Parece difícil de acreditar, mas é verdade: uma cidade do Espírito Santo está há 6 anos e 3 meses sem registrar asassinatos. Estamos falando de Ponto Belo, localizada na região Norte capixaba: o último homicídio registrado por lá ocorreu em 25 de março de 2017, na zona rural.
Agora em 2023, o delegado Eduardo Mota, titular da Delegacia de Polícia (DP) da cidade, conta que só houve duas tentativas de homicídio — ou seja, as vítimas não morreram — e os dois suspeitos dos crimes já foram presos.
E a que se deve esse histórico por tanto tempo sem mortes violentas? Segundo Mota, um dos pontos-chave é o auxílio da própria população com denúncias, sejam elas anônimas ou não. "O grande êxito dessa conquista está na integração entre as polícias e a prefeitura, e também na colaboração da população com informações", destacou.
Em entrevista à reportagem, ele deu um exemplo que aconteceu neste ano: um traficante bastante conhecido em Vila Pavão, Noroeste do Estado, fugiu do sistema prisional de Linhares. Para se esconder, ele foi para Ponto Belo. "Ele achou que ia durar muito na cidade. Queria tirar onda, publicava fotos com armas, drogas. Rapidinho recebemos denúncias e ele foi preso, não chegou a ficar nem três meses aqui", detalhou o delegado.
Especialistas costumam apontar que a maioria dos homicídios tem relação com o tráfico de drogas. Mas em Ponto Belo não há essa prática criminosa? "A gente tem casos, sim", admite o delegado, mas esclarece que na cidade não há o perfil de briga entre facções rivais, por exemplo.
O major Manoel Gambarti, comandante da 19ª Companhia Independente da Polícia Militar, reforçou que a integração, com operações conjuntas, é o que contribui para a baixa nos homicídios.
"A PM tem um sintonia muito grande com outros órgãos como a Polícia Civil, Ministério Público e Poder Judiciário. Isso permite que a gente faça ações com uma rapidez e continuidade muito boa. A emissão dos mandados com celeridade contribui para que possamos fazer operações com uma frequência maior", relatou o major.
Como Ponto Belo fica perto da divisa com Minas Gerais e Bahia, há essa preocupação com relação a criminosos utilizarem a cidade como rota de fuga, por exemplo. Segundo o major, isso é monitorado.
Se não tem homicídio, quais crimes são registrados em Ponto Belo? Segundo o major da PM, furto é o crime mais comum. O delegado Mota também ressaltou ocorrências na zona rural.
"Temos um 'calcanhar de Aquiles' (ponto fraco) como todo local tem: é uma região mais afastada, perto de Minas Gerais, com mais furto a propriedade e de gado", disse.
De acordo com o major Gambarti, o policiamento nas áreas rurais foi reforçado. "Hoje a gente tem duas equipes que fazem policiamento nos distritos e visitas a propriedades rurais, também no período da noite e madrugada."
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