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MPES denuncia quatro pessoas pelo assassinato de perito aposentado

MPES denuncia quatro pessoas pelo assassinato de perito aposentado

Denúncia mostra que o assassinato tem ligação com o fato de o Jockey Clube, em que o ex-perito era presidente, estar em meio a um processo de venda

Publicado em 18 de janeiro de 2023 às 13:45

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Celso Marvila Lima, de 64 anos, desaparecido desde quarta-feira (3)
O corpo de Celso Marvila Lima, de 64 anos, segue desaparecido. (Reprodução/Fabrício Christ)

Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) denunciou, nesta terça-feira (17), quatro pessoas acusadas de envolvimento no assassinato do ex-perito da Polícia Civil e presidente do Jockey Clube, Celso Marvila Lima. 

Em dezembro, a Polícia Civil concluiu que o perito, de 64 anos, foi assassinado porque havia começado a suspender e cancelar títulos do Jockey de Clube do Espírito Santo, localizado em Itaparica, Vila Velha, o que gerou insatisfação em pessoas próximas a ele.

O ex-integrante da PC capixaba foi executado no dia 3 de agosto. O carro dele, uma caminhonete L200, foi encontrado queimado horas depois na estrada para Xuri, no mesmo município.

Utilizando-se de imagens de câmeras de videomonitoramento, a denúncia do MPES traz todo o trajeto percorrido por Marvila e pelos denunciados, momentos antes de a caminhonete da vítima ser encontrada pegando fogo em um local ermo, próximo ao Jockey Clube.

MPES denuncia quatro pessoas pelo assassinato de perito aposentado

O Ministério Público destaca que as conversas e a geolocalização dos celulares dos denunciados dão mostras claras de toda a trama armada para colocar fim à vida do perito criminal.

Os denunciados responderão por subtraírem o anel de ouro do perito e fraude processual, ao manipular de forma artificiosa o local do crime de onde foram retirados o corpo e outros vestígios e evidências.

O MPES informa que eles também podem responder pela "comprovada supressão de dados dos telefones celulares, na tentativa de dificultar as investigações, conforme comprovado nos autos do inquérito policial, e para induzir a erro peritos e juiz, produzindo efeito no processo penal", e pela ocultação do cadáver da vítima.

O advogado João Gualberto, que faz a defesa de Milton Cândido, informou que ainda não teve acesso aos autos e assim não há como se manifestar no momento. O espaço está aberto para caso os outros advogados queiram se manifestar.

Inquérito concluído pela Polícia Civil 

Uma operação da Polícia Civil ocorrida em 21 de dezembro levou a prisão de quatro suspeitos de envolvimento com o assassinato do perito

O policial militar reformado Lucas dos Santos Lage, de 35 anos, e um dos gerentes do Jockey Clube, identificado como Milton Candido da Silva Filho, de 40 anos, foram presos anteriormente. 

Até o momento, a polícia ainda não encontrou o corpo do perito aposentado e as investigações continuam. 

Motivação

Celso Marvila era presidente do Jockey Clube há cerca de um ano e passou a suspender títulos de inadimplentes e de outros sócios, pois o local estava em processo de venda de algumas áreas por valores milionários.

Segundo o titular da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, delegado Tarik Souki, o Jockey Clube já havia vendido a parte dos fundos por R$ 40 milhões e estava em processo para venda da parte da frente, pelo valor de aproximadamente R$ 140 milhões.

"Quem estava encabeçando a venda era o Celso Marvila. Ele deu início a uma cassação de títulos, onde vários foram cancelados, inclusive de uma determinada pessoa, que era muito amigo do Marvila. Ali surgiu a desavença. Era notória a desavença, ocorreram ameaças e diversas situações que fizeram com que as pessoas soubessem dessa desavença”, explicou o delegado.

Essa pessoa, conforme conseguiu apurar a reportagem de A Gazeta, seria o sargento do Corpo de Bombeiros, Wenos Francisco dos Anjos. Ele estava no Jockey Clube no dia que o perito foi morto, junto aos outros quatro suspeitos. Somente a namorada do sargento, Andressa Rodrigues Corrêa, que não estava no local no momento do crime, detalhou a Polícia Civil. 

O que diz o MPES

A reportagem de A Gazeta procurou o Ministério Público, questionando sobre o fato de a Polícia Civil ter prendido seis pessoas e o MPES ter denunciado quatro. Sobre isso, o órgão enviou uma nota, alegando que, por meio da Promotoria Criminal de Vila Velha, "informa que os nomes em tela não foram indiciados pela Autoridade Policial". Destacou ainda que a participação de outras pessoas não está excluída, conforme consta na própria denúncia ajuizada.

Posicionamento dos Bombeiros

Também em nota, o Corpo de Bombeiros Militar informou que a Corregedoria da Corporação aguarda o andamento do Processo Criminal, que tramita na Justiça Comum, para adotar as medidas cabíveis em âmbito administrativo e/ou criminal militar.

O que diz a Polícia Civil

A Polícia Civil, por meio da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, informou que na conclusão do inquérito policial, quatro pessoas foram indiciadas pelo crime de homicídio qualificado, ocultação de cadáver, furto qualificado (anel da vítima) e fraude processual. "No andamento da investigação, não foi possível juntar elementos técnicos suficientes para comprovar a participação dos outros dois envolvidos, bem como outras pessoas", afirmou a corporação.

Atualização (23/01 - 13h24): a versão anterior deste texto apresentava o nome de todos os seis presos durante as investigações da Polícia Civil, mas como não houve o indiciamento de duas pessoas, apenas os nomes dos quatro citados na denúncia foram mantidos.

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