Uma enfermeira obstetra é suspeita de aplicar golpes em pelo menos 18 mulheres que haviam acabado de dar à luz filhos no Espírito Santo. Segundo as vítimas, a investigada pedia uma quantia em dinheiro afirmando que era ameaçada por agiota. Depósitos feitos para a mulher variam de R$ 2 mil a R$ 20 mil.
De acordo com apuração da repórter Vanessa Calmon, da TV Gazeta, a conversa entre a enfermeira e essas mulheres começava no início do parto. Ela acompanhava a grávida por cerca de 12 horas no dia em que a vítima daria à luz bebê. Era neste intervalo de tempo que a suspeita dizia estar devendo dinheiro a agiotas.
Dias após os partos, quando as vítimas ainda estavam no puerpério, a enfermeira entrava em contato com as mães por meio de aplicativos de mensagens pedindo uma quantia em dinheiro, dizendo que continuava sofrendo ameaças de agiotas. Uma das vítimas, que prefere não se identificar, conversou com a TV Gazeta, e detalhou o que acontecia.
"Sempre contando a história que ela teve um ex-namorado, que esse homem a traiu e que era cega de amor. Usou o nome dela e fez várias dívidas. Pegou os cheques dela e trocou com agiotas e esses agiotas deixaram a dívida no nome dela", disse uma das vítimas.
Seguindo o mesmo método com todas as vítimas, a enfermeira pedia dinheiro fazendo pressão psicológica ao dizer que "orava muito a Deus para que mandasse um anjo que a ajudasse, caso contrário tiraria a própria vida".
O caso da vítima ouvida pela reportagem aconteceu em outubro de 2021. Cedendo às pressões psicológicas da enfermeira, ela transferiu R$ 20 mil para a suspeita. Recentemente, a vítima descobriu que, além dela, outras 17 mulheres foram extorquidas.
Orientadas por um advogado, elas reuniram provas em um grupo de WhatsApp. Somente de comprovantes de pagamento, são mais de R$ 40 mil transferidos para a suspeita. As vítimas também compartilham prints de conversas e áudios enviados pela enfermeira. Em uma das gravações, a suspeita chega a chorar. Ouça abaixo:
O advogado Ronaldo Carneiro está acompanhando o caso, representando as vítimas da enfermeira. "Nesse momento estamos orientando a todas pacientes que denunciem o fato e façam um boletim de ocorrência e denunciem a Coren-ES para que medidas cabíveis sejam tomadas e sejam verificados indícios graves de infração éticas", explicou.
O nome da enfermeira não foi divulgado porque o caso ainda é investigado na esfera criminal pela Polícia Civil. Mesmo assim, a reportagem da TV Gazeta entrou em contato com ela, mas a mulher não quis se manifestar.
O Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo (Coren-ES) informou que as denúncias estão sendo apuradas.
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