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Operação tem 14 denunciados e PM informante de traficantes preso no ES

Operação tem 14 denunciados e PM informante de traficantes preso no ES

Droga preparada pela organização, chamada de "pó virado", tinha até mármore na composição; segundo estimativa da polícia, grupo faturava entre R$ 2 milhões a R$ 5 milhões por mês

Felipe Sena

Repórter / fsena@redegazeta.com.br

Publicado em 15 de janeiro de 2025 às 12:29

Maurício Simonassi de Andrade, policial militar preso na operação
Maurício Simonassi de Andrade, policial militar preso na operação Crédito: Divulgação Sesp

A Polícia Civil divulgou, nesta quarta-feira (15), os resultados da Operação Killers, que desmantelou uma organização criminosa envolvida no tráfico de drogas e armas em Cariacica e Vila Velha, tendo conexões com outros municípios da Grande Vitória. As investigações, conduzidas pelo Centro de Inteligência e Análise Telemática (Ciat) com apoio da Subsecretaria de Inteligência (SEI), resultaram no indiciamento de 14 pessoas, denunciadas pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) à Justiça. Durante a ação, um soldado da Polícia Militar foi preso por repassar informações estratégicas a traficantes.

A organização era liderada por Adair Fernandes da Silva, o Dadá, que comandava as operações do bairro Flexal II, em Cariacica. Dadá tinha como braço direito Gideon da Silva Jorge, o Caveirinha, responsável pela gestão financeira e pela distribuição de drogas como cocaína e crack, que morreu em confronto com a polícia no domingo (12).

Segundo o relatório policial, Dadá não se considerava diretamente vinculado a nenhuma facção, mas mantinha conexões com o Terceiro Comando Puro (TCP) que tem ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC), que seria o principal fornecedor de cocaína e crack. Ainda segundo o relatório divulgado pela corporação, essa relação é consolidada "através de contatos de longa data e garantias de fornecimento regular de grandes quantidades de drogas".

As investigações também revelaram o envolvimento do soldado da Polícia Militar Maurício Simonassi de Andrade, acusado de repassar informações sigilosas à organização em troca de pagamentos mensais – cerca de R$ 5 mil.  

"O policial militar tinha relação Direta com o Adair. Ele recebia cerca de R$ 400, R$ 500 por cada informação que ia passando, chegando a R$ 5 mil por mês que ele recebia do tráfico de drogas da região do Campo do Apolo"

Delegado Alan Moreno de Andrade

Coordenador do Centro de Inteligência e Análise Telemática (Ciat) da Polícia Civil

"A ação foi fundamental para desmantelar uma organização criminosa envolvida no tráfico de drogas nos municípios de Cariacica e Vila Velha, com destaque para a prisão de um policial militar, que repassava informações estratégicas a traficantes. Além disso, foram apreendidos veículos de luxo e substâncias ilícitas durante a operação, reforçando a eficácia das investigações", destacou a Polícia Civil.

As investigações que resultariam na Operação Killers começaram em uma das vezes em que Gideon foi preso, em março de 2023. "A partir desse momento, a gente viu a necessidade de uma ação contundente no local, porque percebemos a grandiosidade do tráfico de drogas que cercava aquela região", disse o coordenador do Centro de Inteligência e Análise Telemática (Ciat), delegado Alan Moreno de Andrade.

Investigados na Operação Killers

As investigações da polícia apontam Adair Fernandes da Silva, o Dadá, como chefe do tráfico de drogas em Flexal II, em Cariacica. Logo em seguida, da cadeia de comando, estava Gideon da Silva Jorge, o Caveirinha, que assumiu o controle da organização após a prisão de Dadá, no dia 10 maio do ano passado, em um motel próximo ao Contorno de Cariacica. 

Gideon morreu em confronto com a Polícia Civil no domingo (12), após uma denuncia indicar a localização dele. Quando os policiais anunciaram a presença, ele atirou contra os agentes que, por sua vez, revidaram. Ele chegou a ser socorrido com vida, mas não resistiu aos ferimentos. 

