Quase um ano após a queda de parapente em Viana que levou à morte o empresário Luiz Bessa, de 34 anos, na manhã de 12 de julho de 2020, o piloto e instrutor Gleidis Amorim de Azevedo, que não teve grandes ferimentos no acidente, foi denunciado por homicídio culposo pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES). O acusado responde ao processo em liberdade.
Após a conclusão do inquérito policial em novembro do ano passado, a denúncia foi recebida pela Justiça no dia 19 de março deste ano, tendo sido determinada, em seguida, a citação do acusado para ele poder tomar conhecimento do processo e oferecer resposta por escrito. Apesar disso, segundo o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), os prazos judiciais dos processos físicos retomaram apenas na última segunda-feira (12) em virtude da fase crítica da pandemia da Covid-19. Sendo assim, ainda está sendo contado o prazo para a citação do réu.
Por meio da Promotoria de Justiça Criminal de Viana, o MPES informou, em nota, que denunciou Gleidis Azevedo por homicídio culposo nos termos do artigo 121, parágrafo 3º do Código Penal, tendo se manifestado contra a assinatura de acordo de não persecução penal – o que significa dizer que o órgão entende que não cabe acordo para que o acusado deixe de ser criminalizado. O processo segue em tramitação no Poder Judiciário e aguarda expedição do mandado de citação.
Com a notícia da denúncia, o motorista Luiz Rodrigues Serafim, de 64 anos, pai da vítima, afirmou que espera que a justiça seja feita. "Antes da minha esposa falecer, três meses depois do meu filho, ela falava para deixar isso de lado. Mas o delegado finalizou o inquérito e disse que houve negligência do rapaz. E, nesse caso, uma vida foi ceifada. Também foram ouvidos depoimentos que relataram que o tempo estava muito ruim no dia do voo e que recomendaram que os dois não voassem. Alertaram diversas vezes e o instrutor quis continuar", disse.
Meses depois do acidente, Luiz Rodrigues Serafim diz que a ficha ainda não caiu. "Continuo muito triste, não me recuperei. Ele era meu único filho. Em seguida, ainda perdi minha esposa para a Covid-19. Foi muita coisa negativa, estou muito abalado até hoje. Hoje prefiro lembrar das coisas boas que ele viveu comigo, porque voltar, ele não vai. O acidente ficou muito obscuro para mim e perdi meu filho", desabafou o motorista.
Procurada pela reportagem de A Gazeta, a defesa do instrutor, realizada pelo advogado Siderson Vitorino, também piloto de parapente, se limitou a dizer que o episódio ocorrido no ano passado foi um acidente. "Não há motivo para falar em condenação para uma pessoa que já viveu uma dor muito grande, que é a dor da perda de um amigo querido, em uma fatalidade em que o piloto nada contribuiu para existir", disse.
Também procurado, o instrutor não respondeu às chamadas e mensagens deixadas pela reportagem. Esta publicação será atualizada, caso haja retorno.
O momento em que o empresário Luiz Bessa, de 34 anos, caiu de parapente enquanto realizava um voo com o instrutor Gleidis Amorim de Azevedo foi registrado em vídeo (veja abaixo). O acidente aconteceu no final da manhã de 12 de julho, nas proximidades da Rampa do Urubu, em Viana. Luiz não resistiu aos ferimentos provocados pela queda e morreu no local.
Assim que desceu, o instrutor acionou o Corpo de Bombeiros e saiu à procura do aluno. A ocorrência foi registrada por volta das 11h20. Os Bombeiros fizeram buscas na área, que é de difícil acesso, e acabaram encontrando a vítima já sem vida.
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