Familiares de Gabriel Ferreira, 21 anos, morto durante uma abordagem da Polícia Militar no bairro Andorinhas, no último sábado (14), rebatem a versão da PM e dizem que ele não reagiu. Durante o velório do jovem, realizado neste domingo (15), a irmã do rapaz, Amanda Freitas, afirmou que ele se rendeu durante o patrulhamento, mas, mesmo assim, foi atingido por um disparo.
"Renderam ele, ele simplesmente levantou as mãos, abaixou, porque não estava com nada, e falou que não estava com nada. Simplesmente os policiais foram para cima dele e atiraram nele. A nossa dúvida é: por que fizeram isso? Se ele fez o procedimento certo, se ele abaixou do que jeito que tem que abaixar, por que eles atiraram?", questionou.
Amanda disse ainda que a PM foi negligente. "O policial que atirou ficou tão nervoso, querendo botar a luva, que já colocou ele no camburão atrás, sem o menino estar podendo respirar, baleado. Talvez até por isso o menino morreu", disse.
A população ficou revoltada após o ocorrido. Um vídeo gravado por moradores, que a reportagem de A Gazeta teve acesso, mostra um tumulto e, nas imagens, é possível ver um policial atirando para cima. Em outra imagem, os moradores dizem que os PMs colocaram o jovem morto na viatura.
À reportagem da TV Gazeta, moradores que não quiseram se identificar disseram que Gabriel havia se rendido. "O rapaz ajoelhado com a mão pra cima. Quando eu olhei para trás, ele caído. O policial deu um monte de tiro", disse uma moradora.
Outro afirmou que em momento algum ele reagiu. "Ele já veio com a mão levantada pra cima. Aí eles pegaram e atiraram nele. Em momento algum ele reagiu, porque no meu terraço dá pra ver tudo", contou.
O pai do jovem, Gilcimar Ferreira, disse que o rapaz trabalhava com ele em uma empresa de internet. Desolado, afirmou que vai buscar justiça. "Nós estamos acionando um advogado, estamos acionando o Estado e a gente vai ver o que pode ser feito. Se houver alguma coisa que for feita na lei, a gente vai procurar a lei", disse.
Em nota enviada após o ocorrido no último sábado (15), a PM informou que durante o patrulhamento no bairro Andorinhas, em Vitória, policiais militares se depararam com um individuo apontando uma arma de fogo contra a equipe. Diante de tal situação foram efetuados disparos contra o suspeito que foi atingido e socorrido prontamente socorrido ao Hospital de Urgência e Emergência, mas ele não resistiu aos ferimentos e morreu. Ainda de acordo com a nota, um resolver calibre 38 foi apreendido com o indivíduo baleado.
Procurada novamente nesta segunda-feira (16), a Polícia Militar informou, também por nota, que a Corregedoria da Corporação instaurou Inquérito Policial Militar para apurar a ação, como de praxe em qualquer ocorrência que envolva disparo de arma de fogo por parte de militares. Disse também que não emitirá novos comentários, até que surjam novos fatos.
Já a Polícia Civil informou que o caso segue sob investigação. Diligências estão em andamento e informações adicionais, ainda, não serão passadas para não atrapalhar a apuração do fato.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado de Justiça (Sejus) questionando se Gabriel Ferreira, 21 anos, filho de Gilcimar Ferreira, possuía passagem pelo sistema prisional. A secretaria informou que consta entrada no sistema no dia 31/01/2017 e um alvará no dia 11/01/2019, pelos crimes dos artigos 157 (roubo) e 180 (receptação).
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