Após curtir o carnaval em Jacaraípe, na Serra, o motorista de aplicativo Marlon Jordan Rufino Góis, de 28 anos, foi abordado por suspeitos e morto com um tiro no peito, além de levar várias coronhadas. A namorada dele tentou defendê-lo e quase acabou baleada. O crime chamou a atenção, e, no dia, testemunhas até acharam que poderia ser latrocínio (roubo seguido de morte), mas as investigações mostraram outra coisa: a vítima foi morta porque estava lutando pela guarda da filha. Os três suspeitos envolvidos no assassinato foram presos. Mas, como tudo começou?
O delegado Rodrigo Sandi Mori, chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, iniciou as investigações logo nos dias seguintes ao crime. Uma gravação flagrou o momento em que um suspeito dá várias coronhadas na cabeça de Marlon, que está jogado no chão, enquanto a namorada dele tenta impedir a violência. Aí, pela brutalidade, já ficou claro que não se tratava de latrocínio, e sim de um homicídio.
E o que motivou o assassinato? Marlon tinha uma filha de 5 anos com uma ex-namorada. As investigações mostraram que ele e a mãe da criança brigavam pela guarda da menina. O motorista de aplicativo entrou com uma ação na Justiça para obter a guarda compartilhada, visitação regulamentada e o estabelecimento de pensão justa. Na época, a ex-companheira se relacionava com Gabriel Ferreira Adão, de 22 anos.
"Gabriel ficou incomodado. Ele tomou as dores da atual namorada, que era ex do Marlon, e decidiu matar o Marlon com a ajuda de Arthur e Roger. Gabriel é um indivíduo de alta periculosidade, faz parte da gerência do tráfico do Ponto Final, em Feu Rosa, ostentava armas nas redes sociais e já era investigado por outros crimes", disse Sandi Mori.
Dias antes do crime, Gabriel chegou a ir até a casa de Marlon para tirar satisfação. Em 12 de fevereiro deste ano, os amigos de Gabriel, Arthur e Roger, estavam curtindo o carnaval em Jacaraípe. A polícia acredita que eles tenham visto o motorista e a namorada no local e avisaram ao gerente do tráfico, que saiu de casa por volta de 1h da madrugada em direção a onde acontecia o evento.
Foi aí que tudo aconteceu: na hora em que Marlon e a namorada estavam indo em direção ao carro, para irem embora, os suspeitos chegaram. Uma câmera gravou o momento das agressões e também os três chegando ao local (confira acima). Abaixo, veja o papel de cada um no assassinato, conforme as investigações da Polícia Civil:
Quando percebeu que Gabriel estava armado, Marlon foi para cima dele e os dois entraram em luta corporal. Foi nesse momento que o criminoso disparou. A vítima caiu no chão. O suspeito tentou atirar mais vezes, só que a arma mascou (falhou); mesmo com o homem já caído no chão, o bandido ainda deu várias coronhadas na cabeça dele.
A namorada do motorista conseguiu se desvencilhar de Arthur e tentou impedir as agressões. Gabriel apontou a arma para a boca dela e chegou a apertar o gatilho, mas o armamento falhou. Depois disso, os três fugiram.
Após colher depoimentos e imagens, a polícia conseguiu prender os criminosos. Roger foi capturado no dia 23 de maio, em Laranjeiras, na Serra. Ele confessou tudo e ainda delatou os comparsas.
Gabriel foi preso no dia 9 de julho, em Novo Porto Canoa. Na casa dele, os policiais ainda encontraram uma pistola embaixo do colchão onde ele dormia. Arthur foi capturado em 12 de julho, no bairro Feu Rosa.
Os três vão responder por homicídio e tentativa de homicídio, ambos qualificados por motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima. Eles já são réus.
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