Antes de atearem fogo no ônibus em Itacibá, Cariacica, na madrugada desta quinta-feira (30), os criminosos, que estavam armados, avisaram ao motorista e passageiros que o ato não era um assalto e sim uma "represália ao Estado".
O ataque aconteceu pro volta da 1h30. Quatro homens armados estavam em um carro e atravessaram o veículo na frente do ônibus, na conhecida Alameda da Frincasa, obrigando o motorista rodoviário a parar o coletivo.
O motorista do ônibus de 46 anos, e que atua na área há 19, contou que os bandidos saíram do carro e subiram no ônibus com galões de combustível.
"Não falaram muita coisa. Só avisaram que era uma represália ao Estado e que não era um assalto. Só uma represália. A gente fica muito assustado, com medo. Nunca passei por isso antes", lembra o motorista, que não foi identificado pela reportagem por questões de segurança.
Os criminosos deixaram no local um bilhete manuscrito, assinado como "sistema carcerário capixaba", reclamando das condições nas unidades prisionais e afirmando que os ataques a ônibus "vão acontecer todos os dias" se as visitas não voltarem nos presídios do Espírito Santo. "Chega humilhações, muitas torturas, cadê a Justiça?" era uma das frases deixadas no bilhete.
Apesar de não ter sido um assalto, um dos passageiros, que também é funcionário da empresa de ônibus, ficou no prejuízo: os bandidos pegaram o celular dele e jogaram no ônibus para ser queimado também. "Acho que provavelmente para atrasar a nossa ligação para a Polícia", acredita o motorista de ônibus.
Segundo a Polícia Civil, o ataque em Cariacica seguirá sob investigação da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra o Transporte de Passageiros (DRCCTP), para identificar os suspeitos envolvidos.
Procurada pela reportagem, a Secretaria da Justiça (Sejus), que administra os presídios capixabas, reafirmou que a suspensão das visitas íntimas e sociais, até pelo menos o dia 31 de julho, é um das medidas de prevenção e controle da doença. "A mudança no procedimento é analisada de acordo com o cenário e de forma gradativa a fim de preservar a saúde de todos os envolvidos no sistema prisional", destacou a pasta.
A Sejus disse ainda que preza pela segurança e ordem nas unidades prisionais e que conta com uma Diretoria de Inteligência Prisional que atua em parceria com os demais grupos de inteligência das forças de segurança no Espírito Santo para coibir ocorrências incitadas por lideranças criminosas dentro e fora das unidades. A Secretaria garantiu também que a alimentação ofertada nas unidades é baseada em padrões de qualidade, elaborada e supervisionada por nutricionistas, seguindo rígido controle de fiscalização. "Destaca ainda que não comunga com práticas de tortura de qualquer natureza e que tem como princípio o respeito aos direitos humanos. Denúncias de agressão cometida nas unidades podem ser encaminhadas à Corregedoria para devida apuração dos fatos, finalizou a Sejus"
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