A dentista Gabriella Anacleto Kiefer, presa no próprio consultório em Vila Velha, e o veterinário Thiago Oliveira do Nascimento são investigados por homicídio. O assassinato aconteceu em agosto de 2021, e começou dentro do terreno onde atualmente funciona a clínica dela — na época em construção. Segundo o adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, delegado Cleudes Junior, a cirurgiã e Thiago teriam matado um homem após ele invadir o espaço.
Os suspeitos eram namorados na época do crime e teriam levado o homem amordaçado até a Rodovia Leste-Oeste, na altura de Vale Encantado, no mesmo município. No local, Thiago matou a vítima, que ainda não foi identificada, a tiros. O cadáver foi localizado no dia 30 de agosto de 2021. Conforme boletim de ocorrência, ao qual A Gazeta teve acesso, a Polícia Militar foi acionada pela manhã.
O corpo do homem, que aparentava ter entre 30 e 40 anos, estava com as mãos amarradas para trás, tinha as duas pernas quebradas e perfurações de tiros na cabeça e nas costas. Havia ainda cápsulas deflagradas perto da vítima.
No dia os policiais chegaram a descrever no boletim que, pelo fato de ele ter as duas pernas quebradas, tudo levava a crer que o homem cometia furtos na região, pois esse mesmo tipo de "castigo" já foi encontrado em outros corpos de pessoas mortas por cometerem esse tipo de crime.
O namorado dela era o médico veterinário Thiago Oliveira do Nascimento. Ele foi preso em janeiro deste ano, suspeito de extorquir dinheiro de um milionário indiano. Com o suspeito, foram encontradas diversas armas e munições. Foi a partir da prisão dele que a polícia descobriu o envolvimento do casal no assassinato.
Logo após Thiago ser detido pela Polícia Federal, a Polícia Civil recebeu uma denúncia anônima que informava que o suspeito era quem teria matado o homem encontrado na rodovia. A partir dessas informações, a polícia pediu uma perícia de balística nas armas apreendidas com o veterinário.
"Nós requisitamos uma perícia de confronto balístico para a Polícia Científica e ficou comprovado que a arma de fogo que foi apreendida em posse do Tiago, foi a mesma arma utilizada no homicídio dessa pessoa não identificada", explicou o delegado Cleudes Junior.
Após essa denúncia anônima e a comprovação que a arma apreendida com o veterinário, era a mesma usada no crime, uma nova testemunha surgiu e contou toda a dinâmica do crime.
Segundo essa testemunha, que foi preservada por temer pela própria vida e que estava no local do crime no dia dos fatos, a propriedade onde hoje funciona o consultório de Gabriella estava em reforma e uma pessoa em situação de rua entrou para praticar furto o período da noite. A dentista tinha acesso às câmeras de videomonitoramento do local através do celular e viu quando a vítima chegou.
Ela entrou em contato com Thiago, que foi ao local juntamente com Gabriella. "Ela (Gabriella) ligou por saber que ele andava armado. Depois foi até o local e o encontrou lá. O Thiago se deparou com a vítima dentro do estabelecimento, o rendeu e temos relatos de populares que chegaram a ouvir gritos e tiros no local. Viram o Thiago colocando a vítima em um carro branco", disse o delegado.
Esse veículo seria o Fiat Toro, que pertencia à Gabriela. Depois, eles levaram a pessoa em situação de rua até o local onde o corpo foi abandonado. Segundo o adjunto da DHPP Vila Velha, apesar de terem sido ouvidos disparos no consultório de Gabriela, a vítima foi morta na Rodovia Leste-Oeste.
A testemunha não foi indiciada no crime, pois a polícia entendeu que ela estava com medo de Thiago e que, no momento que o homem disparou, a mesma fugiu do local.
Três dias após os fatos, Gabriella vendeu a picape. A polícia encontrou o atual proprietário do veículo e foi realizada uma perícia. Com uso de luminol, foi possível encontrar vestígios de sangue, encaminhados para exames de DNA.
A vítima ainda não foi identificada e a polícia pede ajuda para quem o reconhecer (veja acima).
A dentista Gabriella Anacleto Kiefer, de 34 anos, foi presa dentro da própria clínica em Itapuã, Vila Velha, na quarta-feira (18), investigada pelo crime de homicídio. No documento do mandado de prisão, que é público e está disponível no site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), consta que ela foi presa preventivamente.
Já no mandado de prisão ainda aparece que o médico veterinário Thiago Oliveira do Nascimento (que já foi preso suspeito de extorquir dinheiro de um milionário indiano) também é investigado pelo mesmo homicídio e, assim como a dentista, teve a prisão preventiva decretada.
Thiago foi preso em novembro deste ano, quando usava a tornozeleira eletrônica por conta da prisão de janeiro. Na época, Gabriella recebeu uma medida cautelar a proibindo de sair de Vila Velha ou manter contato com os envolvidos no crime. No entanto, no dia que a testemunha foi ouvida na DHPP Vila Velha, a dentista entrou em contato com ela e, por conta disso, teve a prisão preventiva decretada.
Gabriella foi presa dentro da clínica dela. Tanto ela quanto Thiago, optaram por se manterem em silêncio.
A reportagem de A Gazeta tenta contato com a defesa de Gabriella e Thiago. O espaço segue aberto para manifestações.
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