Com chutes, socos e um facão, uma vendedora de 33 anos foi mais uma vítima de violência doméstica no Espírito Santo. O crime ocorreu na manhã de domingo (5), no bairro Ataíde, em Vila Velha, enquanto ela amamentava o bebê de um mês do casal. Segundo a vítima, a discussão começou após ela tentar impedir que o marido fosse a um bar por medo que ele gastasse todo o dinheiro da família no estabelecimento.
Durante a tentativa de evitar que o marido saísse, a mulher furou o pneu da moto do casal. Nesse momento, ele se revoltou e começou a bater nela. "Estava dando de mamar e corri para o telhado e quase caí, mas ele conseguiu me alcançar. Ele já estava com facão na mão e tentou dar uma facada no meu peito. Coloquei a mão na frente para me defender e por isso to com a mão toda cortada", narrou.
Além do corte na mão, a mulher também apresentava hematomas pelo corpo e pontos no rosto e pernas. “Eu fui para a rua e pedi ajuda, fui nos portões, mas ninguém fez nada. Só pensei nos meus filhos, que não podia morrer de jeito nenhum. Ele chegou a falar para um vizinho que ninguém ia entrar em casa e queria arrancar a minha cabeça”, desabafou em entrevista à repórter Dani Carla, da TV Gazeta.
O casal está junto há nove anos, mas a mulher não consegue se separar por medo. Apesar disso, o denunciou por duas vezes à polícia devido a agressões anteriores. Além do bebê, o casal tem duas crianças: de 7 e 8 anos. "Ele falava: ‘Ou você fica comigo ou não vai ficar com ninguém", contou.
Por não conseguir ajuda de vizinhos, a vítima ficou durante toda a manhã presa dentro de casa com o marido. Ele, de acordo com a mulher, tratou os machucados, trocou a roupa dela e pediu para “colocarem uma pedra em cima disso”.
A vendedora só conseguiu sair da casa com o apoio de uma sobrinha do agressor, que recebeu mensagens contando sobre o caso. A parente só viu o aviso no final da manhã e — acompanhada de outro familiar — foi à residência. A sobrinha do agressor revelou que foi preciso arrombar a porta da casa para entrar e ficou horrorizada ao ver a cena.
“Quando vi o telhado e ela em cima da cama, eu não aguentei. O telhado tinha um rombo. Eu não a vi apanhando, mas vi uma cena de terror. Conversei com uma conhecida que mora na rua que presenciou e disse que foi horrível”, explicou. Emocionada, a sobrinha deixou uma mensagem pedindo que todos denunciem ocorrências de violência.
A vendedora foi levada ao hospital, onde recebeu atendimento médico e depois foi à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), em Vila Velha. A Polícia Civil informou que a vítima prestou depoimento, solicitou a Medida Protetiva de Urgência (MPU) conra o marido e representou criminalmente contra ele. "A vítima também foi encaminhada para realizar exame de corpo de delito no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória. O caso segue sob investigação da Deam e até o momento nenhum suspeito foi detido”, finalizou a corporação.
A reportagem de A Gazeta questionou sobre o andamento das investigações quanto às duas denúncias anteriores feitas pela vítima, mas a PC respondeu que precisaria dos números dos boletins de ocorrência registrados pela mulher para ter acesso às informações
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