A mulher morta após levar um tiro na cabeça durante um confronto na Ilha do Príncipe, em Vitória, no domingo (18), foi identificada como Priscila Daniel, de 34 anos. De acordo com parentes dela, a vítima não tinha qualquer envolvimento com o crime e só estava passando pelo local com o namorado. Ela, que era representante de vendas em um supermercado, era do interior e estava na Grande Vitória havia um ano e meio, em busca de sonhos como conquistar o próprio apartamento.
A versão da Polícia Militar é diferente: segundo a corporação, a mulher estaria junto com um suspeito armado (que não é o namorado). Entenda, abaixo, ponto a ponto do caso e o que diz cada lado da história.
O que dizem as testemunhas
Pessoas que estavam na Ilha do Príncipe no momento dos disparos conversaram com a repórter Tarciane Vasconcelos, da TV Gazeta. Uma mulher, que preferiu não se identificar, disse que estava sentada bebendo com outras pessoas quando policiais militares subiram o morro. Uma dessas pessoas, identificada como Carlos Henrique Ferreira, teria corrido na hora que viu os agentes.
"A gente não sabe o porquê dele correr. Nisso, a polícia foi atrás dele e começou a atirar para cima do indivíduo, só que tinha um casal passando e atiraram para cima dos dois. Esse casal estava saindo do churrasquinho. Na hora que ela viu o menino correndo, ela e o namorado correram, achando que poderiam ser outras pessoas subindo ao invés de polícia, dando tiro para cima. Quando o namorado olhou para trás e viu ela no chão, ele ficou desolado", relatou a testemunha.
Priscila foi atingida na cabeça e socorrida ao hospital. O namorado dela também acabou atingido. "O policial que socorreu jogou ela dentro do camburão de qualquer forma, como se fosse um animal morto na rua. Os moradores estão revoltados", disse a testemunha. A mulher não resistiu aos ferimentos. Já o namorado está internado em estado grave, segundo a família.
O que diz a PM
A versão da Polícia Militar é diferente. Em entrevista nesta segunda-feira (19), o capitão Secchin, do 1º Batalhão, disse que tudo começou após uma denúncia de disparos na Ilha do Príncipe. "Os policiais foram averiguar, se depararam com alguns indivíduos que, ao avistarem os policias, dispararam. Policiais revidaram e eles se evadiram", comentou.
Segundo o capitão, os policiais continuaram as buscas e encontraram o mesmo homem armado, e novamente houve troca de tiros. Ele conseguiu fugir e encontrou com guardas municipais, momento em que houve novo confronto e Carlos Henrique acabou detido. Ele também precisou ser levado ao hospital, pois estava baleado.
De acordo com o capitão, o momento em que Priscila e o namorado foram atingidos teria sido na primeira troca de tiros entre o suspeito (Carlos Henrique) e os agentes. "Estamos esperando os laudos da balística, mas o que podemos afirmar é que essa mulher estava no local durante a primeira troca de tiros. Ela estava junto com o indivíduo armado. Quando a guarnição chegou, estava ela e o indivíduo que trocou o tiro, eles estavam juntos fazendo tráfico de drogas. O outro rapaz (o namorado de Priscila) estamos investigando qual é o envolvimento dele", afirmou o policial.
Questionado, já que moradores contaram outra versão, de que a mulher não estava com o homem perseguido, e sim passando pela região com o namorado, o capitão respondeu: "A gente volta a afirmar: ela estava no local junto com esse indivíduo, inclusive quando os policiais chegaram eles estavam até discutindo entre si".
Sobre o tiro que atingiu Priscila, o capitão revelou que exames de balística estão sendo feitos para identificar de qual arma partiu o disparo. A respeito do socorro dela, ele disse que os policiais agiram dentro do padrão. "Não houve nenhum 'jogar de qualquer forma', houve o socorro de forma imediata."
O que dizem as famílias
Os parentes de Priscila e do namorado dela reforçaram a versão contada por testemunhas. Disseram que o rapaz, que trabalha como auxiliar de pedreiro, é morador da Ilha do Príncipe e estava voltando para casa, após ele e a namorada saírem de uma festa e passarem em um churrasquinho, quando se assustaram com os tiros e correram.
O tiro que atingiu o auxiliar de pedreiro pegou nas costas e saiu no abdômen dele. Já Priscila foi baleada na cabeça. Segundo parentes, ela era de Conceição de Castelo, na Região Serrana do Estado. O casal estava se relacionando há cerca de dois meses.
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