A segunda fase da Operação Luxor foi deflagrada nesta quinta-feira (17) pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), com o apoio da Polícia Militar, com o objetivo de apurar e coletar provas das atividades dos integrantes de uma organização criminosa que, de forma contínua, se dedica ao tráfico de drogas e crimes relacionados na Grande Vitória. Os alvos são advogados, incluindo um profissional de Guarapari, que pode ter facilitado informações entre presos e criminosos em liberdade.
Foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e 12 mandados de busca e apreensão nos municípios de Serra, Vitória, Cariacica, Vila Velha, Viana e Guarapari. Os mandados de busca e apreensão relacionados a três advogadas e dois advogados foram cumpridos com o acompanhamento de representantes da Comissão de Prerrogativas da OAB-ES, em cumprimento de decisão judicial da 2ª Vara Criminal de Cariacica-ES.
Durante o cumprimento dos mandados, um dos advogados foi preso em flagrante pelo crime de obstrução à investigação de organização criminosa; outro advogado foi detido por posse ilegal de substância entorpecente; e outra advogada, que era alvo de um mandado de prisão domiciliar e de busca e apreensão, não foi localizada em sua residência. Foram apreendidos, nos trabalhos da operação, diversos bilhetes, agendas, telefones celulares, notebooks e documentos, que serão analisados no decorrer das investigações.
A decisão judicial da 2ª Vara Criminal de Cariacica-ES, em atendimento aos pedidos formulados pelo Gaeco-Central do MPES, determinou a inclusão e aplicação de Regime Disciplinar Diferenciado - RDD a dois internos do sistema prisional, integrantes da organização criminosa investigada.
O Ministério Público informou que medidas judiciais de interceptações telefônicas e de buscas e apreensões, entre outras medidas investigativas, resultaram na obtenção de provas de tráfico de drogas, aquisição/porte de armamentos e munições, execução e planejamento de crimes de homicídio, por gestão criminosa de lideranças da organização criminosa que se encontram em presídios do Estado. Para isso, essas lideranças contam com advogados, que se utilizam indevidamente de direitos essenciais da profissão para garantir comunicação criminosa com outros integrantes que estão em liberdade e também com foragidos da Justiça.
Os trabalhos de deflagração da parte ostensiva da “Operação Luxor II” contaram com a participação, no total, de 57 policiais militares integrantes do 4º Batalhão, 6º Batalhão, 17ª Cia. Independente, 14ª Cia. Independente e Batalhão de Missões Especiais (BME), além dos militares do Núcleo de Inteligência da Assessoria Militar do MPES, que atuaram nas buscas, apreensões de objetos, prisões e conduções dos investigados.
Uma equipe policial esteve no apartamento de um advogado de Guarapari, na manhã desta quinta-feira (17), para cumprir mandado de busca e apreensão e narrou que o suspeito, além de ter demorado injustificadamente para abrir a porta, teria molhado documentos e jogado outros no lixo da cozinha e do banheiro. Suspeito de tentar ocultar provas, o profissional foi conduzido à Delegacia Regional do município para posteriores medidas.
Segundo informações de ocorrência sobre o caso, o advogado também tentou, na frente dos policiais e da representante da OAB-ES que acompanhava a ação, esconder e molhar um documento que parecia ter vindo do presídio, um chamado "catuque". Apesar de um pouco úmido, foi possível identificar que estavam escritos no papel nomes de organizações criminosas conhecidas no Estado, como do Primeiro Comando de Vitória (PCV) e da Amigos dos Amigos (ADA).
Ainda de acordo com a ocorrência, ao ser questionado sobre o teor do documento, o suspeito se limitou a afirmar que ele é um advogado criminalista. Os agentes também perguntaram onde estaria o celular do investigado, e o homem afirmou não ter nenhum. Pouco tempo depois, os policiais encontraram dois celulares jogados em um terreno que fica em frente ao prédio. Também havia sido arremessada pela janela do apartamento uma bolsa plástica com envelopes e bilhetes, que foram apreendidos para serem analisados.
Além dos celulares, também foram apreendidos um colete à prova de bala, um notebook, uma agenda e diversos documentos. A essência dos objetos indica, segundo a ocorrência, uma ligação estreita do suspeito com criminosos. Foi apreendida, ainda, uma quantia de R$ 2.969 em espécie.
A reportagem tenta contato com a OAB-ES e com a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) e, assim que houver um posicionamento, este texto será atualizado.
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