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Operação interdita empresa suspeita de vender até pênis de boi no ES

Operação interdita empresa suspeita de vender até pênis de boi no ES

Indícios apontam que resíduos de abates de animais seriam usados na produção de embutidos; polícia apreendeu 50 toneladas armazenadas de forma irregular

Publicado em 7 de abril de 2022 às 12:25

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Suspeita de vender restos dos abates de animais e até pênis de boi, uma fábrica clandestina na Zona Rural de Guarapari foi interditada nessa quarta-feira (6), em uma operação conjunta da Polícia Civil e do Ministério da Agricultura. Investigações iniciais apontam que esses resíduos seriam vendidos a terceiros para a fabricação ilegal de embutidos, colocando em risco a saúde dos consumidores.

De acordo com informações divulgadas na manhã desta quinta-feira (7), cerca de 50 toneladas de subprodutos de origem animal foram apreendidos, como glote, traqueia, aorta, vergalho (pênis), osso e sebo – todos armazenados de forma irregular, muitos em sacos plásticos sem identificação.

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O local não apresentava a devida condição sanitária. Os ossos armazenados estavam cheios de moscas. O subproduto congelado reforçou a hipótese de que seria distribuído no mercado clandestino de carne, podendo gerar problemas de saúde pública

Eduardo Passamani
Delegado titular da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor
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À frente da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon), o delegado Eduardo Passamani explicou que a operação teve início depois de uma fiscalização feita em um abatedouro clandestino na Grande Vitória, que apontou que partes dos animais eram encaminhadas à empresa em Guarapari.

"A preocupação inicial era tirar esse material de circulação. Agora, vamos levantar dados sobre a empresa, investigar para onde esse material estava indo e os estabelecimentos que estavam fornecendo os subprodutos, incluindo açougues na Grande Vitória, porque teriam que exigir certificados", disse.

Ainda segundo o delegado, os responsáveis podem responder por três crimes: fornecimento e comércio de produto irregular, exercício ilegal de atividade econômica, e exercício de atividade econômica sem licença ambiental. "As penas somadas podem passar de cinco anos", afirmou.

Subprodutos de origem animal foram apreendidos em empresa na Zona Rural de Guarapari(Divulgação | Polícia Civil)

De acordo com a Polícia Civil, há também indícios de que esses restos de animais fossem até exportados clandestinamente, uma vez que "têm alto valor e procura em países orientais". Uma administradora da empresa chegou a prestar depoimento, mas foi liberada, por se tratar de uma ação fiscalizatória.

"RISCOS SÃO MUITO ALTOS"

Na coletiva desta quinta-feira (7), a auditora fiscal federal Paula Matos Garcia esclareceu que, no caso de destinação à alimentação humana, essas partes dos animais são retiradas e tratadas dentro do próprio abatedouro, como outras carnes comuns, permitindo uma série de controles sanitários.

"A grande maioria dos subprodutos estavam sem rotulagem, o que pode significar que foi obtido em condições sanitárias inadequadas e sem as inspeções veterinárias exigidas por lei federal. Alguns que estavam rotulados vinham como 'produto não comestível'", relatou a especialista.

"A forma como eles estavam armazenados (congelados) indica que poderiam estar sendo destinados à alimentação humana. Se fosse para a produção de farinha, existe uma norma de que o resíduo precisa sair do abatedouro para a empresa, sem necessidade de resfriamento, em até 24 horas", continuou.

De acordo com a auditora, os riscos desse tipo de atividade clandestina são muito altos. "Sem a inspeção, o animal pode ter uma condição que traz risco de doenças como a tuberculose e infecções alimentares, como a salmonela. Não havendo condição higiênica também pode gerar atividade microbiológica", afirmou.

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