"O almoço está pronto?". Demonstrando frieza e nenhum arrependimento, essa foi uma das primeiras frases ditas por um jovem de 18 anos após matar a ex-namorada, uma adolescente de 15 anos. O crime aconteceu em Santo Antônio, na Serra, em setembro de 2018. Já o acusado, foi apreendido pela polícia na última quarta-feira (7) em São Patrício, mesmo município, durante uma operação da Polícia Civil, que marca os "13 anos da Lei Maria da Penha".
O acusado não pode ser identificado porque cometeu o crime quando ainda era menor de idade, aos 17 anos. Por isso, ele tem a identidade resguardada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
De acordo coma delegada Raffaella Almeida, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), a adolescente Raniely Soares dos Santos, 15, era ex-namorada do jovem. Ela teve um desentendimento com a atual namorada do acusado em meados de 2018 e as duas trocaram ofensas e ameaças na época.
"As duas tinham uma rixa e o acusado tomou as dores da atual namorada da época. Ele atraiu a ex para para uma região de matagal, afirmando que eles ficariam juntos, no dia 14 de setembro. Pensando que reataria a relação, a vítima foi ao encontro dele. Mas no local ela foi surpreendida pelo acusado, que deu um golpe estilo mata-leão em Raniely, fazendo com que ela desmaiasse. Depois, usou pedras para dar vários golpes na cabeça dela até a morte", contou a delegada.
FRIEZA E CRUELDADE
Após a ação, o jovem ainda jogou entulhos em cima do corpo da adolescente para ocultar o cadáver. Depois, foi para a casa onde vivia com a atual namorada e, com frieza, contou o crime que havia acabado de cometer. Ainda sujo de sangue, ele demonstrou que a principal preocupação no momento era a hora em que o almoço estaria pronto.
"Ele demonstrou imensa frieza. Chegou em casa sujo de sangue, enquanto a atual fazia o almoço, e com naturalidade falou: 'Você não sabe o que eu acabei de fazer: matei a Raniely'. A atual namorada da época ficou muito assustada, e o jovem completou: 'O almoço está pronto?'.
SUJO DE SANGUE
A moça já sofria violência doméstica e tinha medo dele. Ela chegou a perguntar se o jovem almoçaria sujo de sangue, mas ele não se importou e respondeu: "Depois eu tomo banho, estou com fome". E fez a refeição normalmente ainda com a sangue da vítima no corpo", conta.
Quatro dias após o assassinato, o acusado retornou ao local do crime com um suposto primo e jogou o corpo da vítima na Lagoa Falqueto, próximo ao local do crime. Logo depois, o corpo foi localizado por populares.
"Estamos investigando a participação desse familiar e, com mais elementos contundentes, os envolvidos devem responder também pela ocultação de cadáver", explicou.
PRESO NO ANIVERSÁRIO DA LEI MARIA DA PENHA
O inquérito sobre o caso foi concluído há cerca de um mês. No dia em que se completa os 13 anos da Lei Maria da Penha, a DHPM realizou uma operação para localizar o jovem. Ele foi apreendido na casa onde vivia atualmente, em São Patrício, Região de Jacaraípe, na Serra, e confessou o crime informalmente aos policiais.
"Como ele tinha 17 anos na época do crime, ele responde como menor pelo ato infracional ao crime sobre feminicídio. Ele foi internado e passará por medidas socioeducativas para ser educado a ter respeito com as mulheres. Pois o perfil dele é de uma pessoa fria, que não dá qualquer valor para a vida de um ser humano", afirmou a delegada.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta