Um dos quatro feridos da chacina no bairro Darly Santos, em Vila Velha, que deixou cinco pessoas mortas no último sábado (16), faleceu nesta quinta-feira (21). O homem, identificado pelo registro do Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes) como Renato Chagas Sales, de 41 anos, estava internado em estado grave no hospital Antônio Bezerra de Farias, em Vila Velha.
A motivação do crime, de acordo com a Polícia Civil, seria a disputa por terrenos na região. O secretário de Estado de Segurança Pública, Alexandre Ramalho, divulgou, em coletiva de imprensa na terça-feira (19), que Saulo da Silva Abner, de 25 anos, começou a planejar o crime quando um terreno que pertencia a ele na região foi invadido. O secretário acrescentou que o suspeito também havia invadido um terreno próximo.
"Esse indivíduo invade um terreno da região, sem nem saber de quem era o terreno. Mas, outras pessoas também ligadas a essa questão de posse de terreno invadem três outro terrenos, inclusive o dele. Quando invadiram o terreno dele, foi o estopim para ele planejar e arquitetar esses crimes", disse o secretário.
Ramalho também contou que o suspeito recebeu a informação de que as pessoas que teriam invadido o terreno estariam no churrasco. Ele, então, vai até o onde acontecia a festa, usa cocaína - o que, conforme Ramalho, foi confirmado pelo suspeito - e entra na casa. De acordo com o secretário, a casa era apertada e Saulo já entrou atirando.
"Na cabeça dele, ele tinha a consciência de que eram três pessoas que tinham arquitetado essa invasão do seu terreno e de dois outros próximos. Ele recebe a informação de que estariam reunidos em uma confraternização. De posse de seu veículo, ele vai até o local, identifica a casa, usa cocaína antes, relato dele. Ele invade a casa de posse de uma pistola calibre 380, era um local estreito, apertado e ele já entrou atirando. Então é uma motivação torpe para um crime tão brutal", detalhou.
Saulo foi preso o bairro Primeiro de Maio, no mesmo município, na tarde de segunda-feira (18). De acordo com a Polícia Militar, ele foi localizado após um denúncia anônima. Saulo possui passagens na polícia por tráfico de drogas, porte ilegal de armas e por infração da Lei Maria da Penha.
O titular da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Tarik Souki, explicou que o suspeito foi ao bairro para monitorar o terreno dele porque sabia que outras três pessoas tinham ocupado o mesmo imóvel.
"Ele já sabia que três indivíduos estavam invadindo o seu lote. Quando ele foi olhar o lote, passou na frente do churrasco e percebeu que os três estavam lá e então resolveu executar as pessoas, praticou aquela atitude insana, abrindo fogo", destaca.
De acordo com a polícia, o preso alegou que os alvos eram o líder comunitário e outras duas pessoas, que sobreviveram. A Polícia Civil ainda investiga de quem é a propriedade dos imóveis invadidos.
"Dois sobreviveram e um deles era o José Quirino [morreu]. Esses indivíduos corriam de um lado para o outro e, por isso, ele acabou acertando algumas pessoas. Segundo ele, a intenção era acertar três indivíduos, os demais ele acertou por acidente".
A Prefeitura de Vila Velha divulgou imagens do sistema de Muralha Eletrônico do município, que ajudou a identificar o carro do suspeito entrando e saindo do bairro onde aconteceu a chacina.
Uma das pessoas assassinadas é a professora de Inglês Elaine Cristina Machado, 49 anos. Ela foi encontrada morta ao lado de um carro, com dois tiros. Segundo o genro dela, Wagner Mendes, a mulher tinha quatro filhos e era divorciada.
“Todo mundo está de luto pelo que aconteceu. Ela morava perto de onde aconteceu o crime e segundo nos falaram Elaine ouviu muito barulho e foi lá ver o que estava ocorrendo. Minha sogra não era de participar de festas, ela nem estava lá, só ia de casa para igreja”, relatou o genro.
A outra vítima é o líder comunitário da Associação de Moradores do bairro Darly Santos, José Quirino Filho, de 59 anos, conhecido como Mosquito. Ele estava participando do churrasco e levou dois tiros na costela direita e um nas costas. Quirino era casado, tinha quatro filhos e cinco netos.
Segundo a esposa dele, Cícera Gomes, o casal tem um bar próximo onde ocorreu a chacina. "Ele tinha ido até em casa para almoçar e descansar. Por volta das 16h30 ele decidiu ir até a casa do amigo onde estava tendo o churrasco”, desabafou.
O aposentado Claudionor Liberato, de 59 anos, e José Roberto, de 54 anos, conhecido como Gordinho, também estavam participando do evento e os dois foram mortos com dois tiros cada.
A quinta vítima é Felipe dos Santos, de 31 anos. Ele foi baleado enquanto trabalhava na barraca de verduras dele, que fica na rua transversal de onde acontecia o churrasco. Ele foi socorrido, mas morreu ao dar entrada no Hospital Bezerra Antônio de Faria.
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