Em um relato emocionante publicado no site do O Globo, a mãe da grávida Letycia Peixoto Fonseca, de 31 anos — morta em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro — Cintia Fonseca contou os últimos momentos com a filha. Ela estava com a mulher quando foi assassinada a tiros e também foi baleada.
O depoimento foi feito ao repórter João Vitor Costa, de O Globo. Cintia inicia seu relato dizendo que sonhou que tudo iria acontecer com a sua filha.
“Dois dias antes, sonhei que ela tomaria um tiro na barriga e outro na cabeça. Ela agonizava no chão e me pedia ajuda. Parece que era Deus me preparando”, escreveu.
Ela diz que Letycia era o bebê dos pais. Grávida de oito meses, Hugo — o bebê que Letycia esperava — seria o complemento dela e o primeiro neto de Cintia.
“Na semana passada, ela estava de mudança. Naquele dia, marcamos com o montador para tirar um painel do apartamento antigo e levar para o atual. Ela me buscaria às 18h. Fomos eu e minha tia Simone, que tem Síndrome de Down. Na volta, ao passar em frente à minha casa, vimos dois homens do outro lado da rua e falei para ela tomar cuidado. Eu estava com medo de assalto.”
Segundo Cintia para O Globo, ela desceu e abriu o portão da casa de Simone. Ao voltar para buscar a tia que estava dentro do carro, foi quando tudo aconteceu. Ainda de acordo com Cintia, em nenhum momento os dois homens olharam para ela e já chegaram fazendo os disparos contra Letycia. A mãe viu toda a cena.
“Você vê alguém dando um tiro na cabeça da sua filha grávida e entra em desespero: corri para tentar segurar o atirador. Ele era mais alto do que eu, não consegui ter o apoio da arma, me virei e me joguei no chão; é quando ele atira em mim. Grito, grito, peço ajuda e meu tio aparece. Sentei no banco do carona e puxei a minha filha. Eu pressionava a cabeça dela e fazia respiração boca a boca, mas, quando puxava o ar, o que eu tirava era sangue”, relatou Cintia para O Globo.
Ao chegar em frente ao hospital, Cintia diz que já sabia que a filha já não estava mais viva. “Ficou pálida. Eu só pedi para que salvassem o Hugo. Ao mesmo tempo que eu criei uma esperança, não conseguia ver o Hugo com a gente, mas não sei o porquê. Ele morreu no dia seguinte.”
No relato de Cintia, ela conta que no dia do enterro, pegou o neto no colo e o ajeitou no caixão. Segundo a mãe, Letycia não tinha inimigos para sofrer o que ela chama de “bruta crueldade”.
Cintia Fonseca acredita que o atirador conhecia os horários da filha. No relato para O Globo, ela afirmou que Diogo Viola de Nadai — capixaba que é pai da criança e foi preso suspeito de ser o mandante do crime — foi professor da filha no Instituto Federal Fluminense e viviam um relacionamento de idas e vindas. Ele dizia que estava em processo de divórcio da esposa, mas, sempre que Letycia falava em conhecer a família dele, o mesmo se esquivava.
Ainda segundo Cintia, no dia seguinte à morte da filha, ao chegar ao hospital, Diogo estava dormindo. Levantou, colocou o cabelo para trás e perguntou: "Dona Cintia, tudo bom? A senhora está bem?". Cintia respondeu: "Estou bem, queria estar melhor com minha filha e meu neto, mas infelizmente... se existe um Deus, eu creio que quem fez isso vai pagar". Cintia conta que ele entrou para o quarto e não falou mais nada.
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