Adair Fernandes da Silva, o
Adair Fernandes da Silva, o "Dadá", à esquerda; Gideon da Silva Jorge, o "Caveirinha", à direita. Crédito: Divulgação Sesp

Ainda na cadeia de comando estavam os "gerentes adicionais", como foram classificados pela polícia. Wemerson Rosa de Oliveira, o Boi, atuava como gerente de venda de maconha e auxiliando no preparo das drogas. Vandeilson da Fonseca Antunes, o Vandinho, era o gerente de venda de skank e haxixe, e era homem de confiança de Dadá.

Wemerson Rosa de Oliveira, o
Wemerson Rosa de Oliveira, o "Boi", à esquerda; Vandeilson da Fonseca Antunes, o "Vandinho", à direita. Crédito: Divulgação Sesp

Também foi apurado o envolvimento do soldado Maurício Simonassi de Andrade, identificado como membro ativo da Polícia Militar. No relatório consta que ele tinha histórico de irregularidades menores. Ele fornecia informações sigilosas, incluindo rotas de patrulhamento, horários e alerta sobre operações policiais, permitindo, segundo a Polícia Civil, que a organização evite a apreensão de drogas e dinheiro.

Maurício já havia sido preso no dia 7 de novembro do ano passado. Como noticiado por A Gazeta, na época, o agente chegava a enviar a escala de serviço dos policiais do 7° Batalhão da corporação, para que os criminosos ficassem "atentos" a quem estava fazendo patrulhamento nas ruas.

Além deles, outros membros da organização tinham ligações com o tráfico de drogas na Grande Vitória. 

  • Carlos Eduardo Silva Correa, conhecido como "Lambão" - auxiliava no preparo e venda de drogas. Permitia uso de sua conta bancária;
  • Matheus Martins Barbosa, conhecido como "Gaguinho" - ocultava veículos adquiridos com dinheiro do tráfico em seu nome;
  • Sidney dos Santos Nunes, conhecido como "Nego Sidney" - preso, mas mantém participação no tráfico de drogas;
  • Ederson Braga Paradela - em sua residência foram encontrados armas, munições e entorpecentes;
  • Eduardo Lucas dos Santos Oliveira, conhecido "Duduzinho" - atual chefe do Morro do Quiabo, em Porto Novo. Recebia armas, drogas e insumos do grupo de "Dadá";
  • Marcos de Jesus Bispo, conhecido domo "Chapinha", - auxiliava no preparo e na venda de drogas;
  • Ruan Lourenço Correa, conhecido como "Marola" - auxiliava na venda e preparo de entorpecentes;
  • Robson Rodrigues, conhecido como "Robinho" - traficante de grande expressão na Serra. Tinha relações comerciais com "Dadá". No momento de sua prisão, foi encontrado "farto material bélico";
  • Carlos Victor Hugo de Oliveira, conhecido como "Coroa Mel" - revendia aparelhos telefônicos para o grupo de "Dadá", além de habilitar linhas em seu nome, para facilitar a comunicação do grupo;
  • José Candido Javarini Filho, conhecido como "Dé de São Pedro" - chefe do tráfico na região de São Pedro. Fazia vultosas transações financeiras com "Dadá".

Drogas tinham até pó de mármore

Durante a operação, foram apreendidas grandes quantidades de drogas e armas. Segundo o delegado Alan, a organização preparava o chamado "pó virado". "Eles moíam crack e adicionavam ácido bórico, remédios de tarja branca, fermento em pó e até mesmo pó de mármore. Faziam esse preparo e vendiam os usuários como cocaína", explicou o delegado. 

Detalhes da Operação Killers foram divulgados em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (15).

Nas imagens divulgadas durante a coletiva, é possível ver os criminosos manipulando cerca de 100 Kg de cocaína. "A gente tem confirmação de que o chefe(Dadá) fazia compras na casa dos R$ 2 milhões de drogas. Ele trazia essa droga de São Paulo, da região de Paraisópolis na capital paulista", destacou o delegado Alan. 

Armas, drogas e um carro de luxo: apreensões feitas durante Operação Killers
Armas, drogas e um carro de luxo: apreensões feitas durante Operação Killers Crédito: Divulgação Sesp

Impacto na comunidade

A Polícia Civil estima que mais de 100 mil pessoas tenham sido impactadas pela violência e atividades ilegais da organização, incluindo a ameaça constante à segurança e o aumento da criminalidade.

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