> >
Número de feminicídios no ES em 2024 já é o mesmo de 2023

Número de feminicídios no ES em 2024 já é o mesmo de 2023

São 35 vítimas até o momento no Estado, a maioria delas assassinada pelo próprio companheiro; Serra é cidade com mais ocorrências

Publicado em 28 de novembro de 2024 às 18:07

Ícone - Tempo de Leitura 3min de leitura
Número de feminicídios em 2024 pode superar os últimos dois anos.
Espírito Santo já registrou 35 vítimas de feminicídio em 2024, mesmo número de todo o ano de 2023 . (Freepik)
Julia Camim
Jornalista / [email protected]

O número de casos de feminicídios registrado no Espírito Santo neste ano já alcançou o total atingido em 2023. Até o momento, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SESP), 35 mulheres foram mortas em 23 municípios capixabas. A quantidade de vítimas é a mesma registrada em todo o ano anterior.

Dos 32 feminicídios registrados até outubro — os dados são consolidados após o encerramento do mês —, 22 ocorreram em residências. Isso corresponde a quase 70% dos casos. A maioria foi cometida pelos companheiros das vítimas (mais detalhes abaixo).

Somente no mês de dezembro de 2023, ocorreram quatro feminicídios no Estado. Já no último mês de 2022 — ano em que o Estado também registrou 35 casos —, foram cinco.

Portanto, caso ocorra mais um feminicídio em dezembro deste ano, o ano de 2024 vai ultrapassar o número de registros dos anos anteriores e se tornar um dos anos com mais casos da série histórica — os dados começaram a ser coletados e disponibilizados no Painel de Monitoramento da Violência Contra a Mulher da Sesp em 2017, ano com maior número de vítimas desde então.

Número de feminicídios no ES em 2024 já é o mesmo de 2023

De acordo com a secretaria, os registros de feminicídio no Espírito Santo ano a ano são:

  • 2017: 42 
  • 2018: 34
  • 2019: 34
  • 2020: 26
  • 2021: 39
  • 2022: 35
  • 2023: 35
  • 2024: 35 (até o momento)

O município da Serra lidera a lista dos que registraram casos de feminicídios neste ano. Na cidade, são cinco casos até o momento. Em seguida aparecem Cariacica (4), Vila Velha (3), GuarapariJerônimo Monteiro e Venda Nova do Imigrante (cada cidade com 2 casos). Os demais municípios registraram um caso cada.

De acordo com a advogada criminalista e professora de Direito Carla Magnago, a crescente dos números “é inegável” e pode ser explicada, em parte, porque “as medidas de enfrentamento que foram tomadas não atacam o problema da violência contra a mulher na sua base, na raiz. São medidas que, pelo contrário, atacam o problema na ponta, são consequenciais”.

Aspas de citação

O problema em si é um problema cultural de violência contra a mulher, é um problema sociopolítico que deve ser enfrentado, mas ele não está sendo encarado e enfrentado dessa forma

Carla Magnago
Advogada criminalista e professora de Direito
Aspas de citação

Para Magnago, o Estado age tardiamente e não pensa em medidas que antecedem a punição. Segundo ela, essa falta de assistência e prevenção impede a redução dos casos de feminicídios, pois a mulher fica desamparada até o momento em que a violência ocorre de fato.

O caráter consequencial das diligências que visam ao combate à violência de gênero no país também pode ser um dos fatores que contribui para a ocorrência de casos no âmbito familiar e doméstico.

Considerando a relação do autor do crime com a vítima, é possível perceber que na maior parte dos casos o autor do feminicídio está, de fato, convivendo com a mulher. Dos 35 feminicídios registrados até o momento no Estado, 21 foram cometidos pelos companheiros atuais das mulheres assassinadas. Confira na tabela abaixo:

Como explica Magnago, quando o feminicídio ocorre e o criminoso é punido, há lacunas pelo caminho que deveriam ter sido preenchidas com políticas públicas preventivas. “Uma mulher foi morta, agredida, daí o Estado processa esse criminoso e prende, condena. Mas é tarde demais”.

Aspas de citação

É preciso intervir muito antes de a mulher chegar a ser ameaçada, agredida, morta

Carla Magnago
Advogada criminalista e professora de Direito
Aspas de citação

“São necessárias medidas educacionais, de encorajamento e de conscientização dessa mulher. São medidas financeiras para que essa família seja abraçada e acolhida caso o agressor seja o provedor do lar — em parte ou integralmente”, explica a advogada, ressaltando a importância da assistência financeira às mulheres que muitas vezes se vêem presas aos homens devido à dependência econômica.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais