítima, Antônio Carlos da Silva Bueno contou que o vídeo mostra João Paulo descendo em alta velocidade. "Ele desce de uma forma bastante veloz e muito violenta, e você não percebe um cabo de segurança que é utilizado pela tirolesa para frear esse movimento, tal como acontece nas outras descidas que normalmente nós vemos por aí. Nesse momento, ele bate de uma forma bem violenta naquela base secundária".
"Você percebe ele se chocando com essa estrutura e o equipamento que segura ele naqueles dois cabos principais por onde eles descem, aquilo se rompe e até por isso mesmo que provavelmente aquele pedaço de equipamento que foi encontrado é parte do equipamento do João Paulo", analisou o cunhado da vítima.
O fragmento ao qual o farmacêutico menciona foi encontrado na segunda-feira seguinte ao fato (dia 3 de maio) durante vistoria realizada pela equipe do Crea-ES. O trabalho foi acompanhado com exclusividade pelo fotógrafo Fernando Madeira, de A Gazeta.
Ainda no início do mês de maio, o gerente de Relacionamento Institucional do Crea-ES, o engenheiro civil, ambiental e de segurança do trabalho, Giuliano Battisti e o gerente de fiscalização do Conselho, Leonardo Leal, estiveram no Morro do Moreno. A equipe do Crea-ES apura as possíveis causas do acidente.
Inicialmente com um registro de engenharia de Goiás, João Paulo tinha licença para atuar como engenheiro no Espírito Santo desde 2012. Morador de Vila Velha, ele deixou uma filha, um filho e a esposa.
De acordo com o boletim de ocorrência do caso, um dos donos da tirolesa, o cabo do Corpo de Bombeiros Geovane Lutes Rodolfo, teria se negado a entregar os equipamentos de segurança – como capacete e cintos – que estariam no corpo da vítima.
Já no dia 04 de maio, três dias após o acidente, um dos três sócios do empreendimento radical no Morro do Moreno negou que houve recusa por parte do militar e societário. Sócio-administrador da tirolesa, Alex Magnano disse que todo o material foi entregue à perícia da Polícia Civil e que a empresa colabora com as investigações do caso. O cabo foi quem chegou ao local e socorreu o engenheiro civil antes da chegada do Corpo de Bombeiros.
Alex Magnano explicou ainda que a tirolesa estava em condições de uso e, há poucos meses, havia passado por uma inspeção, sem que nenhuma anormalidade tivesse sido detectada. Segundo o sócio, a frenagem utilizada na descida da tirolesa é idêntica à usada pelos praticantes de rapel, em que uma corda é passada por dentro de um equipamento conhecido como freio 8, que por meio do atrito (entre a corda e o equipamento), realiza a frenagem da pessoa.
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