Os tiros que mataram duas pessoas e deixaram outras duas feridas assustaram os moradores da Ilha do Príncipe, em Vitória, na noite deste sábado (21), por volta das 18h20, no local conhecido por "Beco da Dona Elza". Elias Barbosa Neto, 27 anos, morreu no local. Breno Rosa Guimarães, de 21 anos, chegou a ser socorrido e levado para o Hospital São Lucas, mas não resistiu aos ferimentos de bala.
Segundo pessoas que moram na região do crime, as vítimas assistiram ao jogo do Flamengo contra o Liverpool em um bar, e depois seguiram para o beco, ao final da partida. Naquele momento, duas pessoas chegaram a pé atirando. A motivação do crime ainda é desconhecida pela polícia, que investiga o caso.
Na manhã deste domingo (22), a mãe de Breno, Michelle Viana Rosa Klein, de 36 anos, esteve no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória para fazer a liberação do corpo do filho. Ela contou que ainda na noite de sexta-feira (20) o filho havia dito que sairia no sábado cedo para jogar bola com amigos, e assim fez. O jovem, contudo, não retornou para casa.
Ela acrescentou que o filho trabalhava como autônomo e, atualmente, morava em São Torquato, Vila Velha, com ela, o padrasto, três irmãos, a esposa e os dois filhos de 1 e 3 anos. No entanto, ele frequentava a Ilha do Príncipe porque já chegou a morar lá e tinha amigos na região. Ela não sabe o que poderia ter motivado o assassinato do filho.
"Ele havia saído na sexta e, quando chegou em casa, me avisou que no sábado iria jogar bola. Ele acordou, foi até meu quarto, pediu a benção, como sempre fazia, e saiu. Quando ele já estava no carro, ele me encaminhou um áudio dizendo que já estava chegando no local para jogar futebol e ainda disse que me amava. Nos despedimos e depois disso ele não voltou mais... esperei, mas ele não voltou. Já mais tarde, meu celular tocou e me avisaram que ele havia sido baleado. Cheguei no hospital e só me informaram que tinham socorrido. Depois vieram me avisar que ele tinha ido a óbito", contou Michelle.
Pouco depois de sair de casa, às 4h55, Breno enviou um áudio para a mãe pelo WhatsApp. Nele, o filho declarava o amor que sentia por ela. "Beijo, mãe, te amo. Eu já estou chegando aqui na Ilha", dizia Breno na mensagem. Depois disso, eles não se falaram mais.
Michelle cuidava da filha mais velha do filho, que tem três anos, quando recebeu a informação de que o filho havia sido baleado. "Eu estava com minha netinha mais velha e minha nora havia saído com o bebê deles de um ano e dez meses. Ela foi avisada sobre o ocorrido e foi até a Ilha do Príncipe, mas o Breno já havia sido socorrido para o São Lucas. Depois disso, ela me ligou avisando", complementou.
A mãe ainda explicou que o filho era um rapaz tranquilo, trabalhava e não tinha problemas com outras pessoas. "O Breno era meu primeiro filho, um rapaz inexplicável, a gente tinha uma afinidade muito grande, um amor infinito. Tínhamos essa relação porque ele perdeu o pai muito cedo, então se apegou a mim. Era um ótimo filho, sempre me ajudou e agora, infelizmente, aconteceu essa situação. Confio na justiça de Deus e é nele que me apoio agora para poder cuidar dessas duas crianças", disse Michelle.
A outra vítima, Elias Barbosa Neto, morava na Ilha do Príncipe e trabalhava como embalador de supermercado. Ele deixou dois filhos de 8 e 5 anos . O irmão da vítima, que preferiu não se identificar, não sabe o que pode ter ocasionado o crime. "A família está abalada, ele era gente boa, humilde e brincalhão. Ele era o mais novo dos quatro irmãos", destacou.
Elias tinha passagem pelo sistema prisional e estava em liberdade desde outubro de 2015, quando deixou a Penitenciária Agrícola do Espírito Santo, em Viana, após receber o alvará de soltura. Segundo informações da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), Elias havia sido preso em outubro de 2012 pelo crime de tráfico de drogas.
Ainda de acordo com a Sejus, Breno não tinha passagem pelo sistema prisional. As outras duas vítimas baleadas foram encaminhadas para o Hospital São Lucas, no entanto, a reportagem não conseguiu informação sobre o estado de saúde delas.
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