O secretário-geral da Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo (OAB-ES), Alberto Nemer Neto, afirmou haver uma "discrepância" entre o narrado pelos policiais militares no boletim de ocorrência e o vídeo que mostra a execução de um adolescente por um deles em Pedro Canário, no Norte do Estado, nessa quarta-feira (1). Ele ainda declarou que colocará duas comissões à disposição para tratar do caso.
"No boletim de ocorrência há uma narrativa de que houve resistência, tentativa de puxar uma arma da cintura, e pelas câmeras nada disso ocorreu, então, é de forma bem pontual que a gente verifica uma discrepância entre o que o vídeo nos mostra e o que foi narrado pelos policiais", declarou em entrevista para o repórter Caíque Verli, da TV Gazeta, na manhã desta quinta-feira (2).
"Então, vamos cobrar uma posição firme das autoridades, para que os relatos sejam fiéis ao que ocorre, não só desse caso obviamente, que as imagens demonstram, mas de todos os outros nos quais, às vezes, não têm câmera, para que seja evidenciado algo contrário do narrado no boletim de ocorrência", continuou.
Questionado sobre o que será feito pela OAB-ES, Alberto Nemer Neto explicou que a instituição detém comissões temáticas e, neste caso específico, designará duas delas para acompanhar o caso: a de direitos humanos e a de segurança pública.
Na noite de quarta-feira (1), o colunista Leonel Ximenes, de A Gazeta teve acesso ao Boletim Unificado (BU) feito pelos militares. Os policiais alegaram que, “no momento da chegada das equipes, os indivíduos perceberam a presença das viaturas e iniciaram fuga pelo telhado da casa vizinha, desobedecendo diversas ordens de parada pelos policiais”.
A ocorrência segue com a versão de que o adolescente de 17 anos efetuou quatro disparos em direção a um dos policiais que, então, fez seis disparos contra o suspeito e que não sabiam dizer quantos dos tiros acertaram o rapaz. Em seguida, é narrado que o jovem foi contido e que ficou próximo do muro, como mostram as câmeras. A narrativa dos policiais diz que ele estaria “aparentemente desarmado”.
No entanto, a ocorrência também diz que, quando um dos militares ordenou que o suspeito se virasse para “revista pessoal, o indivíduo colocou a mão na cintura, na tentativa de sacar uma arma de fogo, momento em que, para cessar a iminente injusta agressão, efetuou dois disparos com a referida arma em direção ao indivíduo, e que nesse momento visualizou o indivíduo cair no chão com a arma na cintura e foi verbalizado para ele não pegar na arma”.
Outro militar, conforme o que foi narrado, pegou essa arma, de calibre 38, com oito munições. “Informo que tentamos manter contato com o Samu, para atendimento do indivíduo baleado, mas não conseguimos. Portanto, realizamos o transporte para o Hospital Menino Jesus, no intuito de salvaguardar a vida dele”, diz trecho da ocorrência.
Foram contabilizadas seis perfurações: uma no ombro esquerdo, uma no ombro direito, uma no braço direito, uma no braço esquerdo e duas na região abdominal.
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