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Noite de tensão em Vitória tem confronto, morte, fogo e ônibus depredados

Noite de tensão em Vitória tem confronto, morte, fogo e ônibus depredados

Emanuel Nascimento dos Santos, de 18 anos, foi baleado pela PM e não resistiu; depois disso, pessoas protestaram na Rodovia Serafim Derenzi

Publicado em 29 de novembro de 2024 às 11:27

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Tiros, um jovem morto e manifestações marcaram a noite na região da Grande São Pedro, em Vitória, na quinta-feira (28). Emanuel Nascimento dos Santos, de 18 anos, morreu após ser baleado por policiais militares. Segundo a corporação, ele teria trocado tiros com os agentes. Moradores disseram que ele estava mexendo no celular quando ouviu os tiros e correu. Após o caso, pessoas desceram o morro e atearam fogo em objetos para bloquear a passagem na Rodovia Serafim Derenzi. Dois ônibus foram depredados.

Vídeos que circularam nas redes sociais (confira acima) mostram o fogo no meio da Rodovia Serafim Derenzi. Nas imagens também é possível ver o ônibus da linha 535 (Terminal de Carapina/ Terminal de Campo Grande) com o para-brisa e janelas quebradas. 

Versão da família e moradores

Emanuel Nascimento dos Santos, de 18 anos, morto pela polícia na região da Grande São Pedro
Emanuel Nascimento dos Santos, de 18 anos, morto na região da Grande São Pedro. (Acervo familiar)

A repórter Priciele Venturini, da TV Gazeta, esteve no bairro na manhã desta sexta-feira (29) e conversou com moradores. Eles disseram que Emanuel estava sentado, jogando no celular, quando uma correria começou. "Ele se assustou com o pessoal correndo, olhou para trás e começou a correr também. Ele não sabia se era polícia, se era bandido, por isso ele correu. Nesse momento a polícia disparou nele o tiro", revelou uma mulher, que preferiu não se identificar. 

Ela revelou que Emanuel foi socorrido por moradores até o Pronto Atendimento (PA) de São Pedro. "Ele não estava armado, não tem arma, ele não mexe com nada errado. Estamos numa tristeza aqui no bairro", afirmou a mulher.

A mãe do jovem estava no trabalho quando recebeu a notícia. "Olhei no celular e vi várias mensagens dizendo que os policiais subiram o morro e alvejaram meu filho, que estava tomando sorvete e mexendo no celular, com um colega, e foi alvejado nas costas. Não teve troca de tiros, todos lá sabem. Eles estarem procurando outras pessoas, dá o direito de eles chegarem no morro atirando? Encontrar o garoto na rua e meter bala? Ele tem família! Como vai ser minha vida a partir de hoje?", indagou. Ela pediu para não ser identificada. 

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Emanuel era uma pessoa muito conhecida no bairro, ele cresceu lá. Tinha muitos amigos. É muito triste, doloroso, eu queria saber até quando a polícia vai chegar no morro desse jeito

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Mãe
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Versão da PM

A versão da Polícia Militar é diferente. Eles disseram que receberam a informação de que havia um grupo armado planejando um ataque na região de São Pedro e Nova Palestina. Os agentes foram até o mirante de Comdusa e fizeram buscas por becos e escadarias, até que, segundo a corporação, três suspeitos armados atiraram. 

"Após cessarem os primeiros disparos por parte dos indivíduos, os militares tentaram avançar no terreno e realizar as buscas pelos suspeitos, que fugiram sentido a parte baixa do morro, porém os indivíduos, ainda em fuga, atiraram para trás, contra as equipes da PMES, no intuito de impedir a progressão dos policiais. A injusta agressão foi revidada", afirmou a PM. 

No caminho, foram encontrados uma pistola calibre 9mm e um celular. "A patrulha continuou progredindo na área até chegar na parte baixa do morro, onde obteve a informação que um dos indivíduos que atirou com os integrantes da Força Tática teria caído próximo a uma ladeira e sido socorrido por populares para o Pronto Atendimento de São Pedro."

Os militares foram até o PA. "A equipe médica informou que o indivíduo, de 18 anos, havia ido a óbito. Ele foi reconhecido pelos militares como um dos indivíduos envolvido no confronto", finalizou a corporação. 

Manifestação após morte

Em protesto após a morte, pessoas bloquearam a passagem na Rodovia Serafim Derenzi, na altura de Santos Reis, incendiando objetos na via. Dois ônibus foram depredados, segundo a Polícia Militar. "Um coletivo estava próximo a um ponto de ônibus, próximo a uma distribuidora de bebidas, e teve os para-brisas quebrados. O outro veículo estava próximo a um semáforo quando começou a sofrer os ataques. Este coletivo teve dois para-brisas frontais e dois laterais danificados", informou a corporação.

Apesar da PM falar sobre dois ônibus, o Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus) mandou informações apenas sobre um, dizendo que "a empresa responsável pelo coletivo informa que, na noite desta quinta-feira (28), um ônibus do Sistema Transcol foi apedrejado na Avenida Serafim Derenzi, em Vitória. Não há feridos. Para-brisas e janelas foram atingidos e ficaram destruídos. O ônibus foi enviado para a garagem para reparos".

Em nota, a Polícia Civil disse que "a ocorrência foi entregue na 1ª Delegacia Regional de Vitória. A arma apreendida foi encaminhada para o Departamento de Balística Forense, da Polícia Científica (PCIES), juntamente com as munições e o carregador. O corpo do suspeito foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), da Polícia Científica, em Vitória, para ser necropsiado e, posteriormente, liberado para os familiares. O caso seguirá sob investigação do Serviço de Investigações Especiais (SIE) do Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DEHPP), que investiga ocorrências de confronto com agentes de segurança do Estado".

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